Quem Lê
“(...) Um poeta pode ser tanto quem escreve quanto quem lê; um poeta pode ser tanto um analfabeto quanto um deficiente visual. Não são as palavras que caracterizam uma poesia; é o que está nas entrelinhas, é toda a beleza que depositamos nas coisas.”
Quem lê muito, só cresce em conhecimento de opiniões alheias. Sabedoria e inteligência não vem de livros.
Um livro bem lido é lição para ler os outros; a quem lê bem, cada livro lhe faz ler melhor. Mas para quem lê mal cada novo livro é alimento do vício que lhe vai roubando a vida.
Intimidade é aquele esforço manso e contínuo de decifrar o outro, como quem lê um livro de páginas antigas, o cheiro de papel envelhecido subindo e misturando-se com o café quente da tarde. É quando o olhar se detém nas entrelinhas dos gestos, nos silêncios que falam mais alto do que palavras.
Viver a intimidade é entender que o outro é um universo, e a cada dia é preciso aventurar-se em suas galáxias, percorrer suas crateras, desvendar seus segredos mais escondidos.
É querer saber qual a música que faz o coração dela bater mais forte, o que faz os olhos dela brilharem e se encherem de água. É perceber as pequenas rugas que o riso desenha ao redor dos olhos, e amar cada marca como se fosse um mapa do tesouro. Intimidade é estar presente na ausência, é reconhecer o peso das palavras não ditas, é saber a hora exata de um abraço silencioso.
É suportar as tempestades juntos, sabendo que depois da chuva o sol sempre encontra um jeito de brilhar novamente.
É respeitar os limites do outro, sabendo que não se pode invadir sem permissão, mas também é ter a coragem de mostrar suas próprias fragilidades, desnudando a alma sem medo. É aprender a linguagem do toque, do olhar, do silêncio. Intimidade é, acima de tudo, um ato de coragem e entrega, um esforço constante para conhecer o outro, em sua essência mais profunda, e amar essa essência com toda a força do coração.
Quem escreve, escreve para não morrer, quem lê, lê para imaginar que vive.
Em consequência disso, quem lê muito e quase o dia todo, mas nos intervalos passa o tempo sem pensar nada, perde gradativamente a capacidade de pensar por si mesmo – como alguém que, de tanto cavalgar, acabasse desaprendendo a andar. Mas é este o caso de muitos eruditos: leram até ficarem burros.
Só quem lê consegue viajar pelo universo e desfrutar duas vidas simultaneamente. É através dos livros que descobrimos tesouros imaginários que a vida real não nos deixa encontrar.
A Inspiração Poetal, sempre atiça a imaginação de quem lê...
Mas por vezes é apenas ins...piração...
Vamos tentar entender a "Alma Poetal"...
Ósculos e amplexos,
Marcial
A CHAMADA INSPIRAÇÃO POETAL
Marcial Salaverry
Para abordar este tema, é preciso entender que a inspiração do poeta nasce em sua imaginação, e assim, o que pode responder a uma pergunta que sempre domina a cabeça de quem lê uma poesia, ou seja o que diz respeito à veracidade ou não do texto, ou seja, se é apenas a inspiração do poeta, ou se tem algo de real no texto escrito, alguma vivencia ou algum desejo secreto... Ao lermos uma poesia de amor, logo julgamos que quem a escreveu, está apaixonado, e a está dedicando a alguém a quem ama muito. Sempre procuramos ligar a poesia a um personagem real, e invariavelmente encontramos a musa ou muso a quem ela é dedicada, por vezes colocando-nos no lugar da fonte inspiradora... Dificilmente atribuímos aquelas lindas palavras à imaginação poetal de quem escreveu, ou seja, a sua inspiração apenas.
Então se suas poesias falam de amor sensual, o (a) poeta surge a nossos olhos como alguém que conhece todas as artes do amor, e que conhece mil leitos de amor. E que todas as cenas de amor que escreve, são aventuras realmente vividas, e pode até ser que seja, ou não...Quem sabe é apenas o poeta... Esquecemo-nos de louvar o talento criativo do autor. Sua imaginação sempre fértil, que pode criar as mais sensuais situações, e que ao invés de um (a) amante insaciável, é simplesmente alguém que gosta de escrever, e que vai buscar em seu imaginário, ou em seus desejos secretos, todas aquelas cenas de paixão ardente. e assim também, quem escreve poemas amargos, relatando tristezas da vida, pode ser alguém cuja imaginação trabalha nesse sentido. E é uma pessoa feliz, e procura "amenizar" as tristezas alheias...
Palavras de um poeta, colhidas por meu guru L’Inconnu:
"Pois, nossa imaginação faz trabalhar a imaginação de quem lê, que sempre fica imaginando que as situações e os amores criados em nossa imaginação não são imaginados... São reais. Apenas nossa alma sabe dizer..."
Imagine só como seria se fossem reais todas as cenas de amor em poemas descritas... Haja imaginação, e sem imaginação, nós poetas, não seríamos nada, eis que sempre falamos do amor, da amizade ou de coisas que são belas e que gostaríamos que pudessem ser reais, e é lógico que podemos sempre levar a nossa imaginação para o lado bom, de sonhos que podem ser realizados, pelo menos no imaginativo. Nada melhor do que imaginar todos no mundo, vivendo em clima de luz, paz, amizade, amor...
Na realidade, a imaginação poetal reflete a alma do poeta, e não necessariamente sua vida pessoal. Nem sempre aquele que escreve sobre amor é um grande amante. Nem sempre aquele que exalta a felicidade e a alegria da vida é uma pessoa feliz. Nem sempre aquele que escreve sobre loucuras da vida é um insano. Nem sempre aquele que fala muito de tristezas, de dramas da vida, é uma pessoa triste e infeliz. Nem sempre aquele que escreve sobre dor de cotovelo é um desencantado da vida, pode ser uma pessoa muito feliz. Como também aquele que escreve sobre a Natureza e suas belezas pode ser um chamado “rato de arranha-céu”. Vai lá saber. É preciso entender que é o interior do poeta que fala. É sua alma, e sua criatividade. Ele cria as situações, e seu grande mérito reside no fato de que suas palavras conseguem trabalhar o imaginário dos leitores, levando-os a sentir como se reais fossem todas aquelas palavras, chegando mesmo a sentir que são a si destinadas. E não deixam de sê-lo. É a imaginação poetal, despertando a imaginação “leitoral”.
Mas é claro que muitas vezes não é apenas a imaginação. Claro que existem musas e musos. Claro que existem situações vividas. E é exatamente aí o gostoso da coisa toda. Onde estará apenas a imaginação poetal, a sua inspiração, ou apenas piração? Onde estará sua vida sendo contada? A quem tal poesia será dedicada? A mim? A você? E nesse imaginário conflito de imaginações, vamos trabalhar nossa imaginação, imaginando para nós UM LINDO DIA, ainda que seja apenas imaginativo...
"Trovando de amor falamos,
se as almas vão encontrar,
pelas trovas tambem amamos,
com amor vamos trovar...
Marcial Salaverry"
Dizendo
Eu entendo ,direi muito isso
Mas acho que o mesmo
Não pode ser dito
Por quem lê esses versos
Não disse tudo ainda
Mas já pronunciei e escrevi
Muitas e variadas palavras
Com um real sentido
Não posso mudar tudo
Mas posso fazer diferente
Quando estou consciente
Da pessoa que sou
Nada está codificado
Pelo contrário sempre deixo claro
Apenas pode parecer complicado
E talvez seja , um tanto chato
Affs... é não sei de tudo
Não é como se eu fosse saber
Mas sei que não sou comum
Porém não sou tão único assim
É engraçado como penso
A todo o meu tempo
Sempre planejando ou imaginando
Pouco tempo falando
É verdade que não tenho problemas
Com a tal solidão
Mas , no entanto
Não é como se eu adorasse isso
Afinal o que faz um ser
Se tornar um solitário?
É a incompreensão dos outros
É o individualismo e pensamentos
Mas não culpo a mim
E também a ninguém
Apenas aceitei a vida
E com ela sigo vivendo
Aqui tem partes de mim em palavras desconexas. Quem lê s meus pensamentos não lê a mim. Por vezes não falo de mim, mas de ouvir falar ou observar os transeuntes da vida que por descuido me tocam com olhares, gestos ou até palavras.
Não que isso mude o que penso e massageia ou inflame meu ego. Quem lê o que escrevo me disse que sou uma pessoa iluminada. Respondi simplesmente: Então que ele continue me mandando inspirações para que eu possa continuar iluminando as vidas das pessoas. Distribuirei de graça a luz que recebo de graça também. Amém!