Quem Inventou a Saudade
Dizem por aí que quem inventou a distância certamente não sabia o que é saudade.
Mas, digo eu que quem já enfrentou uma saudade sabe muito bem o que é amar.
A saudade é uma estrada longa.
Machuca e faz doer o coração.
Acredito que, quem a inventou não devia está em sua perfeita sanidade mental.
QUEM INVENTOU A SAUDADE?
Num cantinho da memória, entre suspiros e lembranças, lá está ela, a saudade, envolvida no fluxo do tempo como uma história antiga, um fio dourado que nos une ao passado e nos faz sentir a falta do que já foi vivido.
Mas quem teria sido o mestre de tão delicada e dolorosa invenção?
Ah, curiosidade, sente-se aqui comigo, deixe-me contar-lhe uma história que se mistura com a bruma do tempo, uma narrativa de encanto e melancolia, onde a saudade dança ao som das estrelas e se reflete nas águas serenas do rio da vida.
Havia uma vez, num tempo imemorial, um poeta errante que vagava pelas estradas poeirentas do mundo, com os olhos fitos no horizonte e o coração repleto de sonhos. Ele carregava consigo uma pena de ave rara e um frasco de lágrimas estelares, e com esses singelos instrumentos, ele tecia versos de amor e despedida, de esperança e saudade.
Certo dia, enquanto contemplava o crepúsculo tingindo o céu de tons dourados, o poeta sentiu uma dor aguda no peito, uma saudade tão profunda que parecia dilacerar-lhe a alma. E ali, sob a luz do sol moribundo, ele compreendeu que a saudade era mais do que uma simples ausência, era a presença invisível de tudo o que amamos e perdemos.
Com a sabedoria dos sábios e a sensibilidade dos artistas, o poeta decidiu dar forma àquela emoção indomável, transformando-a em palavras que pudessem ecoar através dos séculos. Ele entrelaçou a saudade com a ternura de um abraço perdido, com a doçura de um beijo nunca dado, e assim nasceu o mais belo dos sentimentos, tão doce quanto amargo, tão suave quanto cruel.
E quem teria sido esse poeta visionário, minha cara curiosidade? Alguns dizem que foi o próprio tempo, tecendo com paciência e cuidado cada fio de saudade que une os corações dos amantes separados pela distância. Outros afirmam que foi o destino, traçando com mãos invisíveis os caminhos tortuosos que nos levam de volta ao lar, onde a saudade se transforma em nostalgia e os sonhos se transformam em memórias.
Mas eu prefiro acreditar que a saudade é uma dádiva dos céus, um presente precioso que nos lembra da fragilidade da vida e da eternidade do amor. Pois só aqueles que amam verdadeiramente podem sentir saudades, só aqueles que se entregam de corpo e alma podem compreender a dor e a beleza desse sentimento tão humano e divino.
Então, minha querida curiosidade, da próxima vez que a saudade bater à sua porta, abra-a com um sorriso nos lábios e um brilho nos olhos, pois ela não é uma invenção da tristeza, mas sim uma manifestação sublime do amor que habita em cada um de nós. E enquanto houver saudade no mundo, haverá também a certeza de que o amor é eterno e imortal, capaz de transcender fronteiras, unindo para sempre aqueles que se amam de verdade.
Sempre invencíveis, inabaláveis, e por isso; irreais. Quem pode ser sempre assim? apenas alguém das páginas de um gibi. Não é fácil vencer a dor; de fato, ela é minha maior inimiga. Sabe, quando se perde todos que se ama, ela chega e preenche o espaço. Ainda mais porque as memórias não se vão com eles. É difícil aceitar que a vida é desse jeito, ou melhor, o fim dela. Para mim, a dor é inevitável, pois apenas pode-se derrotá-la se aceitar, e eu não aceito. Deveria ser diferente. Ou ainda, se esquecer, mas não posso. Minha mente é o único lugar onde permanecem vivos, e enquanto eu viver serão eternos.
É que eu não sei mais de você, então te (re)invento aqui. Que é pra saudade fazer morada, mas de um jeito bom.
(10 de julho de 2013)
A distancia só exite por que inventaram a saudade primeiro. Assim so sentimos saudades graças a distancia.
Sobre o amor? Amor é não querer desligar-se nunca do abraço. É sentir saudade todos os dias, inventar assunto pra não ter que desligar o telefone. É xingar. Rir de chorar. É alertar, preocupar. É dividir cobertor, espaço na cadeira de balanço ou um pedaço do sofá pequeno. É esquentar a mão, fazer cafuné, dormir no colo um do outro. Amor é saber esperar, esperar, esperar… É não saber se explicar. Sentir medo, ser cúmplice, ter coragem. É sair de casa no meio da noite e se encontrar escondido. É sonhar a semana toda com o fim de semana e o mesmo cheiro, o mesmo abraço, o mesmo beijo. É dar gargalhadas, colocar de castigo, estralar os dedos um do outro, mesmo sabendo que isso vai doer. É provocar, morder a bochecha e lamber o nariz. É fazer cara de nojo, pirraça, chantagem. É agradar. Não ter medidas. É não cansar. Não cansar da voz, do desespero, da rotina. É ter alguém, um amigo, um fonte, uma força.
O que mais a infância deixou-me de saudade foi a maneira inventiva de lidar com a vida: quando acabava o prazer de comer iogurte começava o deleite de falar no "telefone".
"Oh, saudade das boas e das grandes. Pra que inventaram estas palavras? Das boas e das grandes? Oh, saudade! A gente só tem de quem gosta, de quem admira, de quem tá longe, de quem se foi...Mas, saudade de quem tá longe é saudade bagunceira".
As vezes finjo que você está aqui,
e quando a saudade aperta invento
que você me abraça, me beija, invento
que Você me ama.
No amor o impossível é uma invenção dos que não amam, dos que não conhecem a saudade, desejos, vontades...se o não possível existe pra nós, é que não tentamos o possível.
Era como uma saudade,
Saudade de que?
Nem eu mesmo sei,
De conversas e momentos que eu mesmo inventei
Mas agora você se foi,
Foi e levou tudo,
Só deixou saudade e a mim