Quedas e tombos
Caminhos estes tortos
... Muito lindo, profundo, pode ser como um abismo,
estamos numa queda inevitável,
deixes o orgulho, venha até mim...
... Estamos em queda, estamos em queda,
esse destino não deve ser assim, volta para casa,
deixes meus lábios proferirem aquela,
minha, em vós nossa, deleitosa poesia,
pois sou um poeta, mascarado que sejas,
porém me desintegro, ponho-me a cantar aqueles versos...
- Submersos que emergem na agônicas lástimas,
qual se destina ao canto dos pássaros,
encantados por tua beleza andarilho...
... O sempre em vós por nós consiste numa lágrima,
lembres daquele tempo, que por mim não houveras magoas...
(...) Oh russos lagos em prata, onde o oculto, sim,
num beijo fostes descoberto...
Nunca perca o rumo diante de uma relação de confiança, ao trair você entra em uma queda livre para um abismo sem luz e sem rumo.
No relacionamento, a queda nos abriga a levantar a cabeça e reconstruir com paciência cada passo, cada tijolo, cada pecado e cada inocência... Erguendo-se mais rígido e harmônico com o cimento da convivência.
Como flutuar bem alto sem ter medo de cair, mesmo sabendo que a queda será forte.
É sentir uma sensação de salto de liberdade, mesmo sabendo que poderá ser acordada no meio da adrenalina.
É sentir- se feliz ao extremo, mesmo sabendo que a felicidade se alterna com a tristeza.
É se jogar em um abismo, sentir o vento nos cabelos, se acostumar com a sensação maravilhosa de estar voando, mesmo que o chão esteja surgindo cada vez mais perto em sua direção e a única coisa que você quer mesmo é sentir o frio na barriga e as batidas fortes do coração, sem saber se sentes medo de cair, da experiência única que vives ou de simplesmente saber que aquilo nunca passou de uma ilusão.
Asas de Cera
Por que ter medo de voar? Se de uma forma ou outra a queda é iminente, porem o que define o valor da queda é a altura que subimos sabendo que nossas asas são de cera, sabendo que derreteriam muito antes de chegar perto do sol, onde o que torna tudo isso perfeito é a altura que você chegou antes de cair na imensidão dos céus. Pois sabemos que nada nos resta alem dos nossos sonhos nessa longa caminhada, onde somos um garoto sentado à beira da estrada, sentindo a leve brisa que soprava; leve brisa na qual sabia que um dia foi um terrível furacão causado pela borboleta que as asas demais batiam; nas manhas de verão alem do horizonte, ele queria ser aquela borboleta que dele voava tão longe, pois sabia do perigo que sua inocuidade escondia. Assim são nossos sonhos, jogando cartas com as nossas vidas, colocando escolhas e conseqüências em nossa subida, até tocarmos o céu e nos deixar cair, aproveitando a queda acompanhada daquela mesma brisa. Pois Deus abençoa os caídos e derrotados, os que ainda estão de pé e os bem aventurados, onde apenas uma coisa é mais nobre que a queda de um anjo na terra dos homens; a queda de um homem na terra dos anjos.
O problema não é ter forças para se levantar diante de uma queda. É voltar atrás por achar que o caminho é mais fácil e depois tropeçar na mesma pedra.
Um pequeno passo pode não significar muito, um buraco, uma pedra, uma queda poderia nos fazer desistir, mas cada um deles se tornaria indispensável ao olhamos para trás com a satisfação que habita no objetivo da caminhada.
Queda-se o dia, desmaia o sol,
A janela desenha o crepúsculo,
A noite chega, a solidão surge,
É hora de sentar e escrever.
Ecoa nas ruas a queda de sua lágrima, chega a minha casa com culpa, deito a cabeça no travesseiro enquanto escuto elas caírem, esperando quando cairá a próxima e quando irão parar, a escolha foi sua.