Quedas e tombos
A QUEDA DE DEUS
Vi quando Deus caiu da vagem
O vento a partiu e o divino se fez visto em queda
Até aquele momento estava em segredo
Dele não se tinha notícia
Pois a vagem era seu esconderijo
Foi o vento que desnudou o corpo de Deus
Ao tocar o solo era uma canção inaudível
Os insetos ouviam e se alegravam
As flores captavam a presença em pétala
Os pintassilgos saltitavam e repetiam
Os matos, em valsas, celebravam a queda de Deus
A queda de Deus encheu de humor a gaivota
O pássaro no arame esticado
E as formigas em fileiras visitavam
A queda de Deus foi o espetáculo daquela tarde
Ele se arranhou um pouco
Sujou suas vestes brancas
Mas amei Vê-lo caindo.
Flores de Van Gogh
O santo é forte
E a pancada foi mais ainda
Caí em tua vida
Mas foi a queda mais linda;
Beleza sutil,
Me faz alguém útil
Esqueço meus problemas
Perto de tu, eles ficaram tão fútil;
Mas se a cabeça pensa
E o coração acelera
(É ela)
Vai e não erra.
Carente do seu sorriso
Sonhando em teu toque
Beleza mais clássica
Que as flores de Van Gogh.
Acreditar ainda é o meu forte, e vez quase sempre por outra, é também o meu fraco. Tenho uma queda abissal pelas coisas que o meu coração acredita. Ele faz qualquer coisa para eu não me decepcionar. Às vezes erra no palpite e deixa os sentimentos em xeque, mas vou em frente assim mesmo. Somos imperfeitos, todo mundo sabe disso, e o coração, algumas vezes, também tem defeitos. Normal. Todo caso, não deixo de acreditar nos sorrisos que a vida me presenteia, na companhia que enfeita os meus dias áridos pela secura da solidão, da alegria que irradia o brilho de um futuro promissor, preenchido de paz e amor. Porque o meu maior defeito seria se eu perdesse a fé nas pessoas, se eu deixasse escapar a confiança que tenho na humanidade, se eu me entregasse ao abismo sem vota da desconfiança em todos que cruzam o meu caminho. Acreditar é a força propulsora que pinta os meus dias cinza em aquarelas, que transforma os meus desertos em oásis, a mata selvagem num canteiro de rosas: lindas, cheirosas e todas nossas. Acreditar é o que me faz sentir vida, sem buscas nem procuras, apenas encontros.
Nossa liberdade será nossa destruição...
Nosso individualismo será nossa queda...
E em meio ao caos vamos tomar consciência que os únicos culpados foram nossos comportamentos...
E isso que chamávamos de evolução, no fim foi o mais irracional dos suicídios.
Trauma! Torpor! Nojo! Aceleram a minha queda!
Tristeza! Dor! Em todos os lugares! Manipulam meus dias!
Quanto mais ganância usada para alcançar o apogeu da glória, mais devastadora é a queda.
Redigindo Neurônios
-Não sonhe alto porque a queda é grande.
-E quem disse q tenho medo de cair?
-Ninguém, n se preocupe com a queda, se preocupe com a parte que... você não tem ninguém para te ajudar a levantar.
O mundo – vertigem ascendente
Queda, barreira, fundo do mar
Estrada de pedras, pesado portão
... dois leões
O mormaço petrificado
A porta fechada
Bater? A intenção derrete nos dedos
A esteira vazia no canto da sala
A televisão ligada – a viagem de amanhã
Eu não vou chegar.
Não há tempo, só mormaço.
SEMBLANTE
essa queda
que tenho por ti
é como um vício
não vejo saída
tua imagem
carrega consigo
minha recaída
Deus se mostra
no nascer de um novo dia,
na esperança teimosa
que nos faz levantar a cada queda
e nos acontecimentos mais improváveis...
Cika Parolin