Que partiu desta vida

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Escrevi um pedido e atirei no mar. Que a semana passe rápido e a vida devagar.

O artista deve gostar da vida e mostrar-nos que ela é bonita. Se não fosse ele, duvidaríamos disso.

A glória em vida é algo problemático: é aconselhável não se deixar deslumbrar por ela, muito menos estimular.

A vida parece-nos curta, e as horas parecem-nos compridas; o nosso gosto seria alongar a cadeia, encurtando os anéis.

As pessoas querem estar arrumadas na vida; mas só enquanto não o estão é que há alguma esperança para elas.

Ser pessimista em relação às coisas do mundo e à vida em geral é um pleonasmo, ou seja, significa antecipar o que vai acontecer.

Existem pais estranhos, dos quais a vida inteira não parece ocupada senão em preparar razões para os filhos se consolarem pela morte deles.

Estamos todos um pouco estranhos. E a vida é um pouco estranha. E quando encontramos alguém cuja estranheza é compatível com a nossa, nós nos juntamos a essa pessoa e caímos nessa esquisitice mutuamente satisfatória a que chamamos de verdadeiro amor.

O amor é o mais agradável episódio do romance da vida, e o casamento o apagador do amor.

A única precaução contra os remorsos da morte é a inocência da vida.

Cada um de nós tem um fogo no coração para alguma coisa. É nossa meta na vida encontrá-lo e mantê-lo aceso

Nada há de humilhante - desde que se seja honesto - em ganharmos a vida trabalhando.

Homem de grande paz, homem de muita vida; para viver, deixar viver.

Ensinam-nos a viver quando a vida já passou.

O interesse explica os fenômenos mais difíceis e complicados da vida social.

Há males na vida humana que são preservados de outros maiores, e muitas vezes ocasionam bens incalculáveis.

Erros são parte dos tributos que se paga por uma vida plena.

Muitas vezes digo à vida: não me dês tanto, para que não me possas levar tanto.

CANÇÃO

Viver não dói. O que dói
é a vida que se não vive.
Tanto mais bela sonhada,
quanto mais triste perdida.

Viver não dói. O que dói
é o tempo, essa força onírica
em que se criam os mitos
que o próprio tempo devora.

Viver não dói. O que dói
é essa estranha lucidez,
misto de fome e de sede
com que tudo devoramos.

Viver não dói. O que dói,
ferindo fundo, ferindo,
é a distância infinita
entre a vida que se pensa
e o pensamento vivido.

Que tudo o mais é perdido.

Só quando já não se tiver finalidades na vida é que se é realmente livre.