Quase

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Os homens são quase sempre levados a crer, não pela prova, mas pelo agrado.

A pessoa errada quase sempre é um lobo em pele de cordeiro. É ouro de tolo. É cristal que se acha diamante. Apesar de muitas vezes essa pessoa ser uma graça para os outros, a verdade sobre ela só sabe quem compartilha de sua dolorosa intimidade. Esqueça daquele encaixe gostoso e satisfatório quando o parceiro não é o seu número. Nem adianta insistir. Sapato apertado a gente não tem que sustentar no pé achando que vai ficar confortável. Sapato que machuca e que faz sangrar a gente tem que tirar do pé, custe o que custar.

Nas democracias as revoluções são quase sempre obra dos demagogos.

Eu sempre fui desligada, distraída, tímida, mas sempre fui educada com todos, eu era desinteressada em relação ao amor, até que um dia um rapaz me chamou a atenção, ele passando sorrindo com os amigos na minha frente, eu não conseguia parar de olhar aquele rapaz, ele me olhou e deu um sorriso lindo que me arrepiou o corpo, eu ali no terminal rodoviário e o rapaz desfilando pra lá e pra cá com os amigos, muito perseguido pelas garotas, e isso já me fez perder as esperanças, o rapaz sumiu do alcance dos meus olhos e eu saí dali fui dar uma volta, me deparei com ele, minhas pernas ficaram moles, ele sorriu, disse um "oi", pediu meu telefone, e eu meio muda passei timidamente e segui meu caminho, não demorou muito e uma mensagem chegou em meu celular, era ele, meu coração disparou e um sorriso lindo se abriu em meu rosto, na mensagem estava escrito seu nome, "D.B". Eu imediatamente retornei a mensagem com meu nome "I.S", o rapaz me perguntou se eu estava solteira e se tinha algum interesse nele, eu respondi que sim, era solteira e tinha me interessado por ele, ele propôs de nos vermos mais tarde na pracinha, e eu aceitei, é claro, fiquei feliz e contando as horas, até que enfim deu as tão esperadas quatro da tarde, eu fui me sentei num murinho baixo e tentei esconder o nervosismo ao máximo, mas não estava me saindo muito bem, de longe eu o vi atravessando a rua, olhando para os lados procurando por algo, olhou em minha direção abriu um sorriso e veio, minhas mãos suavam frio, e senti uma coisa estranha, sussurrando como ele era lindo, ele se aproximou e me deu um beijo no rosto, disse que eu era linda, eu muita tímida que era deixei a timidez de lado naquele momento e disse que ele era perfeito, ele sorriu e disse que estava longe disso, ele se aproximou pegou nas minhas mãos e me beijou, aquele primeiro beijo foi a chave pro meu coração, aquele rapaz com cara de menino me enfeitiçou eu fiquei totalmente cega para outro homem, os olhos dele olhando no fundo dos meus, aquele sorriso perfeito, não tinha mais dúvidas eu me apaixonei por ele, estava perdidamente apaixonada, tiramos uma foto para recordar o momento, mesmo com toda aquela doçura e palavras meigas eu achei que nunca mais fosse vê-lo, nos despedimos ali e ele me prometeu que não seria a única vez que iríamos nos ver, me deu um beijo e seguiu seu caminho, e eu fiquei ali uma meia hora sorrindo imaginando milhares de coisas, mas resolvi não criar mais esperanças, pois eu nem conhecia o rapaz e já estava assim totalmente apaixonada por ele, fui embora chegando em casa fui até o computador acessar meu Facebook e não me contive coloquei a foto daquele perfeito de capa no meu perfil, ele pediu para que eu o adicionasse no Facebook e eu é claro adicionei ele, a gente foi conversando via sms e marcamos novos encontros, tudo estava lindo entre nós, e eu já tinha certeza de que realmente o amava e queria ele pra sempre comigo, até que nossos nomes mudaram a gente se chamava então de "Príncipe e Princesa", certo dia num encontro eu achei que tudo seria normal como de costume eu contava os segundos para vê-lo já nem dormia direito ele simplesmente invadia meu pensamento vinte e quatro horas por dia, mas nesse encontro foi diferente, ele me disse que estava para ir embora da cidade, eu me desesperei, fiquei muito triste, ele disse que me amava e que não ia esquecer de mim e que um dia iria me buscar para viver com ele, eu prometi a ele que jamais iria deixar de amá-lo e que iria esperar por ele sempre, ele me prometeu que iria me amar para sempre e que iria atrás do nosso futuro, e assim feito chega então o dia da partida ele chega pra mim e promete que se outra pessoa aparecesse ele iria me falar e pediu o mesmo pra mim, eu concordei e achei até melhor, ele se foi então, eu me senti sozinha abandonada, perdida, sem rumo, os dias foram passando e eu fui me acostumando com a ausência dele pela cidade, a gente se falava todos os dias e o amor parecia o mesmo, quatro meses se passaram, certo dia entro no Facebook e uma coisa me derruba de dor, eu vi que ele estava namorando uma garota daqui, mas como ele pode fazer isso comigo? Se a garota era daqui por que não era eu? A menina que ele jurou amar, imediatamente chamei ele pra conversar. Ele me disse que não me contou para não me magoar, mas magoou muito mais do que ele podia imaginar, eu não via mais graça na vida queria morrer, o sofrimento, a frieza estavam tomando conta de mim, até que em um certo dia ele me chama para conversar disse que me amava pediu desculpas pelo que aconteceu e eu não tive como resistir pois eu o amava mais que tudo ainda, aceitei suas desculpas e nós recomeçamos do zero tudo outra vez, se passaram dias, semanas e meses e tudo tinha voltado a normal entre a gente, até que um dia a mesma dor me tomou, ele tinha feito mais uma vez do mesmo jeito, mas agora a menina era de lá, eu chorei tanto, sofria, mas desta vez achei melhor deixá-lo em paz e esquecer tudo isso, desejei a ele muita felicidade, mesmo eu estando morrendo a cada dia por dentro não conseguiria vê-lo triste nem por um minuto na vida, eu tinha que suportar aquela dor, eu precisava só para não vê-lo mal por nada, falava com ele sempre para saber se estava tudo bem ele dizia que sim, e eu mesmo sofrendo pra ele fingia ser a pessoa mais feliz do mundo, os dias foram passando rápido, mas mesmo assim eu ainda o vejo do mesmo jeito do primeiro encontro, o encanto ainda não acabou, eu prometi pra ele que eu o amaria para sempre, me lembro de cada detalhe, do primeiro olhar, do primeiro beijo, das palavras do rosto angelical, meu Príncipe havia me deixado, mas a história não iria morrer assim pois ela foi quase perfeita, e eu vou sim amá-lo para sempre, aquele homem com carinha de menino que eu conheci eu vou levar pra sempre dentro de mim e ele será sempre o grande amor da minha vida!

Sou levada pela infortunia sorte, pelos amores invisíveis, pelos amigos quase distantes, pelos sonhos quase impossíveis. Estou sendo carregada pelo vento sereno do meio da tempestade, rumo a minha própria solidão entre os entrelaços da minha rotina, no fundo sempre sozinha.

Talvez eu ainda vigie o seu online
Talvez eu ainda veja suas fotos no meu celular e lembre dos seus beijos
Talvez eu ainda escute seus áudios só para ouvir sua voz
Talvez eu ainda leia nossas conversas para matar a saudade
Saudade...
Saudade que aperta e deixa o coração pequenininho
O que faço com essa saudade de te abraçar e sentir seu cheiro?
Como dói um quase amor.

Mas depois que sonhei com você, sonho esse que estou quase me convencendo que foi o meu subconsciente, me dizendo que eu não me curei porra nenhuma e que eu amo você de uma maneira incrível e contraditória.

Tati Bernardi

Nota: Trecho de Link

“E você não deve acreditar muito nessa ideia, pelas tantas vezes que eu quase fui, mas um dia eu vou, sempre foi assim. Mas deixa eu te contar um segredo: se eu for, eu não volto.”

Você é bonito demais para alguém que pensa tanto e é quase injusto pro mundo existir alguém com tanto das duas coisas que só se tem muito de uma só.

Cansado, cansado. Quase não dormi. E não consigo tirar você da cabeça. Estou te escrevendo porque não consigo tirar você da cabeça. Hesito em dizer qualquer coisa tipo me-perdoe ou qualquer coisa assim. Mas quero te contar umas coisas. Mesmo que a gente não se veja mais. Penso em você, penso em você com força e carinho.

Sem medo da morte, porque esta quase história pertence àquele tempo em que amor não matava.

Um sopro, quase uma respiração, agitava os matagais.

Escuta - Ele disse, bem perto do meu ouvido, a boca vermelha no rosto pálido quase encostada na minha pele. Tive uma vontade quase incontrolável de beijá-lo outra vez. Era meio compulsivo, aquilo. Ou magnético, sei lá. Fluidos, odores imperceptíveis, vibrações. Que coisa era aquela que, independente da razão, atraía ou repelia as pessoas? - A gente precisa conversar. Eu fiquei pensando naquilo que aconteceu. Do livro: Onde andará Dulce Veiga?

Acontece-me às vezes, e sempre que acontece é quase de repente, surgir-me no meio das sensações um cansaço tão terrível da vida que não há sequer hipótese de ato de dominá-lo.

Fernando Pessoa
Livro do desassossego por Bernardo Soares. Lisboa: Ática, 1982.

A alma quase sempre me parece não ser nada mais que a simples respiração do corpo.

Todos os dias eu quase te ligo, eu quase consigo ser leve e te dizer: “Ei, não quer ir no parque? A temporada está acabando…” Eu quase consigo te tratar como nada. Mas aí quase desisto de tudo, quase ignoro tudo, quase consigo, sem nenhuma ansiedade, terminar o dia tendo a certeza de que é só mais um dia com um restinho de quase e que um restinho de quase, uma hora, se Deus quiser, vira nada. Mas não vira nada nunca.

de um rali que escapei
quase ilesa
um pouco de lama na alma
e olho injetado de dor
descobri novas marchas
co-pilota de planos que não tinha
tirei meu nome do mapa
e segui a trilha sozinha

Martha Medeiros
MEDEIROS, M. Poesia Reunida. Porto Alegre: L&PM, 1999.

"Só pela dúvida", ele murmurou no meu cabelo, me apertando num abraço de urso que quase quebrou minhas costelas.
"Não consigo - respirar", eu asfixiei.
Ele me soltou imediatamente, mantendo uma mão na minha cintura pra que eu não caísse. Ele me puxou, mais gentilmente dessa vez, de volta para a cama.
"Durma um pouco, Bells. Você precisa fazer sua cabeça trabalhar. Você precisa entender. Eu não vou te perder, Bella. Não por isso".

- Jacob

Às vezes, sobretudo agora, verão e lua quase cheia, me surpreendo melancólico pelas noites a suspirar na sacada espanhola, com vontade de chorar. Choro quando consigo. Ou ouço Caetano cantando Contigo en la distancia, e choro mais. Não tenho pena de mim, mas por vezes sinto falta de amor. Fico sempre muito só.

Olhou em torno de si a manhã perfeita, respirando profundamente e sentindo, quase com orgulho, o coração bater cadenciado e cheio de vida.

Clarice Lispector
Triunfo. Revista Pan, 25 mai. 1940, n. 227.

Nota: Trecho do conto Triunfo, o primeiro da escritora publicado na imprensa de que se tem registro.

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