Quando Morre Alguém que Amamos

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Não existe ninguém que não possa ensinar algo a alguém, e não existe ninguém tão excelente que não possa ser superado.

É impossível odiar alguém que conhecemos.

Se alguém tem um ódio patológico às mentiras, deveria restringir ao mínimo as perguntas que faz.

O bem que recebemos de alguém exige que respeitemos o mal que ele nos fez.

Convidar alguém é encarregarmo-nos da sua felicidade durante o tempo que estiver sob o nosso teto.

Alguém consegue lembrar quando os tempos não eram difíceis e o dinheiro não era escasso?

Se todos somos iguais, a quem amamos?

O que amamos está sempre longe de nós:
e longe mesmo do que amamos - que não sabe
de onde vem, aonde vai nosso impulso de amor.

O que amamos está como a flor na semente,
entendido com medo e inquietude, talvez
só para em nossa morte estar durando sempre.

Como as ervas do chão, como as ondas do mar,
os acasos se vão cumprindo e vão cessando.
Mas, sem acaso, o amor límpido e exato jaz.

Não necessita nada o que em si tudo ordena:
cuja tristeza unicamente pode ser
o equívoco do tempo, os jogos da cegueira
com setas negras na escuridão.

Nós só amamos os amigos mortos
E só as amadas mortas amam eternamente...

Mario Quintana
Apontamentos de história sobrenatural. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.

Nota: Trecho do poema Sempre.

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Os ventos que tiram algo que amamos são os mesmos que trazem algo para amar...

Rafael Wissmann Monteiro

Nota: Trecho adaptado da música "Frozen Valley" da banda Silent Heart, que tem vindo a ser erroneamente atribuído a Bob Marley.

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Mas o denegrirmos os que amamos sempre no desliga dêles um pouco. Não é bom tocar nos ídolos; o dourado pode sair nas nossas mãos.

A verdade é que nós amamos a música sobre todas as coisas e as prima-donas como a nós mes­mos.

Machado de Assis
Gazeta de Notícias, 9 set. 1894.

Amamos A, amamos B, amamos C, e por alguns nem era amor, e sim entusiasmo, e sabe-se lá de quantos entusiasmos somos capazes.

A verdade é que amamos a vida não porque estamos acostumados a ela, mas porque estamos acostumados com os momentos, mesmo que poucos, de euforia que o amor nos traz.

Via de regra, cada um de nós morre uma única e escassa vez. Só o ator e reincidente. O ator ou a atriz pode morrer todas as noites e duas vezes aos sábados e domingos.

Morre de amor quem é capaz.

"Aquele que se expõe a perigos desnecessários morre vítima do demônio."

Tenho ciúmes de tudo em que a beleza não morre.

E morre-se, sem ao menos uma explicação. E o pior – vive-se, sem ao menos uma explicação.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Dies irae.

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Mas o homem que enxerga dois séculos na frente de seu tempo morre na forca...