Quando as Pessoas Deixa de Amar assim
A 93 milhões de milhas do Sol
As pessoas preparam-se, preparam-se
Porque lá vem, é uma luz
Uma linda luz, além do horizonte
Para dentro de nossos olhos
Oh, minha nossa, que linda
Oh, minha bela mãe
Ela me disse, filho, você irá longe na vida
Se fizer tudo direito, amará o lugar onde estiver
Apenas tenha certeza de que onde quer que vá
Você sempre poderá voltar para casa
A 240 mil milhas da Lua
Percorremos uma longa distância para pertencer a esse lugar
Para compartilhar essa vista da noite
Uma noite gloriosa
Além do horizonte há outro céu brilhante
Oh, minha nossa, que lindo
Oh, meu pai irrefutável
Ele me disse, filho, às vezes, pode parecer escuro
Mas a ausência da luz é uma parte necessária
Apenas tenha certeza de que você nunca está sozinho,
Você sempre poderá voltar para casa
Casa
Casa
Você sempre pode voltar
Toda estrada que é uma subida escorregadia
Mas sempre há uma mão na qual você pode se segurar
Olhando profundamente pelo telescópio
Você pode perceber que seu lar está dentro de você
Apenas tenha certeza de que onde quer que você vá
Não, você nunca está sozinho,
Você sempre voltará para casa
Casa
Casa
A 93 milhões de milhas do Sol
As pessoas preparam-se, preparam-se
Porque lá vem, é uma luz
Uma linda luz, além do horizonte
Para dentro de nossos olhos
E quando todos os dias ficam iguais, é porque as pessoas deixaram de perceber as coisas boas que aparecem em suas vidas sempre que o sol cruza o céu.
Difícil é se descrever, fazer com que palavras definam quem você é, ou deixa de ser. Não acredito que eu seja ninguém de tão grande importância. Presumo que eu seja como qualquer um, com certos defeitos, porém acompanhada de qualidades. Posso ser constante, inconstante, ou até mesmo os dois ao mesmo tempo. Em grande parte do tempo, sou previsível, admito. Mas o imprevisível me acompanha de perto, quando necessário. Consigo ser o bem e mau, o certo e o errado, a tristeza e a felicidade. Eu posso ser tudo, ou simplesmente nada. Talvez eu seja isso; uma porção de coisas.
Amiga, minha melhor amiga, deixa eu te contar...
Não sei tudo sobre a vida, mas o que já vivi me fez ter a certeza do quanto ela tem sido especial. E você ajudou a torná-la assim.
Quantas vezes seu sorriso foi a alegria na minha dor. Quantas vezes eu chorei de saudades, e você foi a responsável pelo sentimento de achar que eu morreria por causa dela. Quantas vezes eu arrumei desculpas só para ouvir sua voz pelo telefone. Sem contar as inúmeras vezes que eu provoquei discussões só para ouvir que eu era sua melhor amiga. Quantas vezes o seu abraço substituiu palavras. Nas nossas brincadeiras eu lembrei de como era bom ser criança. Viajei nas suas histórias e construímos novas. Realizamos coisas difíceis e sonhamos sonhos quase impossíveis. Quantas vezes chorei com suas lágrimas, e aprendi que quem perdoa vive melhor. Nos seus defeitos aprendi a ter ainda mais paciência e nas suas virtudes aprendi o melhor!
Essa é a vida, não devemos ter medo de viver e se entregar a novas amizades, só vivendo é que veremos se valeu a pena ou não, mas viva, os acertos vêm com erros, e nem sempre o acerto dependerá do erro. Hoje, amiga, vejo que você foi um acerto certeiro, mas já imaginou se eu não tivesse arriscado e não tivesse me entregado a nossa amizade? Certamente hoje eu não poderia suspirar de alegria e dizer que valeu a pena!
Valeu a pena, amiga, ter arriscado, você valeu a pena!
A mulher que perdoa a traição,
deixa de conhecer um verdadeiro amor.
Pois continua com a pessoa errada,
sem se permitir de conhecer a certa.
Se alguma coisa se te opõe e te fere, deixa crescer. É que estás a ganhar raízes e a mudar. Abençoado ferimento que te faz parir de ti próprio.
Não te conquistar me deixa triste, mas pelo menos não sou um perdedor, pois busquei conquistar você a cada minuto de minha vida. Se não consegui, foi porque você não serve pra mim.
Há ocasiões em que o coração fica tão duro e os ouvidos tão surdos que Deus nos deixa sofrer as consequências de nossas escolhas.
Ei, não tenta entender as voltas que eu dou sozinha. Deixa só um mistério estranho de filme trash. Ninguém quer descobrir o que há por trás da mulher diferente, mas ela ainda é a mulher diferente que deve ser descoberta.
Passo horas falando pra ficar muda de repente, passo toda a segurança do mundo pra me derrubar em medos bobos. É que tudo fica mais legal em constante mudança. E eu nem sei mais ser a mesma sempre.
Há quem passa... E deixa só cicatrizes.
Há quem passa... Semeando flores.
Há quem passa... Banhando-nos em lágrimas.
Há quem passa... Disposto a secá-las.
Há quem passa... Torcendo por nossa vitória.
Há quem passa... Aplaudindo nossos fracassos.
Há quem passa... Ajudando-nos a levantar.
Há quem passa... Fazendo-nos cair.
Há quem passa... Como sombra.
Há quem passa... Como luz.
Há quem passa... Como pedra no caminho.
Há quem passa... Como pedra de construção.
Há quem... Para todo deslize vê uma falha irreparável.
Há quem... Nos oferece o perdão.
Há quem... Ignora nossos erros.
Há quem... Nos ajuda a corrigir.
Há quem passa... Rápido, veloz, despercebido.
Há quem... Deixa marcas profundas.
Há quem... Simplesmente passa.
Há, porém, quem... Fica para sempre no nosso coração!
Só não me acorda. Se for sonho, me deixa acordar só quando eu souber o que é isso que eu sinto. Que nome tem esse negócio que deixa o coração com um sorriso de orelha a orelha.
Tem tanta gente interessante por aí querendo entrar. Deixa. Deixa entrar: na vida, no coração, na cabeça.
O AMOR DEIXA MUITO A DESEJAR
A Rita Lee fez uma música com a letra tirada de um artigo que escrevi, sobre amor e sexo.
A música é linda, estou emocionado, não mereço tão subida honra, quem sou eu, quase enxuguei uma furtiva lágrima com minha "gélida manina" por estar num disco, girando na vitrola sem parar com Rita, aquela hippie florida com consciência crítica, aquela hippie paródica, aquela mulher divinamente dividida, de noiva mutante ou de cartola e cabelo vermelho que, em 67, acabou com a caretice de Sampa e de suas lindas "minas" pálidas.
A música veio mesmo a calhar, pois ando com uma fome de arte, ando com saudade da beleza, ando com saudade de tudo, saudade de alguma delicadeza, paz, pois já não agüento mais ser apenas uma esponja absorvendo e comentando os bodes pretos que os políticos produzem no Brasil e o Bush lá fora. Ando meio desesperançado, mas essa canção de Rita trouxe de volta a minha mais antiga lembrança de amor. Isso mesmo: a canção me trouxe uma cena que, há mais de 50 anos, me volta sempre. Sempre achei que esse primeiro momento foi tão tênue, tão fugaz que não merecia narração. Mas, vou tentar.
Eu devia ter uns 6 anos, no máximo. Foi meu primeiro dia de aula no colégio, lá no Meier, onde minha mãe me levou, pela Rua 24 de Maio, coberta de folhas de mangueira que o vento derrubava. Fiquei sozinho, desamparado, sem pai nem mãe no colégio desconhecido. No pátio do recreio, crianças corriam. Uma bola de borracha voou em minha direção e bateu em meu peito. Olhei e vi uma menina morena, de tranças, com olhos negros, bem perto, me pedindo a bola e, nesse segundo, eu me apaixonei. Lembro-me de que seu queixo tinha um pequeno machucado, como um arranhão com mercúrio-cromo, lembro-me que ela tinha um nariz arrebitado, insolente e que, num lampejo, eu senti um tremor desconhecido, logo interrompido pelo jogo, pela bola que eu devolvi, pelos gritos e correria do recreio. Ela deve ter me olhado no fundo dos olhos por uns três segundos mas, até hoje, eu me lembro exatamente de sua expressão afogueada e vi que ela sentira também algum sinal no corpo, alguma informação do seu destino sexual de fêmea, alguma manifestação da matéria, alguma mensagem do DNA. Recordando minha impressão de menino, tenho certeza de que nossos olhos viram a mesma coisa, um no outro. Senti que eu fazia parte de um magnetismo da natureza que me envolvia, que envolvia a menina, que alguma coisa vibrava entre nós e senti que eu tinha um destino ligado àquele tipo de ser, gente que usava trança, que ria com dentes brancos e lábios vermelhos, que era diferente de mim e entendi vagamente que, sem aquela diferença, eu não me completaria. Ela voltou correndo para o jogo, vi suas pernas correndo e ela se virando com uma última olhada.
Misteriosamente, nunca mais a encontrei naquela escola. Lembro-me que me lembrei dela quando vi aquele filme Love Story, não pelo medíocre filme, mas pelo rosto de Ali McGraw, que era exatamente o rosto que vivia na minha memória. Recordo também, com estranheza, que meu sentimento infantil foi de "impossibilidade"; aquele rosto me pareceu maravilhoso e impossível de ser atingido inteiramente, foi um instante mágico ao mesmo tempo de descoberta e de perda. Escrevendo agora, percebo que aquela sensação de profundo "sentido" que tive aos 6 anos pode ter marcado minha maneira de ser e de amar pelos tempos que viriam. Senti a presença de algo belíssimo e inapreensível que, hoje, velho de guerra, arrisco dizer que talvez seja essa a marca do amor: ser impossível. Calma, pessoal, claro que o amor existe, nem eu sou um masoquista de livro, mas a marca do sublime, o momento em que o impossível parece possível, quando o impalpável fica compreensível, esse instante se repetiu no futuro por minha vida, levando-me para um trem-fantasma de alegrias e dores.
Amar é parecido com sofrer - Luís Melodia escreveu, não foi? Machado de Assis toca nisso na súbita consciência do amor entre Bentinho e Capitu:
"Todo eu era olhos e coração, um coração que desta vez ia sair, com certeza, pela boca."
Isso: felicidade e medo, a sensação de tocar por instantes um mistério sempre movente, como um fotograma que pára por um instante e logo se move na continuação do filme. Sempre senti isso em cada visão de mulheres que amei: um rosto se erguendo da areia da praia, uma mulher fingindo não me ver, mas vendo-me de costas num escritório do Rio... São momentos em que a "máquina da vida" parece se explicar, como se fosse uma lembrança do futuro, como se eu me lembrasse ali, do que iria viver.
Esses frêmitos de amor acontecem quando o "eu" cessa, por brevíssimos instantes, e deixamos o outro ser o que é em sua total solidão. Vemos um gesto frágil, um cabelo molhado, um rosto dormindo, e isso desperta em nós uma espécie de "compaixão" pelo nosso próprio desamparo, entrevisto no outro.
A cultura americana está criando um "desencantamento" insuportável na vida social. Vejam a arte tratada como algo desnecessário, sem lugar, vejam as mulheres nuas amontoadas na internet. Andamos com fome de beleza em tudo, na vida, na política, no sexo; por isso, o amor é uma ilusão sem a qual não podemos viver. Todas essas tênues considerações, essas lembranças de lembranças, essa tentativa de capturar lampejos tão antigos, com risco de ser piegas, tudo isso me veio à cabeça pela emoção de me ver subitamente numa música, parceiro de Rita Lee, "lovely Rita", a mais completa tradução de São Paulo, essa cidade cheia de famintos de amor.
Se você deixa o machado perder o corte e não o afia, terá de trabalhar muito mais. É mais inteligente planejar antes de agir.
Quanto mais o homem fala de si, mais deixa de ser ele mesmo. Dê-lhe uma máscara e ele dirá a verdade.
(Oscar Wilde)