Qualquer Semelhança é Mera Coincidência
Ao nosso amor.
Numa mera coincidência vc veio até mim.
É sem nem perceber já éramos dois em um.
É foi tudo como se fosse ontem, mas já se vão 30 anos. Amigos, Filhos, Família, tudo envolvido em um só no, uns partiram, outros não estão presentes, uns só passaram, os que precisamos estão presente dia a pós dia.
Transformarmos as dificuldades em aprendizagem, os sonhos em realidade, crescemos juntos passo a passo como uma árvore em terra sólida e fértil e quando um galho porventura surgia com doença sempre cortamos juntos.
Mas o nosso amor também envelheceu, é nem percebemos, tem mas calma, muita compreensão, amizade, cumplicidade, verdade, união, desejo e sintonia, só precisamos olhar um para o outro e entender qual dor ou alegria. Mesmo distante, sabemos dizer o que é e quando se é necessário para nos levantar. Dizem que o tempo apaga o brilho e o cotiano desgata uma relação, mas somos como o vinho quanto mais envelhecido mais maravilhoso é. TE AMO.
Concordar com algo que uma pessoa diga pode se tratar de mera coincidência. Mas ouvir tudo o que ela fala e sentir como se você próprio o tivesse dito, no mínimo revela uma trilha conduzindo inequivocamente a ambos para um destino seguro.
Não existem coincidências. O destino é uma mera poesia (no máximo uma figura de linguagem) e o final feliz - para nosso desencanto - nunca passou de uma utopia, derrotada por uma obcecada distopia.
Acredite, querendo ou não, a vida tem o seu próprio manual de instruções.
O destino vira mera coincidência dos seus objetivos.
Os objetivos viram mera coincidência de seus pensamentos.
E os pensamentos, mera coincidência do seu destino.
"Não é só uma coincidência encontrarmos semelhanças entre a estrutura de nosso corpo com algumas estruturas do Universo. Existe uma coisa a mais que nos liga, quimicamente, biologicamente com o Cosmos. Somos feitos do mesmo material que uma Nebulosa ou uma estrela. Somos filhos das estrelas."
Poucas semelhanças, Nenhuma coincidência
Anteontem foi aniversário de um Cardeal inglês, fez 88 anos, se reuniu com o clero bem cedo, antes do galo cantar, almoçou com o bispado na alta cúpula, jantou com chefes de estado no vaticano, abençoou muitos fiéis da vidraça de sua suíte no quarto andar.
Anteontem foi aniversário de um Sheik árabe, fez 68 anos, acordou tarde, tomou café da manhã com suas doze esposas, diante de seis serviçais, jogou Pólo, vendeu sete milhões de euros em ações da bolsa, comprou um haras, não deixou gorjeta para o chofer.
Anteontem foi aniversário de uma Estilista parisiense, fez 48 anos, participou de uma entrevista para a semana fashion, falou sobre as tendências mundiais, desenhou três vestidos para a próxima coleção, comprou um bolo com nove camadas de recheio, humilhou duas modelos anoréxicas, demitiu um estagiário, encontrou-se a luz de velas com seu novo affair (amante vinte anos mais jovem).
Anteontem Raíssa fez aniversário, completou 8 anos, acordou com os gritos da mãe, tocando pela trigésima vez seu padrasto alcoólatra do barraco, carregou uma mochila que pesa um terço de seu peso, foi para o colégio (escola pública localizada na periferia, numa rua sem asfalto, esgoto e saneamento, mas com um córrego fétido e transbordante), não fez desjejum; usou um, dos seis livros que levou, a professora a repreendeu por não ter feito a tarefa.
Correu no intervalo, brigou na saída, rodou por aí; voltou para o lar bem depois do sol se por; ela não jantou e foi dormir sem velas, presentes ou parabéns.