Quadras e Trovas
TROVAS
Por estradas que nem sei
Caminhei sem ter noção.
Se errei mais do que acertei
Só me serviu de lição.
Vivo em dilema completo
E preciso sair disso:
Ou eu ganho o teu afeto
Ou vou parar um hospício.
TROVAS
99
Quando ela passa, atraente,
Bem em frente à minha casa,
Sinto um troço, de repente ,
Que me queima feito brasa!
100
Tão formosa e pretendida
Qual a flor que tem perfume,
Ela é tão comprometida,
Mas eu morro de ciúme!
TROVAS -
101
Deixe a porta d'alma aberta
Para o amor e a bonança.
Tudo tem sua hora certa,
Quem sabe esperar não cansa.
102
O porvir é promissor,
A colheita melhor é,
Se a alma do sonhador
For semeada de fé.
TROVAS -
104
Beijo roubado é tão bom,
Tem sabor de sedução,
Deixa a marca do batom
Na boca e no coração!
105
Satisfazem o desejo
Beijos roubados, bem sei.
Só me lamento do beijo
Que roubar eu não ousei!...
Apenas a morte silencia a voz de um poeta, deixando no ar toda sua obra eternizada em trovas e versos nos acorde de sua canção.
VOO
Idas e vindas , voltas e revoltas . trovas e trevas ...Sinta e minta , me ame ou me esqueça . Eu desço mas depois subo , o mesmo trajeto da queda é aquele que me reergo ...Não fecho minha mão , tenho você nela. Se fecho posso te machucar e você é livre . Um leve aperto lhe fere , um pássaro ferido não voa , assim sendo perde-se a essência . Sinto e minto , minto que não sinto , um dia me convenço que já não minto , simplesmente já não sinto .
FUGA
Sentimentos livres
Dentro dos livros
Em cima de trovas
Embrulhados em poemas
Sem escolha de temas.
Palavras nos espaços
Torturas torturam
Lembranças lambem beiços
Corpo conspira
Hora da fuga
Alma de asas
Coração decola
Escrevo coisas boas e porcarias
Escrevo verdades e mentiras
Falo de Deus e de Maria
Faço trovas e poesias
Crio sonhos e fantasias
Mas pra você faço carícias
E me encho de malícias
Sentindo, do amor, as delicias
TROVAS -
118
Da mulher - louvo a beleza,
Das flores - o doce aroma;
Louvo toda a Natureza -
O verso é meu idioma.
119
"Quem canta, males espanta",
Quão valioso conceito!
Quando, com alma, se canta,
A alegria invade o peito!
TROVAS -
123
Mulata, loura, morena...
P'ra mim não importa a cor,
Contanto que valha a pena
E me enlouqueça de amor!...
124
Confesso, nunca se tranca
A porta do meu sonhar,
Cuja entrada se fez franca
Às musas do meu cantar!...
TROVAS -
125
O brilho dos olhos dela
Enfeitiça os olhos meus!
Lá no azul, nenhuma estrela,
Brilha mais que os olhos seus!
126
Quando em seus lábios lampeja
Um sorriso encantador,
Mais uma rima viceja
Na lira do trovador!
As minhas trovas em versos soam como uma melodia continua que envolve o teu coração em proporções universal...
E minha voz desperta os teus desejos em um grau salientemente em sensações não compreendidas por corações não entendido...
Eu me alimento de versos e canções, me alimento da poesia, da nostalgia, de trovas e inspirações, dos mundos que caminharam outros pés, das belezas que navegantes viram, sentiram e ouviram...
Eu vislumbro as mãos que apalparam tantas árvores do oriente, os cedros campestres e atravessaram os mares...Eu viajo sem sequer sair do chão!
Eu me embriago do poder que alucina, da beleza em forma de rima que outros olhos perceberam e nos presentearam ao contar, registraram através dos escritos que nos narram, os perfumes, licores e amores que a vida audaz ousou saborear...
Versos livres:
Porque é que o estro me disseste
Agora e não noutro minuto
Se as trovas que, outrora, me deste
Deixaram o meu poetar de luto?
Se tudo era apenas uma miragem
E o tempo era apenas uma rima
Então, que me traga coragem
Na poesia, e não enigma...
Nem roupagem!
[...] só os afetos e a emoção
Hão de vir inspirar-me maior
A poemas, basta-lhes a ilusão
Aos poetas, basta o amor!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
14/04/2020 – Cerrado goiano
Paráfrase Pedro Homem de Mello
TROVAS -
106
Às vezes - a solidão -
Torna-se útil companhia:
Ajuda na construção
De sonhos e poesia.
107
A saudade e a solidão
São tão amigas, ao certo,
Na alma ou no coração,
Uma d'outra mora perto.
TROVAS -
108
Quem cuida da vida alheia
Vejam só o que acontece:
A inimizade semeia
E da sua vida esquece.
109
O que se planta se colhe,
Isto sempre afirma alguém.
Mas há quem plante o mal, olhe,
Querendo colher o bem.
TROVAS -
111
Parece que o teu encanto
Tem um feitiço qualquer:
Põe-me nos olhos um manto
P'ra qualquer outra mulher.
112
Tens apetrechos de sobra
Mas não provoques, morena,
Que vais cutucar a cobra
Com vara muito pequena.
DOCE POETAR
Em fascinantes trovas graciosas
E cintilantes sonetos construindo
Despontam as ilusões misteriosas
E, vai tendo o encanto bem vindo
Em prosas e poéticas maravilhosas
As rimas duma alma vão se abrindo
Escorrendo da inspiração, garbosas
Que sempre o cantar eu vá sentindo
Tenho sede, do doce poetar, singelo
Que, assim, no existir, mais que belo
Traga o desejo maior, com sensação
Um amor, então, rimando na poesia
O toque, a magia do olhar, fantasia
Em versos, todos, cheios de paixão
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
18 março, 2023, 15'14" – Araguari, MG
TROVAS - 68/69
O coração - 'stou errado? -
É venturoso ou sofrido!
Ventura - quando é amado
E sofre - quando iludido!
Os espinhos do viver
Nos ferem e causam dores,
Se alguém esmorecer,
Nunca colherá as flores.