Quadras e Trovas
A REDE
Que rede é aquela...
toda cheia de nó
fica quieta na dela
colhendo seu pó.
Bate o pé, bola rola
vai na dela, olhe a mão
a rede então desenrola
aos aplausos da nação.
Que rede é aquela...
que faz feliz e infeliz
com grito, lá vai ela!
e o silvo apito do juiz.
Uni o mundo e fundo
pra ver o desenrola
no mundo, todo mundo
já gritou... Olhe a bola.
Antonio Montes
PASSADO FUTURO
O amanhã eu passarei
todos vocês irá passar
e os que irão, passarão
passarão para ficar.
Quem não passa fica...
Na vontade de passar
quem passa, se agarra
com vontade de chegar.
Como passageiro do mundo
com meus passos, eu passo
passo devidamente apressado
para o futuro que será passado.
Ficará guardado, o presente
no passado bem ausente
o qual baterá no momento
no presente, consciente.
Antonio Montes
A CAIXA
Caixa legal!...
D'água de som
de açúcar de sal...
balas e bombons.
Caixa de brita grita!
Com picareta no ar
e a careta até irrita
para a dita se quebrar.
Caixa de show, estressada
com seu eco pelos ouvidos
em grito alto por nada
pelo ar todo estendido.
Caixa d'água fria, boa
sempre à cima, gelo chuva
serenos, nuvens, garoas
caixa de encaixar pessoas.
Remexendo seus segredo
a caixa que guarda magoa
tanta draga que faz medo
fazendo furdunso n'água.
Na caixa d'água o peixe
com seus deixe e queixes
vivendo com enfeite
em mundo, com seus feites.
Caixa de macha que encaixa
na carreira do seu tempo
pela engrenagem da caixa
vai encaixando o momento.
Antonio Montes
NA GAVETA
A minha gaveta velha,
além de rígido para abrir e fechar...
ainda guarda cacos e cacarecos
e grilos que vivem a rondar.
... Peças velhas, recibo de frete
bilhetes de escrito amassado
cartas manchadas, confetes
de um eterno carnaval passado.
Grampos e bob's para cabelos
um broxe estorvando um canto
guarda também um lenço branco
que um dia, enxugou seu pranto.
Pregos, canetas, tachinhas
ate uma meia velha, vi ali,
ali só tem coisas minhas
mas tantas, que nunca vi!
Um enredo de um segredo
segredo que quis preservar
... Preservar, todavia é sedo
para um dia, em segredo chorar.
Antonio Montes
NA BAMBA
Porque me toma,
na bamba me zomba
com essa tromba
com cara de bamba.
Pitombas! me ronda
n'essa quizomba...
Toma e arromba
na onda de banda.
Porque me toma,
e estronda bomba
na bamba banda...
Na unha de panda.
Antonio Montes 05/03/17
Sol na estrada aquece nossa caminhada,
lua na janela ilumina o coração,
Um gentil sorriso desfaz solidão.
Sol, lua e sorriso, a mesma empreitada.
Onde foi que deixei minha vida,
Nas esquinas dobradas sem rumo,
Muito longe no tempo esquecida
Só as lembranças na alma avolumo.
O MUNDO
Navego dentro de mim
o rumo que o mundo esqueceu
procuro o dono de tudo
e esqueço, que o mundo, sou eu.
Esse mundo se foi com as flores...
Floresta, norte sul, leste oeste
adeus frutos, adeus amores
tudo hoje, tornou-se agreste.
Com toda água poluída
até mesmo nos lençóis...
O chão, sem verde, sem vida
o ar, não é mais para nós.
Os rios estão soterrados
pelos arados do chão
os peixes, todos finados
não sustentam mais coração.
Cadê os machados que um dia!
Propagaram esse meu fim
hoje jaz! Estão finados
nem esperaram por mim!
Mas eu vou, um dia vou...
Como todos que estão indo
nesse dia de muito horror
vou com tudo aluindo.
Antonio Montes
SEU CORPO
Seu corpo é asas que vagueia
e voa abanando o meu querer
expele no tempo e me tonteia
a ginga e o feromonio de você.
Ao bailar sobre a calçada
em passadas e seu balançar
meu peito se queima em brasa
com a vontade de te amar.
Você se vai, se manda, some
deixa-me solto em meu pensar
noite em sonho, sou um homem
falecido, por esse seu vagar.
O sol rasga o tenso escuro
iluminando, alegre amanhecer
e eu acordo, sonhando no mundo
sonhos que me arrastam a você.
Antonio Montes
MEU PÁSSARO
Canta oh, meu pássaro
que a noite longa vem
a qual eu passo sonhando
com os braços do meu bem.
Voa, voa meu pássaro
pelo espaço do tempo
diga meu amor que me acho
perdido em pensamentos.
Meu pássaro leve p'ra mim
um recado há minha flor
diga que o meu jardim
já murchou sem seu amor.
Se suas asas no espaço
embaralhar sob pressão
não me deixe aqui, meu pássaro
arrastando o coração.
Antonio Montes
NO QUILO
Estou no quilo
por aquilo
que eu comi
lá no almoço.
Dias dóceis
dias de sal e outros
mas muitos desses
... São insossos.
Estou no quilo
desse grilo
que me íntica
até o pescoço.
Lá em cima
é só desvio
e para baixo...
A sobra é osso.
Antonio Montes
Ladrões de palavras
Sou poeta, sim senhor,
por isso ninguém vá reparar
poemas e cantos de amor
é o que mais gosto de espalhar
Muito normal, acho, não sou,
mas tenho a felicidade,
meu coração se bastou,
nem precisa de realidade
Caminho em letras e sons,
não desafino, nem erro,
pinto o mundo nesses tons,
encontro poesia onde quero
Não preciso de bengala
buscando em outros ajuda,
nem modificar textos e falas,
isso é caminho para a Papuda!
ASSADO DE CADA DIA
O padeiro, cheira o cheiro do pão
cheira a tabua o moinho e a farinha
o mel, a pimenta o sal o açafrão
e as vasilhas que tem na cozinha.
Cheira o cheiro mesmo dormindo
e os sonhos que te levam aos dias
trabalha a massa, amassa sorrindo
o pão nosso, assado de cada dia.
O padeiro em seu zelo tagarela...
Tricota os desvios do parlamento
e vive a vida, com luz, a luz de vela
e segue seu sonho no sentimento.
Com sua munheca, bate e rebate
perdeu lugar p'ra maquina sapeca
foi p'ra fila disputar o seu impasse
assim ficou, sem o café na caneca.
Antonio Montes
MUNDO OVO
Meu cavalo corredor
pelos trilhos, pelas tardes
vai marchando ao por do sol
para matar as saudades.
Todo dia voa aos ventos
galgando seu arrebol
entrega-se aos sentimentos
no tempo do por do sol.
Vai cavalo em sua chama...
Chamegando de paixão
pela poeira, pela lama
com fogo em seu coração.
Cal vague em seu por do sol
em cada noite um dia novo
disfarça do povo o anzol
nesse nosso mundo ovo.
Antonio Montes 2
SE PERDE
Se perde logo ao nascer
na vida que se dissipar
na criança de você
em palmadas que ínsita.
Se perdeu quando andou
com seus passos e passadas
pisou falso e escorregou
perdeu-se na encruzilhada.
Na vida jovem, nas jardas
perdeu-se para não morrer
e p'ra sanar a fome da casa
esqueceu-se de se perder.
Perdeu-se nas águas do norte
carregada da cacimba
caneca no fundo do pote
mata sede com a moringa.
Se perdeu querendo achar
o rumo leve da vida
na tarde que levou chorar
com a partida perdida.
Perdeu-se por um acaso
no causo alto dos planos
o mundo ficou em arraso
no juntamente dos anos.
Perdeu-se em sua subida
para o alto pico do estima
depois perdeu na descida
sem se encontrar com a rima.
E quando tentou voar
se perdeu em meio aos ventos
e embrenhou-se nas feridas
feitas pelos sentimentos.
Perdeu-se na serenata
com olhar pela janela
nem de perto não pensava
que seu reinado era d'ela.
No caminho para o trabalho
se perdeu na profissão
depois, disputou a fila
com toda fé dos cristãos.
Perdeu-se em sua junção
de amor pela promessa
e enterrou-se na solidão
distanciou-se da quermessa.
Um dia perdeu o voou
antes mesmo de voar
chorou pelo seu amor
sem ter tempo de amar.
E na estrada da vida
perdeu o jeito de viver
estava ela, tão colorida!
Quando perdeu p'ra morrer.
Saiu perdendo em tudo
até mesmo p'ra ganhar
nunca cismou que o mundo
se perdeu para chorar.
Antonio Montes
RODAS RODAM
Roda que roda o chão
para fazer mungunzá
suga a cana do bagaço
só p'ra ver caldo jorrar.
Roda a casa de farinha
a mandioca e a rapadura
fornalha com sua chama
vida com sua amargura.
Roda pipa sobre o vento
borda o sol no azul do céu
abobalha os sentimentos
logo abaixo do chapéu.
Um dia a roda rodou
sem ter tempo de parar
rodou as lagrimas do amor
nas ondas alem do mar.
Antonio Montes
ALUIR DA LUA
A lua, alua com sua prata
e vai reluzir com eu manto
as cachoeiras e cascatas
com as flores lá dos campos.
Vai iluminar o agouro
transado pela noite escura
ouvir, gritos seguidos de estouro
e os pios das velhas corujas.
A lua, alua com seu véu
junto as estrelas do firmamento
e deixa seus rastros no céu
rubricando seus sentimentos.
Depois segue para aurora
chorar a esperança sua
sem o seu sol vai embora
e deixa saudades nas ruas.
Antonio Montes
BATE PILÃO
Bate mão, bate pilão...
E a correia da escravatura,
bate as lagrimas do coração
no tremor da vida escura.
Bate a saudade danada...
Dos sentimentos passado,
bate o coração da amada
de amor por seu amado.
Bate pilão bate peneira...
Sobre o vento com arroz,
bate a vida derradeira
pelo futuro ao depois.
Bate todo suor do rosto...
Pelo imposto a ti proposto
as vontades dos seus gostos
batem, quebrando os ossos.
Antonio Montes
MUITOS ACHAM.
Escrevo pensando no hoje
E me esqueço do amanhã
Escrevo como se estivesse dormindo
E muitos acham que estou mentindo