Quadras e Trovas
TROVA - 121
Uma flor eu dei a ela
Demonstrando o meu amor,
Só não sei quem é mais bela -
Se é ela ou a flor
TROVA - 71
Juntei farrapos de mim,
Remontei-os, calmamente,
E hoje me visto, assim,
De esperança, novamente.
TROVA - 73
Ao poeta - uma só musa -
Isto parece perfeito,
Mas meu coração recusa
O teor de tal conceito.
TROVA - 74
Já é loucura... sei lá...
Isso tanto me consome,
Pois, por onde quer que eu vá,
Vou soletrando o teu nome!
TROVA - 75
Teus olhos são brilho d'aura
Inspirando o trovador,
Poesia que restaura
O sonho do sonhador!
TROVA - 76
Dos beijos que ela me dera
Tecendo juras de amor,
Embora tudo quimera,
Eu guardo n'alma o sabor.
TROVA - 77
Há um passado que tem
Na memória o seu abrigo
E existe outro, porém,
Que lembrar é um castigo!
TROVA - 78
Em murmúrio, ela jurou:
- Amar-te-ei toda a vida!
Mas o tempo revelou
Que a jura foi esquecida.
TROVA - 79
Ao fitar o firmamento...
Das estrelas o fulgor,
Quem não aplaude o talento
Desse Artista Criador?!...
TROVA - 80
Quando provo do seu beijo,
Eis o efeito, acredite:
Mais aumenta o meu desejo
E (muito mais) o apetite!...
TROVA - 128
Seu vestido coladinho
Mostra tudo, nada escapa...
Confesso, fico doidinho,
Do seu corpo, olhando o mapa!.
TROVA -129
Pelos degraus da conquista
Quanta gente quer subir!
Mas, sem ter fé, não insista! -
Vai tropeçar e cair!...
TROVA - 113
Quando acaba, o amor deixa
Uma herança de verdade:
Quando não é uma queixa,
Deixa, n'alma, uma saudade!
TROVA - 114
Suponho que algum mistério
No seu encanto se instala!
Quando eu a vejo, é sério,
Estremeço e perco a fala!...
TROVA - 115
O meu coração vivia
Só de enredo em enredo,
Até que aprendeu, um dia,
Que o amor não é brinquedo.
SONETO À TROVA
Muitas lições de Vida em quatro versos,
Sabedoria singular resumida
Que o trovador insone lapida
Dia após dia, concentrado, imerso.
A dificuldade não o intimida
Pois necessita superar o adverso,
Em poucas rimas tirar do Universo
Pérolas lindas ou ricas jazidas.
O poeta é garimpeiro solitário
De ritmos, sons, balanços e palavras
Encadeadas como contas do rosário.
Inflando o coração de sentimento,
O trovador exibe sua lavra
De abençoadas gotas de alento!
TROVA 6.
Não destruas com teu ciúme
Quem só amor te ofertou
Pois o Sândalo deixa perfume
No machado que o cortou.
TROVA 7
Se quiserem viver das rosas
Tens que ter muito carinho
Apesar de serem formosas
Rosas também tem espinho.
TROVA 5.
Se teu amor não mereço
Para que ter teu sorriso
Pois longe de te padeço
É desse amor que preciso.