Quadra de Amizade
O vento que vem de lá
Entra sem eira nem beira
Descabela o mundo de cá
Abre a janela, venta e incendeia.
Nunca permitiria que quem não vestisse uniforme e jogasse todo santo dia determinasse o que se fazia na quadra de basquete.
A distância e o tempo vai...
Apagando uma história
coração endurecido se abstrai
logo fica sem memória.
MUITOS ACHAM.
Escrevo pensando no hoje
E me esqueço do amanhã
Escrevo como se estivesse dormindo
E muitos acham que estou mentindo
EU.
Eu te quero sim,
Mas sinto que falta uma parte de mim.
Eu te quero, não.
Mas toda vez que digo isso pesso perdão
Sol na estrada aquece nossa caminhada,
lua na janela ilumina o coração,
Um gentil sorriso desfaz solidão.
Sol, lua e sorriso, a mesma empreitada.
Onde foi que deixei minha vida,
Nas esquinas dobradas sem rumo,
Muito longe no tempo esquecida
Só as lembranças na alma avolumo.
A CHAMA
Beijo na boca louca
molhou pedaços de mim
molhou minha voz rouca
me fez feliz, me fez sorrir.
Fez meu coração pulsar
como asas de um beija-flor
meu corpo na sede de amar
meu peito, doido de amor.
As vontades explodiram
E vagaram na imensidão
seu beijo é tudo aquilo
que atiçou minha paixão.
Sem seu beijo, hoje me vejo
um pássaro no chão sem asas
toda vez que eu te beijo
minha chama vira brasa.
Antonio Montes
BIELA DO TEMPO
Bate sol, sobre janela
em amanhecer tão lindo
luar de luz, pura e bela
sorrir ao dia surgindo.
O galo no seu terreiro
bate asas a cantar
com ar magico faceiro
puro límpido respirar.
Pássaro no alto galho
canto e suas notas
farra em seu farfalho
maestria com chilrear.
Piaba lá no riacho
salta alegre ao navegar
marinheiro é macho
sereia sabe encantar.
Antonio Montes
ASSADO DE CADA DIA
O padeiro, cheira o cheiro do pão
cheira a tabua o moinho e a farinha
o mel, a pimenta o sal o açafrão
e as vasilhas que tem na cozinha.
Cheira o cheiro mesmo dormindo
e os sonhos que te levam aos dias
trabalha a massa, amassa sorrindo
o pão nosso, assado de cada dia.
O padeiro em seu zelo tagarela...
Tricota os desvios do parlamento
e vive a vida, com luz, a luz de vela
e segue seu sonho no sentimento.
Com sua munheca, bate e rebate
perdeu lugar p'ra maquina sapeca
foi p'ra fila disputar o seu impasse
assim ficou, sem o café na caneca.
Antonio Montes
SEU CORPO
Seu corpo é asas que vagueia
e voa abanando o meu querer
expele no tempo e me tonteia
a ginga e o feromonio de você.
Ao bailar sobre a calçada
em passadas e seu balançar
meu peito se queima em brasa
com a vontade de te amar.
Você se vai, se manda, some
deixa-me solto em meu pensar
noite em sonho, sou um homem
falecido, por esse seu vagar.
O sol rasga o tenso escuro
iluminando, alegre amanhecer
e eu acordo, sonhando no mundo
sonhos que me arrastam a você.
Antonio Montes
MEU PÁSSARO
Canta oh, meu pássaro
que a noite longa vem
a qual eu passo sonhando
com os braços do meu bem.
Voa, voa meu pássaro
pelo espaço do tempo
diga meu amor que me acho
perdido em pensamentos.
Meu pássaro leve p'ra mim
um recado há minha flor
diga que o meu jardim
já murchou sem seu amor.
Se suas asas no espaço
embaralhar sob pressão
não me deixe aqui, meu pássaro
arrastando o coração.
Antonio Montes
MINHA ALMA
A minha alma tem lagrimas
que outro ser não pode ver
é com tristeza n'essa cara
que mostro lagrimas a você.
São lagrimas causada de dor
a derramar-se no peito meu
águas que, se transformou em
sangue... Devido o seu adeus
Eu choro com a minha alma
lagrimas que não molha o chão
se meus olhos não vertem água
é porque choro com coração.
Minha alma também voa
com asas dos sentimentos
voa pelo norte, sul e a toa,
sob o tempo e os ventos.
Antonio Montes
RENDA DO SERTÃO
Mulher rendeira de renda
arrenda terra no sertão
a renda que tu propaga
não paga meu coração.
Vou arrendar a casaca
arremedando solidão
o remendo d'essa ingrata
remendou o meu coração.
Arremedarei essa vida
no verde dos planos meus
e se houver a partida
partirei lagrimas, adeus...
E nesse sertão tão vasto
reina a seca, junto ao sol
os passos por velhos pastos
passeiam pelo arrebol.
Antonio Montes
MEU QUINHÃO
Meu retrato na parede...
Não bebe água, nem sede
a esperança em seu olhar
todavia, vive verde.
É terra seca rachada
é pesadelo sob rede
cabo seco com enxada
e esperança, toda verde.
É vento secando sertão
estrada que passos prende
é fé amarrando coração
é aprende no seu alpendre.
E o velho prato da casa
sobre mesa, seu esmalte
tudo exposto na tabua
com tabuada de quilate.
Antonio Montes
Bem pessoal, ou "Pessoando"
(Nilo Ribeiro)
Um amor leve,
me fez apaixonar,
mas foi um amor breve,
a saudade me fez chorar
escrever em quadras,
de modo bem pessoando,
me faltam palavras,
mas continuo te amando
não faz sentido,
escrever assim,
um amor perdido,
e a saudade em mim
as quadras que poetizo,
são todas de amor,
nelas eu exorcizo,
toda minha dor
são quadras, não poesia,
não há sentido completo,
talvez se ela voltar um dia,
eu faça um grande verso
remendar,
é pior que refazer,
te amar,
é melhor que escrever
quadra não tem enredo,
nem faz parte da vida,
é apenas um enlevo,
para a mulher querida
não tem fechamento,
não tem final,
tem apenas o lamento,
de um poeta passional...
QUASE QUASE
Tão perto do morro
tão perto da lua
o urro do lobo
os passos na rua.
A cara pintada
o passo a mímica
fictício a risada
truque d'essa vida.
A bola no campo
a água a cacimba
o pote o quebranto
o peso da moringa.
O vulto da noite
enchendo de pinta
o amor e o açoite
a moeda tilinta.
Antonio Montes