Próprio
A vida é um jogo de xadrez, a movimentação de uma única peça, aponta para uma grande quantidade de outros movimentos.
Eu acredito que o poder do "NÃO" é absurdamente libertador. Dizer "NÃO" é nosso seguro, para não nos tornarmos escravos e codependentes.
De fato: O vilão só e vilão quando a história é contada pelo herói. Porém quem garante que o vilão seja mesmo o vilão e ele engana para as pessoas pensarem que o herói que contou a história é o vilão?
Decidi que dificilmente deixarei-me ir.
Pois, sempre que me fui, eu fui a única que senti falta de mim.
Uma alma sem liberdade, não há como encontrar o seu caminho.
Permanecer num lugar onde a alma não se sente conectada, é não pertencer a lugar nenhum.
É preciso amar a si mesmo, de modo tão intenso, a ponto de não querer se entregar a qualquer pessoa.
Na busca demasiada no outro, o sujeito suprime irrefletidamente a si mesmo; Suplanta cada vez mais o amor-próprio com habitude recorrente, originando desta forma, uma autosabotagem em todos os ensejos e episódios envolvido.
Inexoravelmente, obrigamo-nos a acreditar que antes de tudo, devemos achar a felicidade em nós mesmo para posteriormente pensarmos em partilhar com alguém. Logo, iremos constatar que sensatamente, esse é um paradigma genuíno e por certo incontestável.
Fragmentos da Alma: Uma Busca Interior
As ausências gritavam em mim como espaços vazios em uma velha casa. Eram partes de quem eu fora, talvez de quem eu poderia ter sido, agora dispersas pela jornada. Algumas, lembranças esmaecidas de um caminho incerto, perdidas em desvios e encruzilhadas. Outras, cuidadosamente depositadas em uma gaveta esquecida – um relicário empoeirado no recôndito do quarto, onde o tempo parecia ter parado, carregando o peso de versões abandonadas.
Ah, essas múltiplas faces que o espelho refletia, nenhuma delas inteiramente familiar. Eram máscaras provisórias, moldadas por expectativas alheias e tentativas vãs de me encaixar em contornos que jamais foram meus. Qual delas, eu me perguntava, era a verdadeira? E, mesmo que a encontrasse, como poderia vesti-la sem sentir o tecido estranho, as costuras apertadas em minha própria pele?
Foram inúmeras as investidas, os contornos forçados contra moldes alheios, na busca por um encaixe ilusório. Em que me tentava enquadrar, afinal? A própria forma se esvaía, tornando-se uma sombra indecifrável na neblina da minha confusão.
Naquele labirinto de identidades provisórias, eu me perdi de mim. A busca pela essência, pelo núcleo indivisível que me definia, esmoreceu como uma chama vacilante. O sorriso, antes espontâneo como o desabrochar de uma flor, tornou-se um exercício consciente. E mesmo quando meus lábios se curvavam, pairava a dúvida cruel: era alegria genuína ou apenas uma pálida imitação, uma resposta condicionada ao espelho do mundo?
A jornada de reencontro era árdua, um caminhar hesitante por um terreno desconhecido. Alguns dias, os passos eram lentos e arrastados, como se o próprio tempo conspirasse contra a urgência da descoberta. Em outros, a esperança acendia um farol distante, impulsionando-me por sendas mais longas, mas promissoras.
Mas eu pressentia, no murmúrio silencioso da alma, que o encontro era inevitável. E quando, finalmente, reconhecesse meu próprio reflexo, límpido e despojado de artifícios, ah... naquele instante, eu ergueria uma muralha intransponível contra qualquer sombra que ousasse me desviar da luz reencontrada. Jamais permitiria que os fantasmas do passado me arrastassem de volta ao labirinto. A liberdade de ser, em sua plenitude, seria meu tesouro mais precioso, guardado a sete chaves no santuário do meu ser.
"Há uma antiga história que se passa através de gerações, ao longo dos anos, séculos e milênios, válida até os dias atuais. Trata-se de uma busca, muitas das vezes interminável, de algo que a maioria das pessoas não sabe ao certo o que é, mas que as motiva a procurar, ainda que involuntariamente, respostas para perguntas que nos afligem no dia-a-dia, tais como: Quem sou eu? De onde vim? Para onde vou? Por que estou aqui? Existe vida após a morte? Deus existe? Quem é Deus?!
Muitos são os que procuram ao longo de suas vidas, mas poucos encontram, felizes daqueles que ao encontrarem, cultivem perenemente, tal e qual a chama tênue de uma vela na escuridão. Na maioria das vezes procuramos em diversos lugares, alguns distantes, não raro em peregrinações por outros países (caminhos de Damasco, Jerusalém, Machu-Picchu, Pasárgada ou Santiago de Compostela), outras culturas, outras civilizações, outras religiões, outras filosofias de vida.
E, finalmente, quando alguns encontram o que tanto procuravam e dão por encerrada a busca, constatam que na realidade o que tanto buscavam sempre estivera com eles, muito mais 'próximo' do que imaginavam, no âmago de seu ser, aguardando tão e somente o despertar de sua própria consciência, para que lhes fosse revelada a essência divina, através da comunhão do "eu" menor com o Eu maior, através da sintonia com DEUS, Onisciente, Onipresente, Onipotente!"