Profundidade
Você sempre me olhava como se quisesse dizer algo. Seus lábios entre abriam, formavam círculos estranhos e mal feitos. E então, seus olhos buscavam um novo alvo, não mais os meus. Desciam até minha boca, talvez. Observavam a parede clara, independente do quão longe ela estivesse. Era nesses momentos que eu sabia que você não diria nada. E que o seu silêncio poderia significar inúmeras possibilidades. O que passava na sua cabeça, cada vez que me via sorrindo ou parecendo cansada? Tinha algum efeito em você? Por que seus olhos não dizem o que você sente? Talvez você seja, apenas, incapaz de sentir. Incapaz de distinguir o que sente, e a profundidade desse sentimento. Talvez apenas fosse orgulho, medo de admitir que você estava, sim, se apaixonando por mim. Talvez, seu tipo ideal não existisse. Talvez tudo girasse em torno de mim.
Esperei a vida inteira. Hoje nada mais importa. Apenas a leveza do ar, o amor verdadeiro, a intensidade da vida, a profundidade do tempo, a magia do momento, o mistério do universo e a paz de espírito.
Intimidade é aquele esforço manso e contínuo de decifrar o outro, como quem lê um livro de páginas antigas, o cheiro de papel envelhecido subindo e misturando-se com o café quente da tarde. É quando o olhar se detém nas entrelinhas dos gestos, nos silêncios que falam mais alto do que palavras.
Viver a intimidade é entender que o outro é um universo, e a cada dia é preciso aventurar-se em suas galáxias, percorrer suas crateras, desvendar seus segredos mais escondidos.
É querer saber qual a música que faz o coração dela bater mais forte, o que faz os olhos dela brilharem e se encherem de água. É perceber as pequenas rugas que o riso desenha ao redor dos olhos, e amar cada marca como se fosse um mapa do tesouro. Intimidade é estar presente na ausência, é reconhecer o peso das palavras não ditas, é saber a hora exata de um abraço silencioso.
É suportar as tempestades juntos, sabendo que depois da chuva o sol sempre encontra um jeito de brilhar novamente.
É respeitar os limites do outro, sabendo que não se pode invadir sem permissão, mas também é ter a coragem de mostrar suas próprias fragilidades, desnudando a alma sem medo. É aprender a linguagem do toque, do olhar, do silêncio. Intimidade é, acima de tudo, um ato de coragem e entrega, um esforço constante para conhecer o outro, em sua essência mais profunda, e amar essa essência com toda a força do coração.
Sabe quando foi que deixamos de enxergar a alma das pessoas e nos conectar a elas?! Quando passamos a ter medo de encarar nossa própria verdade, profunda e dolorosa.
A comunicação é a forma mais rápida de conexão, todavia são os sentimentos que definem a profundidade da mesma.
Percebo afinal meu pecado...
Em silêncio mais profundo...
Faria piedade a toda a gente...
Esta pena, esta dor...
Este é o preço da vida e todo o seu valor...
Horas que perdemos...
Vão pelo espaço acompanhando os astros...
E todo este feitiço e este enredo...
Na luta dos impossíveis...
Tão profundo meu segredo...
Das profundas paixões...
Dor infinita...
De guerra e amor e ocasos de saudade…
Da alma o profundo e soluçado grito...
De que fui para ti só mais um neste vasto mundo...
Hoje triste ouço a solidão...
Da luz que não chegou a ser lampejo...
Da natureza que parou chorando...
Diante meu descontamento...
A vida é assim, uma ânsia…
Fazes o bem...
Que terás o mal por paga...
E o sonho melhor bem pouco dura...
Por tanto querer-te...
Recebi amarguras...
Pouco antes...
Nada agora...
E a princípio não percebi...
Como chegastes...
Partiste...
Mas levastes um pouco de mim...
Na profundidade dum desencanto...
Fiz-te doçura do meu coração...
Não compreendestes...
Mudarás, todos mudam...
Mais tarde em tua vida, um dia, hás de tentar
revolver da memória este tempo de agora…
E sentindo então o vazio...
Lembrarás do deixado para trás...
Não se vive outra vez...
E o tempo a tudo vence...
Fostes embora...
Mas fiquei em paz...
Sandro Paschoal Nogueira
Aqui da a pé,
e apesar de eu ter Certeza Absoluta
que Aqui da a pé, que Aqui é seguro;
Eu tenho Medo,
tenho Medo de acabar Caindo,
Medo de acabar me machucando,
Medo de acabar percebendo,
no meio do Caminho,
que apesar de dar a pé,
pode não ser tão Raso como parece.
o caminho de areia está mais Extenso,
e a água vai só até a metade,
claramente será seguro se eu caminhar
até onde eu vejo que posso.
Eu não gosto das partes Rasas pois sinto como se todos estivessem me olhando, me julgando e eu não consigo
me Esconder por que está raso demais;
me sinto Amostra,
totalmente Amostra, me sentindo
Vulnerável,
e eu Odeio estar Vulnerável.
mas pelo outro lado, eu também não gosto da parte funda, por que me sinto
sufocada, sinto que
A Qualquer Momento,
a água vai simplesmente pular
em cima de mim, me arrastar para o fundo, prender meus pés com lama, assim
fazendo com que eu me sufoque
e Morra Lentamente.
as coisas são assim,
a Vida é assim,
Eu sou assim,
Eu Detesto sentir uma Profundidade
que não seja a minha,
Eu Não Sei Lidar com a Profundidade Alheia,
se estou em Minha Própria
Profundidade,
o fundo onde estou Acorrentada
Me Acolhe,
Me Aconchega,
mas quando estou envolvida
com os Sentimentos
extremamente Escuros
de outras pessoas
ou os Sentimentos Claros Demais,
me sinto Afogada.
envolvida com suas Cobranças,
seus Traumas,
seu Amor,
me sinto Sufocada,
sinto que posso Me Afogar a qualquer momento.
Não Sei Lidar Comigo Mesma, como poderei Lidar com outras pessoas?
parece que a Única Solução é desaparecer nesse mar de profundidades,
nesse mar de Solidão.
O movimento de uma cura começa no mergulho para dentro de si e o resultado se apresenta sutilmente, de dentro para fora. Não há como o broto emergir sem antes desenvolver suas raízes na profundidade do solo que a recobre.
você diz que a minha poesia arde
mas se eu dissesse que ela queima porque ela é real
que ela deságua porque já foi mágoa
que ela transborda porque já foi rio
que chora porque hoje sorrio
você riria ou ainda a apreciaria?
se dissesse que ela grita porque meu coração que a amplifica
e toca porque minha alma personifica
que conforta porque é onde meu peito crava
e goza porque faço amor com cada palavra
você me chamaria de sádico ou amante?
de poeta ou farsante?
se dissesse que ela aprendeu a bater porque já foi surrada
que ela puxa o gatilho
mata em legítima defesa
ateia fogo nas querelas
despe, caça e se faz de presa
você chamaria a polícia ou queimaria comigo?
abraçaria minha sensibilidade
ou procuraria alguém mais raso e menos poético?
ENTREGA
é embrulhar o seu melhor e endereçar a alguém.
é doar-se por inteiro, mergulhar fundo,
mesmo que hajam possíveis revés de falhas ou rasês.
é poético. é arte encontrando liberdade para se dissipar, revelando todas suas faces e nuances. é sair de si para habitar em algo, seja um projeto, causa ou relação. é baixar as guardas, ir de encontro ao desconhecido e deixar de ser um para ser dois.
a graça...
a farsa...
a paixão...
a emoção...
o que move...
o que paralisa...
o meu eu em você e todas as vezes que eu te disse te amo e adeus na mesma frase.
ser uma só, ser só uma
querer viver você todos os 86.400 segundos que tenho no dia
mas...
a distância nos separa...
está tudo bem, amor.... eu vou ficar bem.
(é provável que eu nunca seja sincera sobre a dor que te ver partir me causou... mas para não te ver sofrer, eu faço qualquer coisa)
pode ir... nos vemos daqui a pouco no paraíso.
A arte é uma expressão sublime da criatividade humana, uma manifestação que transcende a própria existência física do criador e do objeto criado. Quando um artista pinta outro grande artista, ele está capturando a essência da beleza e da profundidade de um ser humano que já transcendeu os limites do tempo e do espaço. É como se a tela fosse um portal para um universo de emoções, pensamentos e ideias, e o artista fosse o guia que nos leva por essa jornada inesquecível. Através de cores vibrantes, linhas expressivas e pinceladas precisas, o pintor nos mostra a alma daquele que já é imortal, e nos convida a contemplar a magia da criação artística em sua forma mais pura e elevada
as pessoas têm preguiça de ler textos longos,
têm preguiça de se dedicarem às relações,
têm preguiça de tudo que exige compreensão
e demande delas tempo e energia.
talvez por isso estejamos numa geração
de livrarias falidas e de gente vazia.
não se mergulha mais no amor,
não se absorve mais a poesia.
Ilha de pedra
Desesperou-se em fuga e remou forte, com muito peso de bagagem em tempestade naufragou
Flutuava sobre as águas inconstantes, adormeceu, o que sonhava em paz por instantes acordou
Não sabia onde estava, era frio incessante, doía nos ossos, sua alma amedrontou
O nascer do sol levava calor, sede, fome e esperança a quem se perguntava “quem sou?”
Não cessou seu inferno solitário, era muito quente, sua intensidade rugia e se desfazia
Não se pode ficar tanto tempo exposto ao sol, garganta seca, pouco gritava, pouco dizia
Neste mar de pedra não há abrigo que resfria, que agonia
Ali adiante haviam as águas e um vasto precipício de onde saltar
O medo das pedras afiadas exaltavam o grande risco de se detonar, machucar
O quão profundo e seguro seriam aquelas águas pra se mergulhar?
Quanto tempo sobreviveria ao sol a desidratar e queimar?
O impiedoso tempo indagava e obrigava uma escolha sábia tomar
Não se sabe como partiu
No fim desta história sabe-se apenas que foi o sol ou mar
nunca falei sobre ter algo sério mas sempre deixei claro que queria algo profundo. não teria sentido eu te querer só pra mim se nem pra mim eu te tinha. sem toque não há calor, sem abertura não há conexão de almas e eu felizmente ainda não aprendi a amar por telepatia. moça, eu te amava tanto com tão pouco de você pra mim, imagina se eu tivesse tanto de você o quão pouco seria o tanto que eu te amaria. (nunca pude usar o tempo verbal no presente pra falar de nós, pois, ou eu estava submerso na imensidão da sua presença, ou, em um mundo cheio de morfemas, eu tinha ar de sobra pra escrever esse poema)