Professor Mestre
Esquisitinho, deslocado, curioso, observador, explorador, pensador, estudioso, professor, conselheiro, escritor, filósofo. Poucos esquisitinhos se tornaram filósofos, mas muitos filósofos já foram esquisitinhos.
professor rude e mediocre forçam alunos a estudar.professor bom e gentil os alunos querem estudar por vontade propria e interesse.
Com o novo aluno resulta numa escola nova. Nas cinzas do velho aluno é enterrado o velho professor, o velho sistema, mas quem vai começar a nova forma de ser aluno?
Todo indivíduo deve alguma vez dar o passo que o afasta de seu pai, de seus mestres; todo indivíduo deve experimentar a dureza da solidão, apesar de a maioria das pessoas possuir pouca capacidade de resistência e voltar logo ao seu refúgio.
Em 1990, no começo do ano, minha primeira professora chegou com um Monza para a aula; dei-me ao luxo de ficar observando a então moderna antena que se recolheu quando ela desligou o carro. Era para sermos muito felizes, mas as reuniões já no começo do ano letivo, do mesmo jeito que acontecem hoje, fizeram com que ela deixasse a turma, que foi assumida pela professora Ester.
A Ester não tinha o Monza encantador, mas foi a minha professora do restante do ano. Ela me presenteou com o livro "A loja da Dona Raposa". Já são quase 30 anos, e o livro está guardado, podendo ser guardado por outros 30.
A dedicatória dela ainda está comigo: "só se aprende a ler, lendo; a escrever, escrevendo ; a amar, amando." Não a vi mais. Mas tenho a lembrança de alguém que marcou a minha vida.
Toda vez que vejo um amigo professor desempenhando seu papel de forma amorosa, lembro-me dela. E sei que estamos em alguma memória por aí, assim como ela está.
A professora que não mordia
Lá, numa pequena cidade no Sul do país, num minúsculo bairro, em uma escola miúda,com um pequeno número de professores, com pouquíssimos recursos, uma professora brava, sempre irritada; cansada de seu trabalho, desgastada pela carga que há anos lhe pesa sobre os ombros.
Por causa do desgaste ela sempre desconta a sua ira em alguém. Hoje a vítima foi a merendeira. Dona Nilda, como é chamada a professora, queria uma xícara para beber café.
Como já se sentia postergada quanto ao horário de ir à sala, proferiu seus impropérios, e, com palavras que não consigo escrever, porque estão todas no aumentativo, maltratou a coitadinha da Dirce. Depois pediu desculpas, disse que estava nervosa. Mas todos sabem que ela o faz rotineiramente. Ela sempre maltrata as pessoas e depois dá uma de vítima. Aí vem e pede desculpas, e age como se nada tivesse acontecido.
Hoje ela ultrapassou os limites. Sempre me dói muito observar a forma que ela trata aquele menino lá do outro canto da sala; ela grita muito com ele, de forma agressiva, embora seja muito quieto. Hoje ela perdeu toda a paciência, e, quando eu olhei para o menino, ele estava vermelho, parecia um pimentão, os cabelos arrepiados de tanto ele mesmo puxar. Os gritos da professora Nilda ecoavam por toda a escola, e, a cada grito eu sentia mais medo, imaginava-me no lugar daquele menino, que já tinha dificuldade quanto a assimilação, e
com os gritos, tenho certeza que os ecos não o permitem dormir. Na hora eu tremia todo, temia que um daqueles gritos passasse perto de mim, afinal, até agora tenho visto a impaciência da professora, e imagino que, caso eu erre, ela não pensará duas vezes antes de gritar perto dos meus ouvidos.
Eu nunca falei com ela, nunca ousei encará-la. Meu medo nunca permitiu. Na hora de ir ao banheiro, sempre espero por um descuido dela, saio de fininho, corro parecendo um fugitivo policial, fico em silêncio pelo corredor para não chamar a atenção de ninguém, infelizmente não tenho um amigo que me dê cobertura enquanto fujo. No retorno, venho em silêncio, espero por um novo descuido, e entro para o meu lugar, como se nada tivesse acontecido.
Nessa hora, geralmente ela está de costas. Ainda bem que não usa óculos. Não há riscos de me ver refletido nas lentes. Hoje ela está terrível, e eu, apertado. Os gritos dela não cessam. Em um momento de tensão ela deu um murro na mesa, e xingou alguém. Eu não sei a quem, mas ouvi, ela xingou!
Esperei o descuido, não aguentava mais. A necessidade de ir ao banheiro era muito grande. Então, preparei-me para fazer-me um ninja. E ela começou a escrever no quadro.
Chegou a hora de agir. Mas ao chegar na porta os braços dela, enormes, me alcançaram, me seguraram na altura dos cotovelos.
-Opa!!! Onde o senhor pensa que vai?- Ela perguntou olhando nos meus olhos, eu, pela primeira vez na vida olhei para ela.
-Vou ao banheiro. Respondi com voz quase inaudível. -Ao que ela me disse:
- Precisa pedir. Não há que ter medo. Dessa vez você vai, mas na próxima vez terá que falar comigo, eu não mordo...
Olhei bem, e pensei comigo:- Só falta morder agora; se está difícil aguentar os gritos, imagine uma mordida.
1990, uma escola em São Bernardo do Campo, e a minha primeira professora, Ester. Ela me deu um livro, "A loja da dona raposa". Tenho ainda o livro, e a dedicatória que ela escreveu. "Everton, só se aprende a ler, lendo, a escrever, escrevendo, e a amar, amando". O tempo passa e guardo as sabedorias que me ensinaram. Nem sei se ela ainda vive, se ainda é professora, mas sei que ela me ensinou algo relevante.
Eu tinha uma professora anônima, a Vida, e ela ficou escondida por muito tempo. Até que um dia começou a aparecer com frequência, e a trazer de suas lições, suas atividades, suas provas. Em uma dessas aulas, ela me trouxe você, e me ensinou a não mais conjugar verbos no singular; tudo em primeira pessoa do plural. Agora, já são anos, e em tudo, somos nós. Você é a alegria da casa, você é o barulho que não pode faltar, você é o amor que temos, e a felicidade que mora aqui. Feliz aniversário. Que o amor lhe seja um companheiro constante; que tua felicidade seja longeva, e o riso esteja sempre disponível ao teu rosto. Que em toda a poesia de tua vida, haja versos que tragam o amor, e todas as belezas que são frutos da vida. Amo você, do mesmo jeito que amo a mim.
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Estar sempre pronto a aprender valorizar o companheirismo e sempre seguir o exemplo do Mestre . ' .
Fluir as energias do amor, fruir das benesses da fé, observar os ensinos do Senhor, nosso Mestre Jesus de Nazaré.
"Os professores são o início de tudo. A falta de valorização na educação leva a um caminho único: da ignorância extrema."
O silêncio é meu professor mais novo, um velho cheio de rugas fundas duro e confuso, não responde perguntas, olha dentro de mim como se tudo que já tivesse uma resposta.
Meu paredão é dentro do mar
Mestre nunca me derrubou
Eu entrei no oceano nas asas de uma baleia
Mas eu fui no fundo da areia
Um boto foi que me levou
Quando a sereia cantou
Eu comecei a olhar
Mestre nunca me derrubou
O maior equívoco do sistema educacional é tomar o aluno por patrão de professor. É "abominável a escrava que toma o lugar da sua senhora"! Oxalá, a escola não esteja ensinando inversão de valores! E Eles juram que pagam meu salário. Se um aluno da rede pública custa para o estado 3.000 reais por ano, sou eu quem paga para ele está ali. Meu imposto de renda vai para onde? O termo "dar aula" é demais apropriado, na verdade, pagamos para trabalhar. E, muitas das vezes, sermos maltratados.(CiFA