Edgar Allan Poe (1809 - 1849) e uma das figuras mais excêntricas da literatura americana. Famoso mundialmente como o escritor que aperfeiçoou o estilo de contos e formatou um novo jeito de fazer histórias sobre crimes, com a criação da ficção policial.
É muito conhecido e adorado, no entanto, pelo seu estilo sombrio, gótico, que tende ao suspense e ao terror. Não é à toa que usamos este número mítico: veja quais foram as 7 obras de Edgar Allan Poe mais macabras que trouxeram fama ao escritor americano.
1. O Gato Preto (1843)
Quer superstição mais popular que essa? Todo mundo lembra de coisas sombrias ao verem gatos pretos, e a culpa é de Edgar Allan Poe.
Nesta história que acabou se tornando uma de suas mais famosas, um casal vive em harmonia cercado de animais, e o marido, protagonista, tem um carinho especial por um gato preto. Com o tempo, tomado pelo alcoolismo, o homem passa a desgostar de animais, maltratar o gato e, a partir daí, centenas de coisas horríveis acontecem. É um conto sobre culpa, loucura e terror, tudo ao mesmo tempo.
No entanto, não tenho mais certeza de que minha alma vive, do que de que a perversidade é um dos impulsos primitivos do coração humano - uma das faculdades ou sentimentos primários e indivisíveis que orientam o caráter do homem.
Edgar Allan Poe (O Gato Preto)
2. A Máscara da Morte Escarlate (1842)
O cenário gótico clássico: um reino, um castelo, um príncipe corajoso e imbatível, um baile e um objeto misterioso capaz de matar qualquer um que o toque, no caso, a máscara da Morte Escarlate.
Todos os elementos fantásticos de horror estão presentes neste conto que já foi adaptado inúmeras vezes para o cinema, teatro, televisão, e inspira até hoje contos grotescos famosos em todo o mundo.
Ali se descerrava uma luz de um escarlate profundo, através dos vitrais cor de sangue, e a escuridão das cortinas tingidas de negro era aterradora.
Edgar Allan Poe (A Máscara da Morte Escarlate)
3. Os Assassinatos da Rua Morgue (1841)
O investigador Dupin é considerado o primeiro personagem desse estilo dentro da ficção policial. Depois dele vieram Sherlock Holmes e Hercule Poirot, por exemplo. Nesta história, ele tem que desvendar o mistério do assassinato brutal de mãe e filha. A arte da dedução e um raciocínio lógico fora do comum são a fórmula do sucesso do detetive, e do conto policial mais famoso de Poe.
Sob esta fraca luminosidade, ocupávamos nossas almas em sonhos – lendo, escrevendo ou conversando –, até que o relógio nos advertia da chegada da verdadeira Escuridão.
Edgar Allan Poe (Os Assassinatos da Rua Morgue)
4. A Queda da Casa de Usher (1839)
Uma casa para lá de assombrada com moradores bizarros. Roderick Usher está prestes a morrer e chama um amigo, que narra a história, para passar seus dias finais com ele. Acontece que quanto mais Usher fica pior, mais isso reflete na casa.
É um conto cheio de fantasia, melancolia, acontecimentos sobrenaturais. Cada virar de página é para prender a respiração e, provavelmente por isso, é uma história tão reproduzida nas artes. Só no cinema, foram dezoito adaptações.
Não sei como foi – mas, ao primeiro olhar que lancei ao edifício, uma sensação de insuportável angústia invadiu o meu espírito. Digo insuportável, pois tal sensação não foi aliviada por nada desse sentimento quase agradável na sua poesia, com o qual a mente ordinariamente acolhe mesmo as imagens mais cruéis por sua desolação e seu horror.
Edgar Allan Poe (A Queda da Casa de Usher)
5. O Barril de Amontillado (1846)
É uma história sobre vingança, muito bem arquitetada, impressionante e criativa. Montressor, o protagonista, prepara um plano perfeito para matar Fortunato, um homem por quem alimenta um desafeto.
É perverso, cruel, mas ao mesmo tempo genial. Desses que a gente é capaz de ignorar a maldade para se identificar com o protagonista.
- Bebo – disse ele – à saúde dos que repousam enterrados, em torno de nós.
Edgar Allan Poe (O Barril de Amontillados)
6. O Poço e o Pêndulo (1842)
Terror psicológico puro! Um homem condenado pela Inquisição é deixado em um poço e sofre todo tipo de tortura. O conto brinca com diversos medos e angústias comuns aos seres humanos e é tão perturbador que também serviu de inspiração para cenas de terror comuns hoje em dia, ambientes escuros, porões, tortura psicológica: tudo veio da cabeça de Edgar Allan Poe.
Eu observava agora – com que horror é desnecessário dizer – que sua extremidade inferior era formulada por um crescente de aço cintilante [...] com uma navalha igualmente maciça e pesada, não havia dúvida da sina para mim preparada.
Edgar Allan Poe (O Poço e o Pêndulo)
7. O Corvo (1845)
O mais famoso de todos, o símbolo do macabro, do gótico, do sombrio. A figura do corvo é associada a tudo isso hoje em dia porque Poe decidiu criar este animal-personagem, que conversa com um homem que acabou de perder a sua esposa amada, Lenore.
É um poema denso, complexo, com muitas interpretações. Uma coisa é certa: se você se deparar com a figura de um corvo em um contexto de morte, assombração ou algo do tipo, estará ali também a imortalidade do ícone dark Edgar Allan Poe.
Repouso (em vão!) à dor esmagadora
Destas saudades imortais
Pela que ora nos céus anjos chamam Lenora.
E que ninguém chamará mais.
Edgar Allan Poe (O Corvo)
Sobre a biografia de Edgar Allan Poe: 40 anos de sombridão
O aspecto sombrio da escrita de Poe confunde-se com a sua própria trajetória de vida. Abandonado pelo pai e órfão de mãe, Poe foi acolhido pela família “Allan” que, apesar de terem lhe dado o sobrenome, nunca formalizaram a adoção.
Chegou a frequentar a universidade, mas já jovem tinha problemas com álcool e mulheres. Seu estilo boêmio e confuso de viver o levou a abandonar a família adotiva e tentar a carreira como escritor e crítico literário.
Nunca chegou a enriquecer com suas obras, pois entre publicações pequenas, amores frustrados, a morte da esposa (sua prima, que tinha apenas 13 anos quando se casaram), Poe acabou se afundando no alcoolismo e não pôde usufruir do sucesso, que só começou a experimentar nos últimos anos de vida.
Publicou diversas sátiras, críticas e poesias, mas é reconhecido mesmo pela sua habilidade única em escrever contos.
Morreu com apenas quarenta anos de idade, de causas desconhecidas, encontrado sozinho e desorientado, deixando para a cultura popular dezenas de influências relacionadas ao gótico, sombrio, mistério e terror.
Saiba mais sobre a vida de Edgar Allan Poe e suas frases mais memoráveis.
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