Presente para Melhor Amiga
Vício da fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.
As palavras só têm sentido se nos ajudam a ver o mundo melhor. Aprendemos palavras para melhorar os olhos.
Eu nunca fui a melhor pessoa pra ninguém. Eu nunca fui perfeito e nem nunca passei perto disso. Eu nunca me destaquei nem procurei por isso. Eu nunca soube agradar alguém corretamente. Nem nunca quis ser o melhor pra todo mundo.
Soneto XLIII
"Quanto mais eu pisco, então melhor vejo.
Pois durante o dia os olhos vêem coisas que não interessam;
Mas, em sonhando, eles te vêem
E obscuramente luminosos, no escuro se dirigem sozinhos;
Então tu, cuja sombra das sombras torna luminoso,
Como faria a forma da tua sombra um espetáculo feliz,
Ao dia claro com a tua mais límpida luz,
Quando para olhos que não vêem, tua sombra de tal forma brilha!
Como (eu digo) ficariam os meus olhos tão felizes,
Te fitando debaixo da luz solar,
Quando na noite profunda tua sombra somente sugerida,
Através do sono pesado em olhos que não vêem, assombram ainda?
Todos os dias são noites para se ver, até que eu te veja,
E noites, dias brilhantes, quando os sonhos te revelam ante mim."
Se mudar, que mude para melhor, pois já estava bom e estava meio ruim também, mas parece que piorou.
Acontece que agora eu não dou mais o meu melhor pra quem me dá pouco. Não corro atrás de quem não dá um passo por mim.
"É melhor aproveitar esta solidão indesejada para namorar um pouco a si mesma e ir se preparando para o amor que vem."
Se raciocinar fosse como carregar pesos, então vários raciocinadores seriam melhor do que um. Mas raciocinar não é como carregar pesos. É como uma corrida... Onde um único cavalo galopante supera facilmente uma centena de cavalos puxando carroças.
O doloroso na política é que, nela, ninguém procura se ampliar na direção do melhor do outro, e sim reduzi-lo à dimensão menor de quem julga.
Sempre achei que esse amor era coisa de quem não tinha nada melhor para fazer. Eu só o sentia porque estava infeliz naquela vida pacata. Só por isso. Resolvi então agitar a vida pacata. E comecei a sair mais de casa, enxergar as pessoas ao meu redor, mais viagens, mais baladas. Amor é coisa de gente pacata e agora que eu tinha uma vida agitada, poderia, finalmente, mandar esse amor embora. Tchau, coisinha besta.
O Melhor Possível
Olhai, não dominamos nosso futuro...
Amanhã, talvez não restem mais que as marcas de nossos passos no chão. E o que teremos feito?
Teremos sorrido o suficiente?
Amado o suficiente?
Aprendido o suficiente?
Não... Não nós, humanos, de passagem tão efêmera pelo mundo.
Talvez só tenhamos feito o máximo possível, isto é, se não nos tivermos prendidos ante tanta que coisa que atém ou inibe o espírito.
Às vezes somos muito insuficientes. Somos humanos! (...)
Ah, mas eu... eu não quero levar comigo essa sensação de desperdício.
Quero sair daqui podendo afirmar que vivi intensamente!
Que amei, que sorri, que chorei, que errei, que aprendi, que passei, sim, por este mundo de forma muito breve, talvez, mas quero levar comigo a certeza de que sempre vivi e procurei fazer o melhor possível!
É muito melhor cair das nuvens que de um terceiro andar!
Nota: Adaptação de trecho do livro "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis
Quanto à mendicância, é muito mais seguro mendigar do que roubar, mas é melhor roubar do que mendigar. Não! Um pobre que é ingrato, descontente, rebelde e que se recusa a poupar terá, provavelmente, uma verdadeira personalidade e uma grande riqueza interior. De qualquer forma, ele representará uma saudável forma de protesto. Quanto aos pobres virtuosos, devemos ter pena deles mas jamais admirá-los. Eles entraram num acordo particular com o inimigo e venderam os seus direitos por um preço muito baixo. Devem ser também extraordinariamente estúpidos. Posso entender um homem que aceita as leis que protegem a propriedade privada e admita que ela seja acumulada enquanto for capaz de realizar alguma forma de atividade intelectual sob tais condições. Mas não consigo entender como alguém que tem uma vida medonha graças a essas leis possa ainda concordar com a sua continuidade.
(A Alma do Homem sob o Socialismo)