Preguiça
No cair da tarde
A terra quente
Se esfria lentamente
Noites de verão
Que preguiçosamente vem
O negro tomando conta
Do imenso vermelhão
Um gostoso silêncio
Repousa no meu sertão
Mas que não pode emudecer
Meu pobre coração
Que anseia e deseja
Muito te ver.
Mas é claro que vou...
Não sou como o pequeno afluente
que sente preguiça e sai do rumo
transformando-se num pântano
Optei pelo mar
pelo grande oceano
Sou um rio
Corro com os peixes
me esbarro nas pedras
levo tombo
mas faço a cachoeira vibrar de espuma.
Se algum dia eu falar que te amo do tamanho da minha preguiça e da minha fome, é porque eu realmente estou te amando.
O sono é aquele amigo preguiçoso
sempre o último a chegar
Esquento o café e sento na varanda
o que será que eles fazem a esta hora
lá fora neste frio?
- me pergunto
não interessa - o vento corta
Aquele amigo preguiçoso
que quando senta no sofá não quer mais ir embora
invejo o gato que dorme desde cedo
Planejo o próximo dia,
as coisas que precisam ser feitas,
aquelas coisas de adulto sabe
Mas deixo o silêncio prevalecer
não sou submissa à ele,
apenas uma antiga admiradora
Aquele que sempre te deixa na mão
quando você mais precisa
Nem é tão tarde assim,
Preguiçosa, a lua, entre nuvens se esconde,
não sei de onde me vem a nostalgia,
não sei de onde me vem o desencanto,
eu canto assim tanta melancolia...
a noite é madrasta dos solitários
não tenho meta, não tenho itinerário
não é tão tarde assim...e a esperança definha
e o vazio de sala quarto e cozinha
silencia risos e promessas
nem é tão tarde assim... e já é tarde...