Predador e Presa
A gente vive em uma selva de pedras onde somos a caça e também o caçador , então sobrevive quem for o mais esperto e o mais rapido .
Sou como um gato e você um rato
Sou um caçador e você é minha caça
Hoje eu te caço e amanhã não haverá caçada
Dois lados
O do caçador e o da caça ;estes
dois lados podem confundir-se,
na medida em que estas duas
forças se confrontam ;o caçador
vira a caça ,e a caça transforma-se
no caçador ;pense nisso antes
de fomentar um briga.
Nossa natureza é perfeita, Águia é caçadora e Cobra uma pobre caça, mesmo sendo ruim até de digerir.
Um dia é da caça, outro do caçador, e o dia que for o dia dos dois, ambos morrerão se não houver paz.
A caça e a caçadora II
"O tiro foi dado
Sai do canto onde fui acuada
Me antecipei a caçadora e apertei o gatilho
Imaginava não haver mais espaço para tamanha angústia no peito
Errei!
O tiro foi de grosso calibre, mas não me abateu
Os ferimentos são graves
A dor indescritível
O grito abafado
As lágrimas quentes
O tempo se arrasta e as feridas continuam sangrando
A caçadora se retira, silenciosa
Não lhe apetece ver o sangue jorrar
Sigo inerte tentando avaliar o estrago
Pode-se morrer de um tiro metafórico?
Não posso afirmar nada
Sei apenas que a dor é física e real demais pra suportar."
Iasmin Borges
Caça e Caçador
Um dia a gente descobre que o significado das palavras, nem sempre corresponde ao que está no dicionário. O Aurélio, por exemplo é racional demais para capturar a sutileza dos sentimentos, para buscá-los onde a semântica não chega e à luz da emoção resignificá-los. Talvez isso caiba aos poetas, prosadores e cronistas, talvez não.
Eu, sempre achei que caçador era "aquele que pratica a caça", aquele que mata animais para se alimentar. Até aí tudo bem. O que o Aurélio não diz é que caçador também é uma metáfora nada poética para designar caçadas sentimentais, amorosas ou de cunho sensual.
Há homens que se sentem altamente atraídos por essa atividade milenar herdada dos seus ancestrais. Habilidosos, eles usam de todas as armas, manhas e artimanhas que estiverem ao seu dispor para abater a presa escolhida e, se aprimoram a cada uma que têm exito. As recatadas, tímidas e introvertidas são as suas preferidas, porque são essas as que vão se debaterem, resistir, fugir e quanto mais elas fizerem isso, mais endorfina o corpo deles libera e maior é a sensação fisiológica de prazer.
Quanto mais a presa correr, maior é a adrenalina que envolve a caçada e consequentemente maior é a satisfação. Quando a presa exausta se rende, a endorfina deles diminuí drasticamente, a adrenalina zera e o interesse acaba. Depois da presa abatida só resta tirar-lhes a pele para revestir o seus egos. E assim, eles seguem caçando outras, não porque necessitam, mas simplesmente, porque esse é o hobby preferido deles.
"Nesta selva sou caçador e não caça, sou feroz e astuto, reino sempre absoluto, pois quem me criou me fez caçador, tornou-me cabeça e não cauda."
A vida é realmente uma caixinha de surpresas
Um dia é da caça...
Outro do caçador.
Corremos atrás de ouros sem conexões
E quando encontramos as borboletas
Damos um giro em nossos corações
Firme em seu propósito - mirou a felicidade - e com a dedicação de um caçador ao perseguir a caça, foi ao seu encontro.
Tem quem venha
e tudo tenha
os que passam e tudo passa
neste passado, caçador e caça
os que deixam marca
e o não marcado, embarca
pra não mais, os sem valia
também tem, ainda bem
são os que ficam na poesia...
© Luciano Spagnol
15/05/2016
Cerrado goiano
Poeta mineiro do cerrado
Caça e caçador
O veneno destilado
dos deuses enfurecidos
me instiga a delirar
entre copos de torpor...
me faz ser o viajor
no que se diz ser pecado;
ser cordeiro desgarrado
e ser, só de mim, senhor...
de meus rincões, o estridor
sem o tino, ensandecido,
não dá, às razões, ouvidos,
me abre ao prazer e a dor...
sou o caçador sendo a caça;
vencido sou o vencedor ...
