Praça
Praça da Paz
Nunca pensei estar
Um dia naquele lugar
Entre os prédios centrais
Fervendo em loucuras
E flutuando nas alturas
Certo de como voar
Cheguei ouvindo promessas
Para quem tem pressa
No aliviar da pressão
Desses dogmas, frases feitas
Que insistem indicar
Qual deve ser minha direção
O mundo alternativo
Na praça se cria
Num instante contemplativo
Restaurando o equilíbrio
Da mente ao coração
A paz de viajar
Sem sair daquele chão
A paz que me faz
Aceitar a realidade
Muito além dos jardins
Pelo menos um pouco mais
... me deixe na paz
Quem tem o coração mais lindo do mundo?
Em certa praça havia um homem, belo e forte, que dizia ter o coração mais bonito do mundo. As pessoas ao redor questionavam-se o porquê daquele homem dizer aquilo. Até que um atreveu-se a perguntar:
- Meu jovem, porque dizes ter o coração mais bonito do mundo? O que te leva a dizer isso?
O jovem desabotoou sua camisa e mostrou seu coração, logo após disse:
- O meu coração é o mais bonito porque ele está bem cuidado, sem cicatrizes, sem dores, sem mágoas. Veja como ele é perfeito.
O jovem continuou a mostrar seu coração às pessoas na praça. Até que um senhor já de idade, entrou no meio daquela multidão e parou de cara com o jovem, perguntou-lhe:
- Achas mesmo que tens o coração mais bonito do mundo?
O jovem responde:
- Claro que sim, olhe, toque. Veja como é perfeito e brilha.
O velho homem, atento àquilo, disse:
- Você está enganado caro jovem, muitíssimo enganado. A verdade é que eu tenho o coração mais bonito do mundo.
- Ah é? E por que dizes isso seu velho?
O senhor desabotoa sua camisa e mostra seu coração. Cheio de cicatrizes, de marcas, mágoas, dores, felicidade, amor, desamor, paixão, ódio...
O jovem ao ver o coração daquele velho homem ri e agita a multidão:
- Hahaha... Como és bobo velho. Não preciso dizer mais que eu tenho o coração mais bonito. O seu é literalmente o coração mais horroroso do mundo!
O senhor pega seu coração e mostra claramente a todos ali por perto.
- O meu coração é o mais bonito, e sabe por quê?
Durante toda minha vida, não fui um santo, nem fui bandido. Eu tive amores, muitos amores. Amei e fui amado, às vezes amei demais e me amaram de menos. Outras, fui muito amado e não amei. Sofri por amor, morri de amor e continuei vivendo. Me apaixonei, sofri, chorei, gritei, vivi, mas o que importa é que amei. Amei com todas as forças que eu tinha, com todo o ar de meu pulmão, toda a volúpia e toda a sinceridade. Eu perdoei, perdoei o pior dos seres que cruzou meu caminho. Chorei, por quem não merecia. Mais meu pequeno jovem, amar me redimiu de todos os meu pecados e de todos os meus acertos. Meu querido, amei! E por isso é que tenho o coração mais bonito do mundo.
A Revolta de um Eleitor
Depois de um assalto,
Na praça da liberdade,
Fico sem vontade de viver
Num mundo como este.
Que se encontra em estado de calamidade
Por falta de vergonha na cara
Daqueles que colocamos no poder.
Só de pensar,
Que eu vou ter que olhar
Para a cara deles nas épocas de eleições,
Me dá um ataque psicótico.
Como pode um dinheiro tão suado,
Estar na cueca de um safado,
Que quando eleito deputado
Pratica mensalão,
Se envolve com a corrupção.
Pra mim nem todo político é ladrão,
Mas existem muitas frutas podres.
Ah! Isso tem de montão,
Em meio ao senado,
Que tem baixaria pra todos os lados.
Em meio a câmara que vive,
Menos prezando nossos sentimentos,
De humildes eleitores.
Que nos deixamos
Corromper por safados,
Que se dizem políticos nobres,
Mas são somente pobres de espírito,
Que não querem ouvir o grito,
De uma comunidade que esta cheia de aflitos.
Querendo a segurança,
A paz e a esperança,
De colocar a cabeça no travesseiro,
E dormir com a certeza
De que no outro dia acordara
Sem se preocupar,
Com o problema secular
Chamado corrupção.
Tava sentado numa praça, e uma criança com um desses brinquedos de fazer bolha soltou umas, e eu fiquei observando uma, até que, derrepente do nada ela estorou… Observei uma outra bolha, e ao tocar um mosquito ela também estorou… Observei mais uma, e ela vôou longe…
Já imaginou sua vida, se você fosse uma bolha? Intocável, e correndo o risco de não existir mais em fração de segundos? Agradeça por ser humano, mesmo tendo milhares de defeitos.
Você inspira poesia na hora do almoço, de noite ou de dia. Na fila do banco, no banco da praça. Esqueço do tempo nem noto quem passa.E o tempo não passa... Olhando pra lua na beira do lago, não vejo a hora de estar do seu lado, deitar no seu colo, poder te acariciar.
Pimentas do Reino
ASTRÔNOMO
Aquela noite na praça, a estrela que brilhava era só uma estrela, nada sobre nós se tratava.
Só acho que poderíamos ser um casal como aqueles que vimos na praça principal e você resmungou dizendo que aquilo era baboseira. EU QUERO BABOSEIRA, EU QUERO ESSA MALDITA BABOSEIRA NA MINHA VIDA! E não há nenhuma surpresa nisso.
Ontem, voltando do serviço andando pela praca da Se, comecei a reparar na cidade onde vivo, no comportamento das pessoas, nas coisas vistas e nas coisas "nao vista" e confesso que ela tem muito a nos ensinar.
A beleza da noite me fascina! Luzes focando um canto mal iluminado, nos mostrando que nao precisamos brilhar para sermos notados, e sim ter o suficiente para focarmos no que realmente importa. Calcadas irregulares, nos dando a dica de a vida e isso, uma eterna "inconstância" onde devemos aprender a andar conforme as circunstancias nos fornecidas.
Moradores de rua buscando algo pra se alimentar, um lugar para dormir, e sobreviver a mais um dia ... apenas isso. Eles quebram uma regra imposta pela sociedade, que nos diz: "Quer lidar com circunstancias emergênciais? faca administração!" Situações emergênciais sao as que eles lidam todos os dias e nao precisaram aprender isso em nenhuma instituição de ensino...a vida os ensinou.
Me lembro de uma construção antiga em tons de cinza onde havia na torre três pirâmides sendo igualmente parecidas, apenas uma pequena diferença na pirâmide da ponta, pois estava visivelmente danificada, talvez por estar em um local de difícil acesso ou por fugir um pouco do método padrão das demais. Deixando bem claro que sermos metodistas nao nos torna uma pessoa mais organizada ou alguém mais inteligente, eu vejo simplesmente uma pessoa com medo de se arriscar, arriscar a ganhar ou perder sentimentos que a vida nos oferece, e se refugiam na mesmice de serem o que sao sempre.
O amor precisa da sorte, compreensão, uma praça, um banco. Precisa de chuva, sol, rua, casa, cama. O amor precisa de janela, porta e cômodos, precisa também de abraços, cafunés, carinhos e sorrisos. O amor precisa ser quente, e poucas, pouquissimas vezes, quase nunca, frio. O amor precisa de maquiagem, um almoço ou jantar à luz de velas. O amor precisa de você e dele, o amor apenas precisa de amor, e nada mais.
Mas só um pouco.
Estou sentada no banco da praça; tirei as botas, sentei com as pernas cruzadas.
Sentindo uma brisa gelada enquanto os raios de Sol passam entre os galhos e me esquentam um pouco... Mas só um pouco.
O dia está lindo. O que estraga é que me lembro que vou ter que voltar para o escritório e deixar essa natureza linda do lado de fora.
Borboletas, cheiro de mato, as folhas dançando com o vento, as sombras formando lindos desenhos no chão de terra.
Vejo algumas pessoas circulando; sendo o que devem ser, vivendo como querem viver. E eu estou aqui sem saber que direção tomar.
Mas estar aqui me alegra...
O Sol me dá um pouco de energia, sinto um pouco de paz...
Mas só um pouco.
Daqui a pouco a angústia volta.
Farto da luta
Levantou cedo e saiu à rua
Sentou no banco da praça
Com rosto entre as mãos
Chorou como choram os
Inocentes
Gritou como gritam os
Possuídos
No final suspirou como suspiram os
Derrotados ...
"Persistência"
Saí hoje de casa
Pensei em ir a caça
Um rolê lá na praça
Com bebidas de graça
Avistei 4 gatas
Com cervejas em latas
Ofereci um beijo
Recusou, que ingrata!
Percebi que era charme
Apreciei aquela carne
Segurei em seu braço
Me olhou com um ranço
Falei que era feia
Preferia a amiga
Ela era metida
Será sozinha na vida
A segunda me olhou
Disse que era lésbica
Eu fui logo e propûs
Um trio de colegas
Ela me pediu respeito
Eu olhei pro seus peito
Me acharam suspeito
E saíram com medo
Onde foi que errei?
Estou livre na pista
E elas me xingando
De escroto,machista.
Me deixaram um bilhete
Sobre quem me deu leite
Minha mãe me criou
Pra que outras eu respeite
Eu só peço perdão
Anos de submissão
Imposta pela religião
E aceita por todos
Que se dizem machão
A luta é pela igualdade
E não sou eu quem te digo
Eu apenas me mudo
Aprendendo o que escuto
Dessas grandes mulheres
A luta não é minha
Mas não às deixo sozinha
E apoio a igualdade
Demonstrando amizade
E em honra da minha mãe
Que criou um homem de verdade.
LINHAS
Ontem, quando o sol terminava seu expediente, sentei em um banco de praça pra guardar na pele seus últimos raios. De frente pra mim havia uma senhora de cabelos cor de lã. Usava um vestido de tecido florido, um casaquinho preto e chinelinhos que só as avós usam.
Ela estava entretida fazendo um sapatinho de crochê, nem notou minha presença. Eu me perdi nas linhas do seu rosto tentando ler as histórias que o tempo escreveu. Noites mal dormidas, amores que se foram, marcas de sorrisos e o tanto de saudades guardadas naquelas covinhas.
Suas mãos já não tão ágeis continuavam a dar forma à linha, traçando caminhos, dando nós, modelando o fio. Acredito que provavelmente aquele sapatinho fosse pra presentear alguém que ainda viria ao mundo, uma pessoinha que como aquele fio ainda estava sendo modelada e um dia daria seu primeiro choro pra vida e quem sabe um dia, num futuro distante também sentaria ali naquela praça com um novelo de linha traçando seu caminho
Ou lendo as histórias nas linhas que o tempo escreveu no rosto de alguém.
Na frente de uma estatua
De que valeu a vida em grande pompa
Pra acabar assim
Imovel numa praça
Todo cagado de pombas?
E enquanto as crianças corriam pela praça, e os adolescentes declaravam suas paixões, considerando eterno o que só poderia mesmo existir no efêmero, e que os adultos apressados passavam com as suas compras do mercado, eu ali, tentando enxergar os motivos de um mundo tão cruel e pior, tentando conviver com o fato de ser parte dele.