Pouco
É preciso se afastar um pouco para perceber pelo que realmente vale a pena lutar. A saudade é a resposta de tudo, afinal, ela é o amor que fica. Se sentes falta, precisas ter contigo... Mas, se não não sentes, tanto faz.
Senhor,
que eu nunca esqueça de agradecer
tudo que tenho,
que, às vezes,
me parece tão pouco,
mas é tudo
que eu preciso.
Morre! Tudo é tão pouco!
Nada se sabe, tudo se imagina.
Circunda-te de rosas, ama, bebe
E cala. O mais é nada.
Nota: Trecho de poema de Fernando Pessoa (heterônimo Ricardo Reis).
Temperança é o poder de se contentar com pouco. Mas não é o pouco que importa. É o poder. E o contentamento!
Hoje foi mais um dia comum, porém um pouco mais triste. Assim como amanhã também será. Os dias passam do mesmo jeito, só a minha tristeza que aumenta. Cheguei em casa, coloquei as coisas no lugar, tomei um banho e deitei. Eu tentei dormir, mas algo tirou meu sono, na verdade, alguém. Eu olhava para o teto branco e os olhos dela vinham no meu pensamento, eu praticamente conseguia vê-los desenhados lá. Todos os dias eu me pego comendo coisas que ela gostava e eu nem gosto, mas como pra lembrar dela. Mas sei que ela não faz nada disso por mim, pra lembrar de mim, pelo contrário, faz de tudo pra me esquecer. Um dia perguntaram pra nós qual foi a melhor experiência que já tivemos, ela respondeu que era ter ido pra uma festa e ter feito coisas loucas. Bom, eu desanimei e não respondi, mas meu coração falava baixinho “Ter a conhecido”. Ela era a coisa mais importante e especial que eu tinha, porém, eu não era a dela. Eu ainda espero uma mensagem de bom dia, um print de algo que ela viu e lembrou de mim, uma mensagem perguntando como foi meu dia. Ainda espero que ela volte, eu sei que é em vão, eu sei. Mas ela era tudo que eu tinha de precioso, era a pessoa que eu encontrava paz no fim do dia, era meu descanso para um dia cansativo. Agora, minha vida segue uma rotina, um padrão. Minha vida ficou cinza como um dia chuvoso, não tenho vontade de sair da cama, não tenho vontade de comer, não tenho vontade de nada. Só de ficar quieta, encolhida em um cantinho, sem que ninguém me veja e veja meu estado emocional. Eu não tenho mais nada pra oferecer a alguém, não tenho servido de lar nem para mim mesma, estou destroçada, está uma bagunça aqui. A última inquilina levou tudo que eu tinha e não deixou nada, só os cacos e rachaduras do chão ao teto. Como eu queria ser só um pouquinho especial ou suficiente o bastante pra ser importante pra ela. Mas eu sei que nunca vou ser mais que mais uma pessoa em sua lista de conquistas, afinal, quanto vale o amor perto dos diversos caras que ela sai? É ela que eu amo, a escolheria mil vezes se necessário, só é uma pena ela não me escolher também.
"Um monte de mim está em exposição constante.
Um pouco de mim está eclipsado, em sigilo, mascarado...
Não sei ao certo se o que lerdes será do meu culto, do meu oculto ou mesmo do meu inculto. Saibas apenas que sou eu, consciente ou inconscientemente escrevendo a ti, prosas, cartas, canções, versos brancos, brandos, rimas e sentimentos singelos."
A Orgulhosa
Num Baile
Ainda há pouco pedi-te,
Pedi-te para valsar...
Disseste - és pobre, és plebeu;
Não me quiseste aceitar!
No entretanto ignoras
Que aquele a quem tanto adoras,
Que te conquista e seduz,
Embora seja da "nata",
É plena figura chata,
É fósforo que não dá luz!
Deixa-te disso, criança,
Deixa de orgulho, sossega,
Olha que o mundo é um oceano
Por onde o acaso navega.
Hoje, ostentas nas salas
As tuas pomposas galas,
Os teus brasões de rainha;
Amanhã, talvez, quem sabe?
Esse teu orgulho se acabe,
Seja-te a sorte mesquinha.
Deixa-te disso, olha bem!
A sorte dá, nega e tira;
Sangue azul, avós fidalgos,
Já neste século é mentira.
Todos nós somos iguais;
Os grandes, os imortais;
Foram plebeus como eu sou.
Ouve mais esta lição:
Grande foi Napoleão,
Grande foi Victor Hugo.
Que serve nobre família,
Linhagem pura de avós?
Se o sangue dos reis é o mesmo,
O mesmo que corre em nós!
O que é belo e sempre novo
É ver-se um filho do povo
Saber lutar e subir,
De braços dados com a glória,
Pra o Pantheon da História,
Pra conquista do porvir.
De nada vale o que tens
Que não me podes comprar;
Ainda que possuísses
Todas as pérolas do mar!
És fidalga? - Sou poeta!
Tens dinheiro? - Eu a completa
Riqueza no coração;
Não troco uma estrofe minha
Por um colar de rainha
Nem por troféus de latão.
Agora sim, já é tempo
De te dizer quem sou eu,
Um moço de vinte anos
Que se orgulha em ser plebeu,
Um lutador que não cansa,
Que ainda tem esperança
De ser mais do que hoje é,
Lutando pelo direito,
Pra esmagar o preconceito
Da fidalguia sem fé!
Por isso quando me falas,
Com esse desdém e altivez,
Rio-me tanto de ti,
Chego a chorar muita vez.
Chorar sim, porque calculo,
Nada pode haver mais nulo,
Mais degradante e sem sal
Do que uma mulher presumida,
Tola, vaidosa, atrevida.
Soberba, inculta e banal.
O homem que não vê na mulher madura a juventude de sua alma, tão pouco verá dentro da jovem a mulher que existe.
O engenheiro, por sua vez, fala pouco porque tem receio de emitir uma afirmação que não possa provar, enquanto os opositores criam factoides e parecem saber mais, ainda que estejam mentindo. O engenheiro não mente.
Para o Bem -
Se a minha ideia não tiver,
ao menos,
um pouco de originalidade
ou algo de acolhimento
ou algum caminho à
cura,
que morra sem alcançar
olhos e ouvidos
vulneráveis,
necessitados - humanos.
Ela passou a maior parte do dia lendo e estava se sentindo um pouco fora da realidade, como se sua própria vida se tornasse insubstancial diante da ficção em que ela foi absorvida.
Você sabe tão pouco sobre guerras. As batalhas podem ser travadas de fora para dentro, mas as guerras são vencidas de dentro para fora.
Acredito que todo ser humano tem um pouco de Deus no seu coração a diferença é que uns tem ele como Dono outros como inquilino e outros como estranho.