Pouco

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A espécie humana há de passar como passaram os dinossauros e os estegocéfalos. Pouco a pouco, a pequena estrela que nos serve de sol perderá o seu poder iluminador e aquecedor... Terá, nessa altura, cessado toda a vida sobre a Terra, que continuará, como astro caduco, o seu voltear sem fim nos espaços sem limites... E então, de toda a civilização humana ou sobre-humana – descobertas, filosofias, ideais, religiões -, nada subsistirá. Não restará mesmo, de nós, o que resta hoje do homem de Neandertal, do qual, pelo menos, alguns ‘despojos’ encontraram asilo nos museus do seu sucessor. Será anulada, para sempre, neste recanto do Universo, a aventura grotesca do protoplasma. Aventura que, talvez, se renove noutros mundos, sempre sustentada pelas mesmas ilusões, criadoras dos mesmos tormentos, sempre igualmente absurda, igualmente vã e igualmente condenada, desde o princípio, à frustração final e à treva infinita...
Jean Rostand, in Pensamentos de um biólogo

NÃO DISSE QUE TE AMAVA


Foi pouco o tempo, mas muito o aproveitamento.Não tínhamos tempo a perder forte era nosso relacionamento.
Expressar belas palavras um pro outro era nosso grande barato, mas o destino foi cruel, e te levou no meio do último ato.
Justamente quando a palavra mais bela, seria dita um pro outro naquela cena. Então veio o arrependimento de não ter dito antes, e você se foi, sem saber o que sinto... Pena, pois tinha muito a dizer, mas a gente sempre deixa pra depois, o que pode ser dito a todo momento, eu pra você, você pra mim, nós dois.
Mas você se foi, nada posso fazer, levo minha vida então com experiência no sofrer. A palavra foi guardada em meu coração, jurei não dizê-la a mais ninguém, não me deixo mais envolver, meus sentimentos também.

A revolução dos bichos

O Major prosseguiu:
- Pouco mais tenho a dizer. Repito apenas: lembrai-vos sempre do vosso dever de inimizade para com o Homem e todos os seus desígnios. O que quer que ande sobre duas pernas é inimigo, o que quer que ande sobre quatro pernas, ou tenha asas, é amigo.
Lembrai-vos também de que na luta contra o Homem não devemos ser como ele. Mesmo quando o tenhais derrotado, evitai-lhe os vícios. Animal nenhum deve morar em casas, nem dormir em camas, nem usar roupas, nem beber álcool, nem fumar, nem tocar em dinheiro, nem comerciar. Todos os hábitos do Homem são maus. E, principalmente, jamais um animal deverá tiranizar outros animais. Fortes ou fracos, espertos ou simplórios, somos todos irmãos. Todos os animais são iguais.
E agora, camaradas, vou contar-vos o sonho que tive na noite passada. Não sei o que significa. Foi um sonho sobre como será o mundo quando o homem desaparecer. Mas lembrou-me algo que havia muito eu esquecera. Há anos, quando eu ainda era leitãozinho, minha mãe e as outras porcas costumavam cantar uma antiga canção da qual só conheciam a melodia e as três primeiras palavras. Na minha infância aprendi a melodia, depois a esqueci. À noite passada, entretanto, ela me voltou à memória. O mais interessante é que me lembrei também dos versos - os quais, tenho certeza, foram cantados pelos animais de antanho, depois esquecidos por muitas gerações. Vou cantar essa canção, camaradas. Estou velho e minha voz é rouca, mas, quando vos houver ensinado a melodia, podereis cantá-la melhor do que eu. Chama-se 'Bichos da Inglaterra'.
O velho Major limpou a garganta e começou a cantar. De fato, a voz era roufenha, mas ele entoava bem, e a melodia era bem movimentada, algo entre "Clementina" e "La Cucaracha". Os versos diziam:

Bichos da Inglaterra e da Irlanda,
Daqui, dali, de acolá,
Escutai a alvissareira
Novidade que virá.

Mais hoje, mais amanhã,
O Tirano vem ao chão,
E os campos da Inglaterra
Só os bichos pisarão.

Não mais argolas nas ventas,
Dorsos livres dos arreios,
Freio e espora enferrujando
E relho em cantos alheios.

Riqueza incomensurável,
Terra boa, muito grão,
Trigo, cevada e aveia,
Pastagem, feno e feijão.

Lindos campos da Inglaterra,
Ribeiros com águas puras,
Brisas leves circulando,
Liberdade nas alturas.

Lutemos por esse dia
Mesmo que nos custe a vida.
Gansos, vacas e cavalos,
Todos unidos na lida.

Bichos da Inglaterra e da Irlanda,
Daqui, dali, de acolá,
Levai esta minha mensagem
E o futuro sorrirá.

O canto levou a bicharada à mais extrema excitação. Mesmo antes de o Major chegar ao fim, já haviam começado a cantar por conta própria. Até os mais parvos pegaram a melodia e algumas palavras; os mais vivos, tais os porcos e os cachorros, decoraram a canção em minutos. Então, depois de algumas tentativas, a granja toda atacou "Bichos da Inglaterra" em potente uníssono. As vacas mugiam a canção, os cachorros latiam-na, as ovelhas baliam-na, os cavalos relinchavam-na, os patos grasnavam-na. Foi tal o enlevo, que cantaram cinco vezes corridas, de ponta a ponta, e teriam cantado a noite toda se não fossem interrompidos.

Falar pouco não é sinônimo de sabedoria, falar o necessario é. Mas quem ouve antes de falar é o primeiro passo para ser sabio.

ESSÊNCIA
Esther Ribeiro Gomes

"Sempre fica um pouco de perfume,
nas mãos que oferecem flores"
(Provérbio chinês)

Enquanto o sono não vem,
vou alinhavando versos,
dispersos em meu pensamento,
que chegam sussurrados pelo vento...

Nesta vida sou incansável aprendiz,
lapidei minh’alma nos tropeços
e foram tantos, tantos recomeços,
que pensei nunca aprender a ser feliz!

Ao observar as flores do jardim,
elas me ensinaram a ser perseverante,
apesar das intempéries, crescem viçosas,
trazendo alegria para mim!

Depois de cuidá-las com carinho,
percebi como são agradecidas,
florescem em qualquer cantinho,
colorindo e perfumando a vida!

Agora sei, decorei bem a lição,
a essência do viver é o amor,
que se doa e se sublima no perdão,
é aspergir doce perfume por onde for,
é ser feliz ao alegrar um coração!

Em cada momento dado, o crescimento de um homem é otimizado se ele for um pouco além dos seus limites, das suas capacidades, dos seus medos. Ele não deveria ser demasiado preguiçoso, estagnando alegremente na sua zona de segurança e conforto. Nem, por outro lado, ir demasiado além destes, estressando-se desnecessariamente, incapaz de digerir a sua experiência. Ele deveria apenas ir ligeiramente além dos seus medos e desconfortos. Constantemente. Em tudo o que faz.

Degraus

Sinta
Sinta um
Sinta um pouco
Sinta um pouco mais
Sinta um pouco mais de amor.

Só observo... Começar a falar de mim para vê se me divirto um pouco, porque as pessoas amam fazer isso, deve ser no mínimo cômico. Obs: a vida é tua? Tu paga uma minhas contas? Me mandou algum cartão no dia de São Valentim? Hammmmmmmm. Então, saiba que sou eu que coordeno minhas ações, da minha vida cuido eu. É uma das poucas coisas que tenho e não vou entregar assim para qualquer um.

"Não veja minha timidez como uma fragilidade. Eu posso ser quieto, falar pouco, mas enquanto isso eu também posso estar te observando."

Uma amiga terminou um relacionamento a pouco tempo, e se culpa todos os dias por eles não terem dado certo. Ela sabe, no fundo ela sabe que fez tudo o que pôde, mas mesmo assim ela tem essa convicção que deveria ter feito mais, ela acredita que se tivesse insistido um pouco mais, talvez as coisas seriam diferentes. Já eu, acredito que por mais que a gente faça de tudo por uma pessoa, por mais que nos sacrificamos, deixamos as coisas de lado, se não houver duplicidade, cumplicidade, se os dois não abrirem mão, nunca vai dar certo. A gente tenta. Da nossa forma, mas tenta. Vamos superando, vamos seguindo, vamos empurrando. Mas chega uma hora, que tentar sozinho não adianta mais.

Para a relação dar certo, ir para frente, existe muito mais coisas envolvidas do que a gente imagina. E para dar certo, os dois precisam estar dispostos. Os dois precisam fazer de tudo. Os dois precisam abrir mão do orgulho, da certeza, e os dois precisam permanecer juntos. E muito. Por maior que seja o sentimento, ninguém aguenta muito tempo uma relação meia boca, uma pessoa que mais te traz tristezas do que alegrias, que mais está ausente do que presente. Não importa o tanto que você o ame ou a ame, ninguém aguenta permanecer em uma relação só pelo conforto, pelo medo de viver sem a pessoa. Uma hora ou outra o coração cansa de migalhas, não consegue mais bater sozinho e precisa deixar tudo para trás, para recomeçar novamente.

Por isso te digo minha amiga, ficar com alguém só por medo de ficar só, não é amor, é sofrimento. Você tentou milhares de vezes, amou demais, fez demais, não foi sua culpa não ter dado certo, talvez nem dele, talvez ele ainda não era maduro o suficiente para conseguir viver um relacionamento de acordo com o que você merece. A culpa não foi de ninguém, você só criou expectativas demais, em cima de alguém que ainda não é capaz de ser o seu alguém, o seu companheiro. E você não merece mais tentar sozinha, fazer sozinha, amar sozinha. Você merece alguém, merece um companheiro. Você fez tudo por ele, agora vai lá, e começa a fazer tudo por você. Você merece.

"Todo mundo tem um pouco pra da de se,expressar aquilo que ama,pois quem ama sempre é capaz de serfeliz..."

Quem muito alarde pouco ou nada faz.
Não jogo confete para quem se auto promove.

Hoje, de repente, como num verdadeiro achado, minha tolerância para com os outros sobrou um pouco para mim também (por quanto tempo?). Aproveitei a crista da onda, para me pôr em dia com o perdão.

Clarice Lispector
Para não esquecer. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Nota: Trecho da crônica Literatura e justiça.

...Mais

“Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança”.

(Trecho dos versos publicados originalmente no livro "Sentimento do Mundo", Irmãos Pongetti - Rio de Janeiro, 1940. Foram extraídos do livro "Nova Reunião", José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1985, pág. 78.)

"... E a esfera solitária se coloca nas trevas, falta-lhe ar, um pouco mais quero desse amor...".

Nós sabemos tão pouco, que quando passamos a saber um pouquinho a mais, compreendemos quase toda a grandiosidade do mundo.

(Fernandha Franklin)

De você? Quero (tu)do e um pouco mais.

Estrias me lembram linhas de luz solar na água da piscina,toda mulher tem um pouco de azul basta você mergulhar

A Boneca

Deixando a bola e a peteca,
Com que inda há pouco brincavam,
Por causa de uma boneca,
Duas meninas brigavam.
Dizia a primeira : “É minha!”
— “É minha!” a outra gritava;
E nenhuma se continha,
Nem a boneca largava.
Quem mais sofria (coitada!)
Era a boneca. Já tinha
Toda a roupa estraçalhada,
E amarrotada a carinha.
Tanto puxavam por ela,
Que a pobre rasgou-se ao meio,
Perdendo a estopa amarela
Que lhe formava o recheio.
E, ao fim de tanta fadiga,
Voltando a bola e a peteca,
Ambas, por causa da briga,
Ficaram sem a boneca ...

Um filho faz tão pouco por sua mãe, durante a vida,
que consegue se lembrar de cada data, cada detalhe, daquilo que fez por ela.
Uma mãe faz tanto, mas tanto por um filho que,
até na hora da própria morte, não consegue pensar em si mesma.