Portugal
Juízes da vida alheia
Hoje descobri que, todos quantos julgam as minhas buscas na vida, morrem de inveja por perceberem, que, afinal, só estou a buscar meus sonhos, coisa que eles não têm coragem de fazer. Preferem viver emoldurados num "belo quadro social".
Enquanto eles invejam meus passos, mas não andam, avanço, seguindo sempre o meu conceito de vida.
Rodrigo Gael - Portugal
O QUE FUI
O que fui, ficou parado na vida
Meu sorriso aberto, um dia chorou
A saudade de mim, em mim agora atordoa meu ser
O vazio me mata
Caí, e gravemente feri-me
O pesadelo acordou, já não sonho
Na cama vazia eu busco refúgio
Meu chão é meu hoje, não tenho amanhã…
Perdi ilusão
Hoje proclamo o dia da perda, não mais ouço meu grito
A vida é nefasta em mim, não creio em mais nada
A lua apagou lá no alto
O brilho do sol não volta amanhã aquecer meu viver
A cidade é vazia
O veneno não me consola, me isola e me salva do nada
Omitir pra viver, me disseram
Eu não quero
Quero ser livre, quero ser eu, e já não posso
No vento forte caí, queria poder levantar
Bater a poeira e voltar a viver
Mas…Já não posso fazer
O meu tempo foi ontem, o passado levou
Meu espelho já não mais pode me ver
Parti, fui embora de mim
No dia que a ti me dei por inteiro
E hoje por detrás dos trapos em que me escondo
Vivo estou, na letargia do tempo
Tempo que em mim parou
Nas profundezas do pântano
Que todo meu ser mergulhou
A juventude precocemente ferida
Insiste em mostrar-me primeiro, a dor que me escurece o caminho
O vazio no peito, num ápice cobre o sol que em minha frente
Ora se desvanece
Queria tanto você
Nas nossas noites em Campo d’Ourique
Quando em vão tentávamos suster madrugada
Arq. Biblioteca Nacional de Lisboa
Queria você no Chiado
Por horas a fio guardar o meu medo
de outra vez de perder
Arq. Biblioteca Nacional de Lisboa
Sinto teu gosto despido de máscaras
Nos dias em que vivemos o sonhar
Ansiando sentirmos este eterno sabor
Tomado na boca
Sentido na alma
Arq. Biblioteca Nacional de Lisboa
Pelas ruas da cidade
Lentamente continuo
Me buscando bar em bar
Se há momentos que é difícil suportar
Continuo navegando
Me buscando bar em bar
Éramos dois mascarados despidos de alguma pintura em busca do nada, ou talvez do mais...
Do que há no outro que nos sirva como resposta aos nossos anseios.
Não se deixe prender, a olhar sempre para perdas do passado, porque, senão, perdes também o futuro.
Rodrigo Gael - Portugal
Liberto dos nobres e gentis
que, como viajantes errantes
passearam no meu reduto
Cobriam-se de brilho. Porém, baço
Falsos, pérvidos, fraudulentos
Gentis e nobres que se devoram
Mas em nome do interesse próprio
Fingem a todos amar
Em um mundo onde o que tem peso no imediato é a aparência física
Entristece-me ver o fosso existencial que criamos entre nós
Porque, afinal, o que determina ser belo?
Enquanto lá fora, águas prenunciam a chegada de um novo ciclo
Cá dentro, verão perdido sem brilho e sem viço!
Por vezes a cambalear, mas sempre esperançoso de, mentes pacíficas, no caminho encontrar.
Agora que uma nova temporada à porta se anuncia
Espero que, estejamos, pois, capazes de uma maior união entre gentes
Pessoas que sejam apenas sinceras com elas mesmas...
Assim não teremos uma farsa, vestida de gente, e a frequentar nossas vidas.
Quando lágrimas pesadas lavarem teu rosto
Não se deixe perder ao buscar o teu tempo no tempo dos outros. Muitos, já lá não estarão!
Aproveite e veja quando falsos amigos
As tuas lágrimas lavaram
E também os apregoados amores fortificados
Num ápice, desaparecerão!
Não tenha medo que lágrimas cubram teu rosto
Elas aliviam o coração da tristeza, enquanto limpam "amigos" espinhosos que nos dias festivos, afirmam, teu amigo ser.
Quando eu não mais estiver a sorrir
Apenas me acompanhe sem perguntas
e aguarde que, como partiu, o meu sorriso retorne.
Virá, agora, com maior conhecimento sobre o que é estar triste, pois vagueou na vazio da desilusão.
Estará, então, ainda mais humanizado e menos emoldurado!
Vivo numa aldeia com mais de um milhão de habitantes. A pacatez é tanta, que, todos os dias os vizinhos mal conseguem praticar a Entre-ajuda tão comum nestes meios.
Pensei que nunca o desenho perfeito do teu rosto em mim se iria desvanecer. Viverias para sempre na minha memória!
Mas hoje te busco e o semblante do teu rosto já quase não vejo... Te sinto!
Guardo o teu olhar calmo, enquanto eu te perdia sem, que, por palavras nunca proferidas, os teus lábios me dissesse o quanto éramos naquele espaço só nosso!
Hoje, envoltos na nossa mentira, perdemo-nos enquanto buscávamos encontrar o que estava exposto dentro de um e do outro.
Não nos olhamos nos olhos!
Se nunca um mentiroso nos cruzasse o caminho!
Durante todo o nosso percurso de vida, devemos saber que, por vezes, seremos traídos aqui ou acolá!
No (acolá) poderá ser mais fácil superar, porque é quando a traição chega de alguém que não conhecemos, então, é mais fácil recompor-se da queda pelo crédito concedido a quem não o merecia.
O (aqui) já é mais complicado. Significa que fostes enganado por alguém próximo - que te era querido - alguém insuspeito! Aqui a queda é grande. Porém nunca deverá deixar uma pessoa por terra.
Se o teu amigo te trai, na verdade, nua e crua, fica sempre a pergunta.
- Terá sido algum dia teu amigo? Ou, antes, tu servias bem aos interesses materiais dele?
Muitas vezes os sinais do extremo egoísmo está exposto bem à nossa frente e nos recusamos a aceitar - a olhar com olhos de ver. Simplesmente, porque não somos assim!
Naquele caso, talvez a única pessoa que não tenha sido consumida pelo teu egoísmo possa ser o filho. Vá lá! Nem tudo está perdido. Agora é torcer para não tenhamos uma réplica!
Destes a ele mundos que outros nunca lá chegarão. Verdade seja dita, muitos milagres foram feitos com santo alheio. Assim também eu!
No entanto, diante de quedas cada vez mais frequentes, percebo que talvez as mesmas estejam ligadas a um processo de purificação d'alma.
Estamos em constante processo de edificação espiritual. Por isso, é comum acontecer tais quedas. Fazem parte da condição de elevação ver máscaras caírem!
Viveríamos com mais harmonia se não conhecêssemos o mentiroso? Podemos pensar que sim, mas e quando a mentira chegasse tardia? Como saberíamos nos resguardar se nunca antes a tivéssemos conhecido?
Rodrigo Gael
No meio do cruzamento
Sinto muito, toda a tempestade
Já faz tempo que o meu canto se faz baixo
Escondido nos becos das paredes molhadas
Não consigo decidir, comprei cinzas no vento
Talvez um adeus nos resolvesse!
Mas continuo parado no meio do cruzamento
Ao fundo um caminhão se aproxima!
Vejo-o cada vez mais perto e não consigo decidir o nosso melhor rumo
Pode ser que o condutor, atento aos transeuntes nos perceba
Talvez nos leve para algum lugar pacífico
Sim, é real!
Sonhar nunca foi um erro. Atrever-se a conhecer o fundo do ser é uma dádiva
Mamã, nasci assim… Atrevido - Rebelde - Avassalador, fraco muitas vezes!
Já faz tempo que o meu canto se faz baixo, sempre que paro no meio do mesmo cruzamento
Em vão busco a saída segura, sabedor que toda saída implica dor
Cá, continuo, parado no meio do cruzamento esperando por mim!
Rodrigo Gael - Portugal
Um dia, por querer agradar a todos, tornei-me uma
pessoa quase santa. Resultado!
Julgado e condenado por tentativa de ser gente.