Portão
Na madrugada de ontem, despi-me e abri a porta de casa, seguido pelo portão. No silêncio da noite, caminhei pelas ruas e esquinas, sentindo o gosto da liberdade percorrer meu corpo, despido de qualquer vaidade ou sentimento que não fosse o puro prazer de sentir-me solto.
A brisa noturna tocava minha pele, e a escuridão acolhedora envolvia-me como um manto, proporcionando uma sensação de renovação e conexão profunda com o momento presente. Depois de vagar por algum tempo, voltei para casa, entrei, fui até o quarto, deitei-me na cama e adormeci.
Quando acordei, percebi que tudo não passara de um sonho, um sonho, um sonho.
Nereu Alves
Sentiu alegria no primeiro dia de escola,
entrou no portão com as grades abertas,
correu destemido atrás de uma bola
cheia de um ar de aversões encobertas...
As outras crianças olharam-lhe a cor,
olharam-lhe os pais com a tal rejeição
que entorna por dia oceanos de dor
e o fez encostar sozinho ao portão...
Sentiu-se confuso, procurou os defeitos
que tinha no corpo, nos pais e na pele,
não viu mal algum a não ser preconceitos
criados por muitos e ali para ele...
E a pura alegria desfez-se em tristeza,
ouviu impropérios com a alma oprimida,
sentiu no momento abalar-lhe a beleza,
que em tantas crianças marcou uma vida.
O Infeliz Colecionador de Selos
No portão
Que
Não mais
Existe
Se lembrando
Que lembrar
É sempre
Bom
O êxtase
Do primeiro
Selinho
CRISE DOS 13 ANOS
Tudo eu!
Tudo eu!
Tudo eu!...
... e assim,
engolindo o pranto
engasgando de cólera,
entre espasmos e soluços.
...
Um dia eu vou me embora...
Tomo chá de sumiço.
fujo dessa casa,
e não volto jamais.
Eu vou,
Um dia eu vou...
Na calada da noite,
por aquela portão, e em ponta de pés.
Me vou aos diabos e nem olho pra trás.
Que adoeçam de angustia e saudades de mim.
Sem deixar nem bilhete.
eu juro que vou.
...
... e assim,
mitigando choro,
abrandando os soluços
e cessando a cólera...
...
-Mãe, tem café??
Ser humano é igual a um cachorro. Você pode trata-lo com a melhor ração, mas um vacilo que você der com o portão aberto ele sai e vai comer carniça na rua.
Anjos estão em todos os lugares,não verás um ser vestindo branco e de asas, olhe pra baixo e veja aí um deitado na calçada, olha ao seu lado outro que te pede uma moeda, abre o portão, é esse mesmo que te pede um copo de água..."
Talvez o meu romantismo tenha acabado ou talvez eu ainda esteja esperando chegar flores no meu portão
Se você deseja abrir portões, pratique a fraternidade; se deseja abrir portas, pratique a solidariedade, mas se deseja abrir portais, pratique a caridade.
Farol
Ao alcance dos olhos tenho a lagoa salobra que a todos deslumbra
Ao invés disso, meus olhos não saem do portão a espera de você chegar, te ver passar
E com olhar mentir que não me importo, não sinto, não choro
Então vejo a luz apontar na grade
Meu coração parece selvagem
A inquietude que invade logo amortece novamente no breu
Aquele farol que entrou, não era o seu.
Casa da Esquina
Nesta casa da esquina,
aquela que um lampião ilumina,
nós muitas vezes ali parávamos,
tentando adivinhar, o quanto nos amávamos.
Seguíamos pela rua que em seu final estreitava
de mãos dadas, ou abraçados até um portão de
madeira antigo, onde em uma fresta uma
senhora a nós espreitava.
Foram fases de um tempo não tão distante,
onde o objetivo maior era se ter um ao outro,
mesmo que em algumas vezes fosse por instantes.
A casa, o lampião já não existem.
A rua continua estreita da mesma maneira,
o portão, este foi trocado. A senhora já partiu.
De tudo, só o nosso amor permanece,
igual como era. O resto, com o tempo sumiu.
Roldão Aires
Membro Honorário da Academia Cabista
Membro Honorário da Academia de Letras do Brasil
Membro da U.B.E
#Embora #queira #minha #alma...
Tomar o tédio...
Ao meu jardim...
Em doce labor...
Retorno...
De pequena semente...
À mãe terra lançada...
Cuido com esmero...
A flor desabrochada...
Raízes deitando na terra...
Ramos que se abraçam...
Flores que sobem aos céus...
Perfumes variados...
Pequeno mundo por mim criado...
Que por Deus é abençoado...
Anjos caminham pelo pátio...
Sempre é uma grande satisfação...
Visitantes receber...
Abrir com sorriso o portão...
Para quem traz a paz no coração...
Mundo encantado...
No coração da cidade...
Junto às pedras azuis...
E ao seresteiro que canta a saudade...
Em madrugada a dama da noite...
Que no céu bela e fria vagueia...
Arrasta junto a si as estrelas...
E minha casa...e flores...prateia...
E tão longe o violão chora...
Em suave melodia...
Quando vem a aurora...
Tímidos raios de sol lançados...
Acorda o preguiçoso sereno...
Buscando o horizonte...
Pássaros voam com seus trinados...
E assim seguem os dias...
Em minutos e horas presentes...
Aguardando a chegada...
Aguardando todos que vem a #Conservatória...
Ouvir a serenata...
Sandro Paschoal Nogueira
— em Conservatória, Rio De Janeiro, Brazil.