Porque Esconde de Mim

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Eu estive em todos os lugares e só me encontrei em mim mesmo.

Frases que lhe saíam fáceis e incolores mas que em mim se cravavam, rápidas e agudas, para sempre.

Clarice Lispector
A bela e a fera. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Nota: Trecho do conto Obsessão.

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A surdez foi de grande valia para mim. Poupou-me o trabalho de ficar ouvindo grande quantidade de conversas inúteis e me ensinou a ouvir a voz interior.

Porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço.

Oswaldo Montenegro

Nota: Trecho da música Metade.

Numa experiência pela qual peço perdão a mim mesma, eu estava saindo do meu mundo e entrando no mundo.

Clarice Lispector
A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Toda a força que eu vejo em você
Tem sido vital pra mim
Você ainda é meu melhor pecado
É o que eu mais desejo
É o meu berço
E agora eu sei
O quanto conhecer você foi bom pra mim

Charlie Brown Jr

Nota: Trecho da música Vivendo nesse absurdo.

Os poetas e os filósofos descobriram o inconsciente antes de mim. O que eu descobri foi o método científico que nos permite estudar o inconsciente.

O hábito de me recolher a mim mesmo acabou por me tornar imune aos males que me acossam, e quase me fez perder a memória deles. Desse modo, aprendi com base na minha própria experiência que não está no poder de outrem fazer com que uma pessoa se sinta miserável quando apenas a própria pode se dar esse luxo.

Alguma coisa em mim não consegue desistir de você. Mesmo depois de todos os fracassos. E tento, tento.

E quando eu for embora, não chore por mim...

Tô muito a fim de mim mas vou me ignorar pra não enjoar rápido.

Não quero alguém que morra de amor por mim. Só preciso de alguém que viva por mim, que queira estar junto de mim, me abraçando.

Adriana Britto

Nota: Trecho de um poema muitas vezes atribuído, de forma errônea, a Mario Quintana.

Porque metade de mim é o que eu grito, a outra metade é silêncio.

Não vivo em mim; torno-me parte daquilo que me rodeia. As montanhas ferem-me a sensibilidade, ao passo que a bulha das cidades humanas só me tortura.

Vou deixar você procurar em todas o que você só vai achar em mim, mas não vou te esperar. Quando você perceber, será tarde demais. Mas eu deixo você olhar, porque você é lindo calado e eu falo para um plateia inteira. Se algum dia Manequim for objeto de palco, a gente se encontra.

Nada posso fazer: parece que há em mim um lado infantil que não cresce jamais.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica A descoberta do mundo.

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Olha para mim, amor, olha para mim;
Meus olhos andam doidos por te olhar!
Cega-me com o brilho de teus olhos
Que cega ando eu há muito por te amar.

O Sono

O sono que desce sobre mim,
O sono mental que desce fisicamente sobre mim,
O sono universal que desce individualmente sobre mim —
Esse sono
Parecerá aos outros o sono de dormir,
O sono da vontade de dormir,
O sono de ser sono.

Mas é mais, mais de dentro, mais de cima:
E o sono da soma de todas as desilusões,
É o sono da síntese de todas as desesperanças,
É o sono de haver mundo comigo lá dentro
Sem que eu houvesse contribuído em nada para isso.

O sono que desce sobre mim
É contudo como todos os sonos.
O cansaço tem ao menos brandura,
O abatimento tem ao menos sossego,
A rendição é ao menos o fim do esforço,
O fim é ao menos o já não haver que esperar.

Há um som de abrir uma janela,
Viro indiferente a cabeça para a esquerda
Por sobre o ombro que a sente,
Olho pela janela entreaberta:
A rapariga do segundo andar de defronte
Debruça-se com os olhos azuis à procura de alguém.
De quem?,
Pergunta a minha indiferença.
E tudo isso é sono.

Meu Deus, tanto sono! ...

Álvaro de Campos
PESSOA, F. Poesias de Álvaro de Campos. Lisboa: Ática. 1944 (imp. 1993). p. 82

Eu por mim sonhava com você em todas as cores, mas meus sonhos são que nem cinema mudo, e os atores já morreram há tempos.

Por dentro eu sempre me persegui. Eu me tornei intolerável para mim mesma. Vivo numa dualidade dilacerante. Eu tenho uma aparente liberdade mas estou presa dentro de mim.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.