Ponta Cabeça
Pensei que a vida estava de ponta-cabeça, então eu me virei...
Pensei que havia se desafinado, então entrei no seu ritmo...
Pensei que havia errado o passo, então entrei em sua dança...
Pensei que havia se calado, então abri os meus ouvidos.
E quando o fiz, ela me disse:
- menina, tudo só dependia de você!
Quando a vida vira de ponta cabeça, chacoalha, tritura...
Resta recolher os pedaços, e seguir.
Mas tudo é dor, e o caminho é de espinhos, difícil continuar.
Olha pra dentro, busca tua essência. De cada pedacinho de dor, faz um tijolo...
Pavimenta teu caminho, para um passo de cada vez...
Nunca acaba a dor
Nunca acabam os tijolos
Vida que segue
Tijolo a tijolo
Passo a passo
Você me desestabiliza
Me faz mal demais
Você faz tudo virar de ponta cabeça
E antes que enlouqueça esqueço de nós
Você faz com que perca o equilíbrio
Me faz pensar loucuras
Em fugir da realidade
Logo depois coloco a cabeça no lugar
Depois de mais um ato covarde
Me vejo entrando em colapso
Daí eu traço um plano fugaz
Minto pra mim mesma que sou capaz
De apagar nossa historia
De tirar da memoria
O que não sairá jamais
"Se as coisas estão virando de ponta cabeça tem algo de errado, em nosso mundo objetos não gravitam. Mude seu ângulo de visão pois é para o alto, no alvo do Criador que se encontra esperança."
Nas voltas que a vida dá, fui muitas vezes jogado de ponta-cabeça; e daí; meu prumo são as estrelas.
Sou estranha, assumo. Sou toda do avesso e de ponta cabeça. Mas gosto disso, vejo o mundo de uma forma diferente, consigo ver o que mais ninguém vê, consigo ir além.
Gabriela Oliveira
insta: @sejaamodaantiga
O Mundo precisa de remédios
A impressão que tenho é que o mundo está de ponta cabeça. Ou eu dormi tempo demais, ou o mundo não dorme há vários dias. Talvez seja essa a razão do seu estresse e descontrole. Gaze e sanativo sempre à mão. O mundo precisa de remédios.
Eu estava terminando de estender as roupas do Michel, meu filho de 1 ano e meio, enquanto ele dormia, quando Mariana entra chorando em casa, sem nenhum material da escola, e com o rosto sangrando. Antes que ela pudesse se acalmar e se explicar, tratei de ver logo uma sutura para aquela ferida, que nem sabia ainda se deixaria alguma cicatriz. Meus conhecimentos em enfermagem, vez por outra, têm muita utilidade, principalmente em acidentes domésticos comuns. Mas graças a vinda inesperada do Michel, a faculdade ficou pra depois. Mas, não se tratava de um acidente. Minha filha mais velha, Marina, 13 anos, não havia conseguido chegar ao colégio porque foi assaltada e ferida no meio do caminho, passando por uma rua estreita, ao lado da rua principal que dá acesso à entrada lateral da escola, e que não pode ser perigosa as 7:30 da manhã, mas foi. Segundo a declaração assustada e nervosa da minha filha, ela não conseguiu tirar a mochila das costas com a rapidez que eles queriam, os livros caíram no chão, e eles, tão jovens quanto ela, e tão nervosos quanto, arrancaram a mochila, os livros, e saíram correndo a tempo de deixar um arranhão com a faca que eles usaram como arma. Os três dias que se seguiram ela não quis mais ir à escola. Chamei a situação dela de trauma, ela, porém, chamou o próprio estado de culpa. E eu não entendi o que ela quis dizer. Dias depois, achei, não por acaso, rabiscado num bloquinho cheio de anotações umas reflexões dela sobre aquele dia:
"A marca que eles deixaram no meu rosto não me agride tanto quanto a vergonha que me fizeram passar diante da minha condição impotente. Não que eu tivesse alguma pretensão de reagir com violência, mas não consigo parar de pensar que não vai ser diferente com eles nem comigo. Eu estarei na minha condição de garota bem de vida, cujos pais podem dar oportunidades que eu não desperdiçarei, enquanto eles não terão oportunidades alguma porque os pais deles também não tiveram, e enquanto eu morro de medo, eles morrem de indignidade. Nenhum objeto levado vai me custar mais do que custa a vida deles e eu sinto amargamente a dor de não poder fazer nada."
Exatamente hoje faz 4 meses que isso aconteceu. Estou na sala, preocupada, como sempre, esperando que ela chegue em casa, com a expressão cansada e satisfeita de todos os dias, com o teclado debaixo do braço e uma mochila carregada de cadernos. A cicatriz no rosto da Marina, mais perto do queixo que dos olhos, é quase imperceptível agora, leve e sutil, tal qual o sorriso tímido. A maneira como ela resolveu se livrar da ‘culpa’ e da ‘impotência’ é tão nobre que eu tenho esperanças no mundo e muito, muito orgulho da educação que eu e seu pai demos a ela. Ela está dando aula de reforço e iniciação à música na favela que fica algumas quadras perto da escola. Depois de almoçar, sai correndo e só volta no fim da tarde com um sorriso que me ensina a ser melhor.
O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer".
(Albert Einstein)
Talvez eu me encaixe em seu conceito de ser louco, mas neste mundo de ponta cabeça, a cada dia me sinto mais em casa.
Às vezes, é preciso que viremos a ampulheta. A vida vira junto, de ponta-cabeça, mas é necessário. Serve de recomeço, é como se a contagem se reiniciasse.
“E você mudou tudo. Bagunçou todos os cantos possíveis. Me revirou de ponta cabeça. E me fez ficar confusa ainda mais. Tirou meus pés do chão e quebrou o coração de gelo da menina que se fazia de rocha, apesar de ser tão frágil e possa até se apelidade de maria-mole. Me fez viciar em ti. Me fez ter um desses piores sentimentos e me perder nessa confusão de pensamentos (…) Você revirou tudo. Me bag...unçou e nos bagunçou. Me fazia tropeçar nas palavras e sentir sua falta de uma forma absurda mesmo que fosse só por uns instantes sua ausência. E depois se foi. Me sufocou de tanta saudade. Mas disfarcei como sempre, neguei a eu mesma, fingi ser forte e segui como se sua ausência não fosse nada. Que tanto faz você aqui ou lá. Mas dessa vez não consegui fingir.Porque vc sabe é só ao seu lado que posso ser feliz (…) E logo eu que sempre fui forte, havia acabado de conhecer a minha fraqueza, e que mesmo negando tantas vezes, necessitava de tua presença, mesmo depois de bagunçar, machucar, e virar completamente todo o meu mundo de cabeça para baixo.” Eu precisava e preciso da tua presença . . .
Quem nunca virou o rodo de ponta cabeça e fingiu que ele estava te fazendo uma jura de amor só pra não achar que estava sozinha? Eu lembro que quando tinha 11 anos eu gostava de conversar com aquela vassoura que tinha "cabelos"...