Poetas Românticos

Cerca de 2323 frases e pensamentos: Poetas Românticos

⁠Com Que Cor Vou Vestir?

Não me vês
Meu bem
Visto Azul
Tudo Azul
Como o céu
E não me vês
Visto rosa
Tu discordas
E não me vês
Visto vermelho
Tu avermelhas e duvidas.
Visto estampas
Tu espantas.
Visto negro
Tu exclamas!
Onde estão as estampas?
E digo:
Espantastes?
Com tantas cores meu bem
Qual seria a minha estampa?
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠Eu - Tu - Ele

Não chores menina
Vamos rezar
Contemplar os mistérios
Eu
Tu
Ele
Eu quero
Tu condenas
Ele Navega
Eu
Tu
Ele
Mistério
Conto
Metáfora
Eu
Tu
Ele
Eu quero
Eu devo?
Eu posso
Única pessoa
Único verso
Em um único desejo
Eu
Tu
Ele
Quem viajou nessa conjugação?
Eu
Tu
e Ele
Sem condenação
Gosto de todos
Eu
Tu
Ele
Somos uma realidade
Tu criticas
Ele foge
Eu fico sozinha
E no plural?
Nós
Vós
Eles
Nós eu desembaracei
Vozes não me escutaram
Eles sempre existiram
Vamos recomeçar (de novo)
Eu
Tu
Ele
Eu desejei
Tu estornou
Ele recolheu
Mas quem emende?!
Nós desembaraçamos
Vozes se apagaram
Eles nunca escreveram
Na realidade
Só sobreviveu
Eu para escrever
Tu para apreciar
Ele para me atormentar.
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠"Vende-se"
Já pensou em amanhecer de carga vazia sem ter o que oferecer e ser dispensada de todos os favores, pois você mais parece água de um lago revolto e coloca a todos em desespero e sem rumo.
Já pensou em abrir sua bolsa e lá estivesse vazia e sua carteira como se fosse nova e você sem identidade?
Imagine abrir um livro em que todas as consoantes fossem banidas do dicionário.
Imagine contar infinitamente só os números ímpares, pois os pares não existem mais.
Cristalize falar e não ser compreendida.
Chorar e parecer estar sorrindo.
Soprar e tudo virar ventania.
Imagine:
...que tudo é realidade.
É o escritor
O que ele vende
Poucos compram.
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠Pai, Sempiterno
Ser pai é ser sempiterno!
É ser a essência da palavra
que transcende em verbo.
É ser o pilar da criação.
E plantar no terreno da eternidade
a semente
Que germina realização.
Ser pai é multiplicar-se em muitos.
É viver-se em tantos
e amar sem nunca ter a dimensão.

Inserida por leandroflores

⁠Impressões
Noite de céu crespo sem lua. Silêncio sedicioso derramava em seus pensamentos agonias. O travesseiro ficara quente, as tábuas estalavam a secura do Mês de Setembro. Os ventos frios adentravam sem convites por todas as janelas. A rua já havia se esvaziado da festa e os papeis vagabundos e coloridos faziam folia com o sopro da madrugada.
Caminhou pela casa, pegou um livro, as letras não acolchoavam sua cabeça. Acomodou as malas na soleira da porta. A esta hora ainda estava sem sono. Revirou suas anotações, tentou dar curso e poesia aos guardados e a página permaneceu imaculada. Olhou pela janela e viu que a cidade repousava.
Parecia que já era hora de amanhecer e acendeu todas as luzes e esquadrinhou todo o lugar como se o mapeasse para a sua memória. Deitou com seus pensamentos vazios e muitas perguntas. Revirou na cama e talvez fosse o estômago vazio esta insônia.
Foi à cozinha. Açúcar queimado com canela e leite cheirou, aguçou suas papilas. Os biscoitos de queijo ajeitaram o doído do vazio. Limpou os dentes pacientemente um a um com pasta de hortelã. Passou creme de nozes nas mãos e percebeu que durante sua estadia não havia tocado o piano.
Foi até a sala onde ficava o esplêndido. O lustre iluminou junto o recinto. Talvez fosse o lugar mais austero da casa, moveis delicados com instantâneos das descendências em poses agoniáveis. Todos pertencendo ao passado com histórias confusas e nunca narradas. Mirou cada face como se retirasse de seus olhares suas existências. Tudo mudo. Todos impassíveis.
Abriu a maravilha, o piano, teclado amarelado em marfim liso e gelado; soltou seus tons que espalhou pela casa, e todos valsaram. A cortina dançou, o vento parou para escutar, os papéis se esconderam nas esquinas, os pensamentos acalmaram e os instantâneos dependurados pelas paredes se pintaram. Sua insônia se demitia e na última valsa sentiu um vulto se aproximar. Fechou os olhos sem medo e dedilhou a última melodia.
No avião sua mãe comentou:” Que foi aquela andação à noite pela casa?Agora virou assombração?”
–Foi só indigestão.
–O que comeu?
–As assombrações não digeriram bem os biscoitos de queijo e ficaram por lá brigando, dançando com azias. Brancas, aparentes, empoadas de farinha...
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠Saudades em poesia
Seu cheiro derramado em poesias
Seu cheiro arrastado nos versos
Cheiro espairado
Repartido
Cheirando espalho
Vetado
Revive em mim seu corpo em perfume
Flui
Esparrama a sua vontade
Somos mistura
Dos céus e dos ares
Somos nós e nó
Você existiu
Para... sempre...
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠Quando


Quando morrer, não me espetem de flores, porque representam a vida e sua resplandecência é rápida: florescem, envelhecem e morrem.
Me alfinetem de palavras que sejam somente substantivo abstrato: felicidade, sucesso, angústia, desejo, prazer, cumplicidade, compromisso, inocência, perdão, amor, confissão.
Confesso que o perfume das flores paira no ar, mas as palavras perfuram e permanecem interpretadas por quem não tem preconceito, mas sonha.
Quero deixar esta herança.
Sonhos.
Sonhe e o os sonhos são proféticos, eternos como os céus e as estrelas que nos cobrem.
Cubra-se somente de sonhos.
E sonhe somente seus sonhos.
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠“Cozinhando”

Tinha cheiro perfumado
de cardamomo moído
no ar
nosso jeito de amar

Vermelho
Rubro
Intencional
Despido
Tomates descascados
despelados
refogados
sufocados no azeite
ferviam
esparramando desejos


Não dava para esperar
ervas benziam
alecrim
tomilho
mangericão
coentro
hortelã
para acalmar o mar de dentro


Esperei...
Abri um vinho...
Ele não chegou
MEU DEUS !...


Para AMAR
COZINHAR
Basta o Sal
do mar
e das lágrimas

Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

Meu amor de ontem
Ele havia chegado.
Foram 25 cinco anos de sertão. Barba por fazer, desodorante faltando, mal-cheiro falando.
Português capenga, só ficava rachando lenha, trabalho braçal mesmo. Verbalizar algumas palavras somente depois de uns goles de pinga.
Até que morava bem, num “igarapé” fresquinho às margens do Rio das Mortes, uns 100 quilômetros da cidade, na seca. Na chuva nem tiro ideia. Ventilação só do vento nos buritis.
Lugar bonito por lá. Tem duas estações: a seca e as águas. Ouvi dizer que vendem perfumaria nos alagados.
Vizinhança próxima, toda sorte de animais silvestres e rastejantes.
Ele me explicou bem como era feliz. E fez esta viagem com proposta de sermos mais unidos.
Na verdade fiquei embasbacada e pensando se o banheiro
tinha lixa de pé e “bidê”.
Olhei sua camisa de um algodão rústico e desbotado, seus pelos agora também descoloridos saindo revoltos entre os botões.
O vento derrubou meu chapéu panamá e ele não se inclinou para pegá-lo.
Disse que tinha hóspedes e muita pressa.
Saí da conversa com um calor sufocante e uma pergunta im- pertinente.
“Será ele o mesmo que tanto amei ?”
Ele virou Anhanguera e não o reconheci.
Lembranças, às vezes, é um lugar confortável.
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠A última carta de amor

Sinto sua falta e as areias sopradas pelo vento frio batem em
meu rosto e acordo com as lembranças.
A chuva fina penetra em meu corpo e penso em seus beijos
tão quentes como ares do Equador.
Meu demônio infernal que arrasta meus dias em desejos
queimantes e fico cega.
Chamá-lo de meu amor é tão vulgar e abstrato e meu pensamento
se dirige a ti de forma tão concreta que sinto e quero sua
presença.
Fica tudo tão distante. Meu corpo, meu desejo, que nem as
cartas cobrem esta ausência.
Dizem que amores não tem corpo, mas do que é feito sua
intensidade sem seus contornos físicos,
perfumes perdidos sem seu cheiro?
E o vento apaga as palavras neste deserto de solidão e gasto
tanta pena e tinta e nem sei se verbos atravessam oceanos e intempéries.
Mas fica a força de meus punhos grafados, para contornar
seu corpo nesta carta.

Inserida por RosanaFleury

⁠“Enfurnada”
Sou subtraída do profundo das águas calcárias e cristalinas de Furnas
Enfurnada entre montanhas Alinhadas de pés de café.
Lugar de cheiro doce
Da floragem cafeeira vestida de noiva do moka
Que se enfeitam de flores brancas e sementeiras vermelhas
Ano a ano Dia pós dias
Sou as sacas cheias da safra
Que despolpa líquida nas xícaras E cobre o paladar e os ares
Sou das minas verdes Sul de Minas Perfurmada Aromatizada
Cheiro de café Ser gerado
Das Minas Gerais
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

⁠O magnífico na vida é poder acordar todos os dias e conseguir encontrar uma nova paixão, porém sempre na mesma pessoa...

Inserida por sivi

⁠INSPIRAÇÃO

A vejo como a estrela
avistada no céu.

Ela não está lá,
só sua luz, seu passado.

Nós poetas,
não estamos no tempo dela,
e sim, a traduzimos em nosso tempo.

O momento avistado.

Coração Saudoso
O coração, depois de tanta saudade.
Fica saudoso.
Porque sabe: Que as correntes
da Vida, não irão provocar,
um reencontro.
Na mesma intensidade
da paixão que uniram
duas almas.
Ele senti que:
Restando apenas. Inventar um novo amor.
Mesmo que seja com a mesma pessoa.
marcos fereS⁠

Inserida por marcosviniciusfereS

Se for pra amar, amar-te-ei como a poesia que me adoça os sentidos e me faz viajar num voo subjetivo e singular, na maravilhosa capacidade de reverter em encantos a triste realidade dos vazios dias sem rimas.

Se for pra amar, amar-te-ei como a poesia que me faz sair de mim todas às vezes que me adentro nos sentidos da paixão e me faz enxergar os motivos desse sentimento que carrego no peito.

É desse jeito que os amores nascem: com os versos soltos de um olhar, com os silêncios que falam através da retórica exacerbada do sentir, na permuta dos toques imaginários, que vão além do presente.

Porque se for pra te amar, amar-te-ei só se for assim, com a febre dos poetas, com essa paixão que me completa, lírica, rítmica, aquecida e jamais esquecida, ainda que nunca vivida por nós em vida.

Pois, se for pra te amar, é do calor da poesia que me traz o melhor de ti; toda calma, toda sorte, toda reza, sem por um instante olvidar que é da tinta que desenha os poemas da tua pele sobre mim, onde a inspiração anseia mais do que o teu nome, e te infinita em mim num suspiro despertar.

Inserida por GilBuena

Outono

Chegaste ao outono
Da vida.
Na primavera me mostraste
Os campos de
Teu perfume.
Abandonaste-me no inverno
E meu coração
Congelou.

Restou o mapa de sua nação
De nossas intenções
Tatuado
Maculado em meus seios.

Hoje sou lagarta
Sem verão
À procura de seu coração

Para
Fazer
Transformação.

Chegaste ao outono da vida
Mostraste-me a primavera
Nos campos de teu perfume
Abandonaste no inverno de incertezas

Meu coração, este inverno.
Inferno congelado
Não acha o verão.

Chegaste ao outono da vida
Mostraste-me
Na primavera
Os campos de seu perfume
Um território que eu desconhecia.

Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

Adverso

Em cada verso
Em cada verso
Que escrevo
Você existe

Em cada página
Que viro
Você permanece

Em cada lágrima
Que corre
Você escorre

Em cada sopro
Do vento
Que bate em
Meu rosto
Você se reinventa e
Reescreve

Em cada vírgula
Que para, pausa
Você resiste

Em cada dia
Que apaga
Você afaga em
Lembranças

Em cada soluço
Que tropeço
Você navega
Nas lágrimas

Em cada palavra
Que escrevo
Você finge e corre

Em cada rima
Que descrevo
Você é o fim

Em cada final
Que você existe
Eu fico
Feliz

Escorre
Delicadamente
Em cada dia que amanhece
Assim
Eu adereço
O seu jeito de ser

Em cada tempero
Que eu verso
Você compõe

Em cada perfume
Em que fico
Você se banha

E o passado
Permanece
Inalterável
Como presença

Peço ao tempo imperar
Transmutação
Até virar
Dia pó

Areia
Pós dia
Poeira
Sujeira

De um verso
Do avesso
Exausto
De ser
Execrável
Cafajeste
De rimar
Ordinário

Em cada tormento
Que me afronta
Eu escrevo
Rimo
Componho
Crucificação com
Libertação
Alforriado
Em paz

Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

Vazio

Não há nada
Somente vazio
Um copo sem fundo
Um corpo que quer vida

Não há verbos
Para decifrar
A cegueira
De nossos movimentos

Não há dicionário
Para encapar
Os meus,
O seu,
Os nossos
Sentimentos

Não há energia
Nem transcendência do viver

Não há nada
No olhar
Não sobrou coisa nenhuma

Mas há
Você navegando
Em mim.

Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

Frio

Frio
Adivinha minha alma
Percorra
Sinta
Perceba
A saudade

Frio
Fale
Amargue
Congele
Apague
Tudo

Frio
Endureça
A minha vontade
Congele
Meus dedos
Vire pedra
Para que
Eu nunca
Atire no destino

A quem interessar
Congelou
Minha alma

Frio
Abrace-me
Necrose
Apodreça
Para que nada aconteça

Frio
Não me leve
Não me enterre
Não me deixe

Quero
Arrepiar
Não só de frio
Mas de
Clamor
De um frio absoluto
De amar.

Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury

De que lugar

Onde anda você?

Em que parágrafo você acorda?

Em que capítulo você se despe?

Com que asas você voa?

Em que céus devo te procurar?

Em que estação você floresce?

Em que águas devo te recolher?

Qual o recado que vai enviar?

Em que nuvem vai escrever.....

Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury

Inserida por RosanaFleury