Poetas Portugueses

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Viagens na minha Terra

Eu amo a charneca.
E não sou Romanesco. Romântico, Deus me livre de o ser - ao menos o que na algaravia de hoje se entende por essa palavra.

Viagens na minha Terra

Sentia-me disposto a fazer versos, a quê? Não sei.
Felizmente que não estava só, e escapei de mais essa caturrice.
Mas foi como se os fizesse, os versos; como se os estivesse fazendo, porque me deixei cair num verdadeiro estado poético de distração, de mudez; cessou-me a vida toda de relação e não me sentia existir senão por dentro.

Viagens na minha Terra.

Há livros, e conheço muitos, que não deviam ter títulos, nem o título e nada neles.
E há títulos também que não deviam ter livro, porque nenhum livro é possível escrever que os desempenhe como eles merecem.

(...) heróica nas suas dores, sofrendo-as ao mesmo tempo com a tristeza do animal e a grandeza da pessoa.

Miguel Torga
TORGA, M., Diário

Não, não é cansaço...
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar,
É um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo...

Fernando Pessoa
Poesias de Álvaro de Campos. Lisboa: Ática, 1944.

Nota: Trecho do poema Não, não é cansaço...

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⁠Tudo me interessa e nada me prende.

⁠Em tempo de lutas quem poderá dizer que a unidade não é a morada da beleza, certamente em lume a vitória possa de fato se estabelecer, e, por sábias reflexões, colher bons frutos em todos os seres, principalmente por àqueles que necessitam da graça pra se restabelecer.

Abram-me todas as portas!
Por força que hei de passar!
Minha senha? Walt Whitman!
Mas não dou senha nenhuma...
Passo sem explicações...
Se for preciso meto dentro as portas...
Sim — eu, franzino e civilizado, meto dentro as portas,
Porque neste momento não sou franzino nem civilizado,
Sou EU, um universo pensante de carne e osso, querendo passar,
E que há de passar por força, porque quando quero passar sou Deus!

⁠Através do teu coração passou um barco
Que não pára de seguir sem ti o seu caminho

⁠Soneto à maneira de Camões

Esperança e desespero de alimento
Me servem neste dia em que te espero
E já não sei se quero ou se não quero
Tão longe de razões é meu tormento.

Mas como usar amor de entendimento?
Daquilo que te peço desespero
Ainda que mo dês - pois o que eu quero
Ninguém o dá senão por um momento.

Mas como és belo, amor, de não durares,
De ser tão breve e fundo o teu engano,
E de eu te possuir sem tu te dares.

Amor perfeito dado a um ser humano:
Também morre o florir de mil pomares
E se quebram as ondas no oceano.

A inteligência humana nunca cessa, alguns que têm medo do devido prosseguimento.

O que importa com o grau e o local é do tempo seu estado normal.

Nunca fui fã de cantadas, mas, já ouvi muita canção te imaginando os serias, deve ser tão bom se ti à hoje, há o posso tocar.

Toda verdade fonética desemboca em linguísticas de incompreensões pra não retalhar seus sentindos em convenções.

Tudo é perfeito até a falta do que fazer aguardando o que se necessita e não precisa resolver.

O velho sempre serve quando as edificações não modificam às acolhidas retificações.

Sem experiência pra que se servem de estágios.

Nas escadas da vida, nossa subida é sempre nosso verdadeiro lar, vamos prosperar.

Quando a sabedoria chegar pra você não corra por vergonha do não ser é o serviço dos arrumadinhos.

Que sorte pra alguns poder liberar os pseudônimos quando chegamos com as caras de frente.