Poetas Portugueses
A ação aperfeiçoadora de um amor puro, seja ele por uma mulher ou por um rapaz, é um dos encantos do mundo.
Nossas pausas são proteção dando uma rápida observação, não pra modificação ou conclusão, são cuidados de tempos em estação.
A monogamia é uma mentira criada para acalmar histéricos e sufocar a compreensão do homem, atrasando almas e prejudicando vidas.
Grande é a poesia, a bondade e as danças. Mas o melhor que há no mundo são as crianças.
(in "Liberdade")
"Mas se Deus é as flores e árvores
e os montes e sol e o luar,
então acredito nEle,
então acredito nEle a toda a hora".
(Fragmentos extraídos do livro “Fernado Pessoa – Obra poética II” – Organização: Jane Tutikian – Editora L&PM, Porta Alegre – RS, 2006).
Há uma primavera em cada vida
é preciso cantá-la assim florida.
(Em "Charneca em flor: sonetos – Fonte: Templo Cultural Delfos)
"Vem-me, não sei porquê, uma angústia recente,
Uma névoa de sentimentos de tristeza
Que brilha ao sol das minhas angústias relvadas
Como a primeira janela onde a madrugada bate,
E me envolve com uma recordação duma outra pessoa
Que fosse misteriosamente minha". (Ode marítima)
Não se deve falar demasiado. Quando falo demais começo a separar-me de mim e a ouvir-me falar". (O marinheiro)
“De tanto lidar com o sonhos,
eu mesmo me converti num sonho.
O sonho de mim mesmo”.
(Livro do desassossego - Bernardo Soares)
A caridade é uma virtude que não desacompanha jamais suas irmãs, a fé que dá o ânimo e a esperança que anima o coração.
No teatro da vida quem tem o papel de sinceridade é quem, geralmente, mais bem vai no seu papel.
Tenho tanto sentimento.
Temos, todos que vivemos, uma vida
que é vivida e outra vida que é pensada,
e a única vida que temos
é essa que é dividida
entre a verdadeira e a errada.
A hora da partida soa quando
Escurece o jardim e o vento passa,
Estala o chão e as portas batem, quando
A noite cada nó em si deslaça.
A hora da partida soa quando
as árvores parecem inspiradas
Como se tudo nelas germinasse.
Soa quando no fundo dos espelhos
Me é estranha e longínqua a minha face
E de mim se desprende a minha vida.
Chamo-Te porque tudo está ainda no princípio
E suportar é o tempo mais comprido.
Peço-Te que venhas e me dês a liberdade,
Que um só dos teus olhares me purifique e acabe.
Há muitas coisas que eu quero ver.
Peço-Te que sejas o presente.
Peço-Te que inundes tudo.
E que o teu reino antes do tempo venha.
E se derrame sobre a Terra
Em primavera feroz pricipitado.
Um dia, gastos, voltaremos
A viver livres como os animais
E mesmo tão cansados floriremos
Irmãos vivos do mar e dos pinhais.
O vento levará os mil cansaços
Dos gestos agitados irreais
E há-de voltar aos nosso membros lassos
A leve rapidez dos animais.
Só então poderemos caminhar
Através do mistério que se embala
No verde dos pinhais na voz do mar
E em nós germinará a sua fala.