Poetas Portugueses

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Um verdadeiro amor é segunda inocência.

Camilo Castelo Branco
BRANCO, C., Coração, Cabeça e Estômago, 1862

A amante que chora o amante que teve, na presença do amante que se lhe oferece, quer persuadir o segundo que é arrastada ao crime pela ingratidão do primeiro.

O melhor amigo é o dinheiro. Conselhos, os melhores é o dinheiro que os dá.

Entre namorar e amar, está o reflectir.

Sabedoria

Desde que tudo me cansa,
Comecei eu a viver.
Comecei a viver sem esperança...
E venha a morte quando
Deus quiser.

Dantes, ou muito ou pouco,
Sempre esperara:
Às vezes, tanto, que o meu sonho louco
Voava das estrelas à mais rara;
Outras, tão pouco,
Que ninguém mais com tal se conformara.

Hoje, é que nada espero.
Para quê, esperar?
Sei que já nada é meu senão se o não tiver;
Se quero, é só enquanto apenas quero;
Só de longe, e secreto, é que inda posso amar...
E venha a morte quando Deus quiser.

Mas, com isto, que têm as estrelas?
Continuam brilhando, altas e belas

José Régio
Poemas de Deus e do Diabo

O amor que enlouquece e permite que se abram intercadências de luz no espírito, para que a saudade rebrilhe na escuridão da demência, é incomparavelmente mais funesto que o amor fulminante.

Quando a eloquência, inspirada do íntimo da alma, regurgita em jorros dos lábios de uma amante, é certo o triunfo.

A maldade é congénere do homem.

O basilisco do ciúme é, às vezes, o galvanismo dos corações regelados e mortos pelo tédio.

As quedas de algumas mulheres justificam-nas alguns maridos.

A mulher devia ser velha quando não sente o coração... quando já não ama.

A civilização é a razão da igualdade.

O amor dá-se mal nas casas ameaçadas de pobreza. É como os ratos que pressentem as ruínas dos pardieiros em que moram, e retiram-se.

Camilo Castelo Branco
BRANCO, C., Anos de Prosa, 1863

O extremo de um grande prazer é um desgosto.

Camilo Castelo Branco
BRANCO, C., Cenas da Foz, 1857

Descobri que a leitura é uma espécie de sonho escravizador, se devo sonhar porque não sonhar os meus próprios sonhos.

Minha pátria é a língua portuguesa.

Fernando Pessoa

Nota: Trecho do "Livro do Desassossego por Bernardo Soares" (heterônimo de Fernando Pessoa). Link

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Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações...

Fernando Pessoa
Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa), in "Poesias". 15-1-1928.

Como a noite é longa !

Como a noite é longa !
Toda a noite é assim...
Senta-te, ama, perto
Do leito onde esperto.
Vem p'r'ao pé de mim...

Amei tanta coisa...
Hoje nada existe.
Aqui ao pé da cama
Canta-me, minha ama,
Uma canção triste.

Era uma princesa
Que amou... Já não sei...
Como estou esquecido !
Canta-me ao ouvido
E adormecerei...

Que é feito de tudo ?
Que fiz eu de mim?
Deixa-me dormir,


Dormir a sorrir
E seja isto o fim.

O esforço é grande e o homem é pequeno .

Realidade


Em ti o meu olhar fez-se alvorada
E a minha voz fez-se gorgeio de ninho...
E a minha rubra boca apaixonada
Teve a frescura pálida do linho...

Embriagou-me o teu beijo como um vinho
Fulvo de Espanha, em taça cinzelada...
E a minha cabeleireira desatada
Pôs a teus pés a sombra dum caminho...

Minhas pálpebras são cor de verbena,
Eu tenho os olhos garços, sou morena,
E para te encontrar foi que eu nasci...

Tens sido vida fora o meu desejo
E agora, que te falo, que te vejo,
Não sei se te encontrei... se te perdi...