Poetas Ingleses

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A vida é enfadonha como uma história contada duas vezes.

O passado é um prólogo.

Com o engodo de uma mentira, pesca-se uma carpa de verdade.

A arte é o espelho e a crónica da sua época.

O mundo está desarticulado.

Contrabalançar promessas com promessas é estar pesando o nada.

A esperança de gozar cede apenas em prazer à esperança realizada.

Está bem pago quem está satisfeito.

A vida é uma história contada por um idiota, cheia de som e de fúria, sem sentido algum.

Não é merecedor do favo de mel aquele que evita a colméia porque as abelhas têm ferrões.

Temo a tua natureza; ela está demasiado cheia do leite da ternura humana para que seja capaz de seguir o caminho mais curto.

Soneto 15

Quando penso que tudo o quanto cresce
Só prende a perfeição por um momento,
Que neste palco é sombra o que aparece
Velado pelo olhar do firmamento;

Que os homens, como as plantas que germinam,
Do céu têm o que os freie e o que os ajude;
Crescem pujantes e, depois, declinam,
Lembrando apenas sua plenitude.

Então a idéia dessa instável sina
Mais rica ainda te faz ao meu olhar;
Vendo o tempo, em debate com a ruína,

Teu jovem dia em noite transmutar.
Por teu amor com o tempo, então, guerreio,
E o que ele toma, a ti eu presenteio.

Não há vício tão simples que não afivele a aparência de virtude.

A miséria habitua o homem a estranhos companheiros de cama.

Escalar colinas difíceis requer um ritmo lento no início.

São tão doentes aqueles que se saciam demais, como aqueles que passam fome.

Com o passar do tempo, nós odiamos aquilo que frequentemente tememos.

Me dê livros, vinho francês, fruta, bom tempo e um pouco de música ao ar livre tocada por alguém que não eu conheço.

Eu quase desejo que fôssemos borboletas e vivêssemos apenas três dias de verão. Três dias como estes eu poderia preencher com mais deleite do que cinquenta anos comuns poderiam conter.

Endymion

O que é belo há de ser eternamente
Uma alegria, e há de seguir presente.
Não morre; onde quer que a vida breve
Nos leve, há de nos dar um sono leve,
Cheio de sonhos e de calmo alento.
Assim, cabe tecer cada momento
Nessa grinalda que nos entretece
À terra, apesar da pouca messe
De nobres naturezas, das agruras,
Das nossas tristes aflições escuras,
Das duras dores. Sim, ainda que rara,
Alguma forma de beleza aclara
As névoas da alma. O sol e a lua estão
Luzindo e há sempre uma árvore onde vão
Sombrear-se as ovelhas; cravos, cachos
De uvas num mundo verde; riachos
Que refrescam, e o bálsamo da aragem
Que ameniza o calor; musgo, folhagem,
Campos, aromas, flores, grãos, sementes,
E a grandeza do fim que aos imponentes
Mortos pensamos recobrir de glória,
E os contos encantados na memória:
Fonte sem fim dessa imortal bebida
Que vem do céus e alenta a nossa vida.

John Keats
KEATS, J. The poetical works of John Keats. London: William Smith, 1841.

Nota: Trecho do soneto "Endymion", traduzido por Augusto de Campos no livro "Byron e Keats: Entreversos" (2009)

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