Poetas Gauchos
Meu Segredo: Seu Rastro
Minha bolsa esconde um jardim de aromas cítricos e adocicados que ventilam lembranças que caem como tempestades.
Entre aspirinas esfareladas, resto de uma história perdida que insiste em viver.
Busquei em você refúgio e caí num abismo de infinitos desejos.
Ela, a bolsa, a única testemunha de nossos beijos guarda silenciosa nosso segredo. Dentro dela um lenço com um grama de seu perfume.
Não te vejo mais.
Passa distante, desconhecido. Mas quando a saudade vem soberba em querer você.
Sou humilde, abro a bolsa, desdobro as lembranças respingadas, inspiro seu perfume e me deito com os segredos.
Dentro da minha bolsa um jardim de história e segredos perfumados.
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury
As cidades, as verdades e os muros.
Era manhã de abril e o céu não se cobriu de nada, e nas
cercanias da cidade descortinaram a estampa de seu amor fraseado,
pregado em todos os muros da cidade.
Diziam que era amor, mas tanto amor era resguardado, não
era arregalado e na boca de todos cingiam frases recortadas de
verdades que moram no absoluto julgamento de todos.
O que era velado, surdo, intransponível, efervesceu e tingiu
os muros de toda a cidade.
Agora não tinha mais vestes, arrancaram seus sentimentos
e dependuraram seus trapos pelos muros da cidade como
interpretavam.
Ela virou só lamento, andava quase seminua e todos
desviavam de sua presença. Diziam que nos muros cuspiam as
estações gravadas, onde sua boca pousou, o que dela suspirou e
com quem dançou.
Como se atrevera a tanto?
Não havia nela talento para o mal, arrombaram e viram a
folia de seu coração.
A chave se perdeu e o preconceito nasceu das reentrâncias
dos muros que circundam as cercanias das cidades.
Nos trapos as verdades despiram-se, como se fossem
realidades nunca realizadas, onde o leviano é sentinela de quem
não sabe nada de verdades e sentimentos.
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury
Sonhos aposentados (parte 01)
Seu marido havia morrido, nem sabia quando, em que dia,
de que jeito, simplesmente morrera, sem anúncio fúnebre, sem
santinho em branco e preto, morreu sem dores, anestesiado, acima
dos lamentos.
Agora ele vivia de alma emprestada.
Deus sabe de quem, esperando sei lá o quê, talvez secar
esfarelar, virar húmus, voltar a terra.
Quis ressuscitá-lo à vida, abriu as janelas que deram vista às
montanhas ondulando, pés de café para que ele percebesse o ciclo
da vida, mas quando chegava cerrava todas as ventarolas com frio,
muito frio.
À noite, deitava com as mãos geladas, cruzadas sobre o peito,
era seu único movimento, e de madrugada exalava de sua boca um
hálito esquisito de fundo de baú, cheirando a curtume.
Agora, esposa tinha certeza, ele havia morrido mesmo.
Ele levantava, dizia exatamente a mesma coisa, vestia as
mesmas roupas, os mesmos sapatos, as mesmas meias. Caminhava
pelo mesmo corredor ao trabalho, dia a dia, cumprimentava as
mesmas pessoas com as mesmas faces doentias, os mesmos assuntos
e recortava e dizia as mesmas palavras. Não acrescentava, não
diminuía, era linear, hermético, impermeável, morno, quase frio,
pois ainda não estava completamente morto.
Sua face endurecera, não esboçava nada, nenhuma estação,
era dura como porcelana. Seus cabelos caíram e ralearam, a pele
ficou manchada de pintas que mais pareciam pequenas necroses.
Passou a ficar pálido, leite, quase transparente, às vezes
custava a perceber sua presença translúcida.
A casa também começou a mudar lá dentro; um frio intenso
que toda criação, gato, cachorro, papagaio, passarinho e pensamento só
ficavam e chegavam até a cozinha, onde o fogo a lenha espalhava calor.
Não podia mais amá-lo porque o frio dele cortava-lhe a pele,
e o calor dela derretia seu corpo.
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury
Atropelada
Como posso abandonar
Algo que nunca tive
Como posso amar
O que nunca conheci
Como posso sentir saudades
Do que nunca me pertenceu
Como posso sentir tudo
E ficar tão vazia
Como posso
Agora desistir
Se nada aconteceu
Onde mora
A divindade dos sentimentos
Que tanto desejei
E nunca compartilhei.
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury
Sem Fim
Por favor, me espere e não desesperes porque chego tarde.
Não tropeces no conflito do dia porque chego fora de hora.
Deixe as horas correr, não as esperes exatas porque ando acompanhada e tenho que aguardar a brecha do dia para te abraçar.
Não penses
Não conclua
Porque não aconteceu nada...
Nada?!
Só o meu desejo que te procura e te apalpa pelas ruas e esta vai ser uma história até agora sem fim!
Fim não existe, você vais voar eternamente sem saber onde pousar teus sentimentos, e eu ficarei louca avistando a tudo, despida ou coberta de seus fragmentos e ainda serei um mosaico de palavras sem sentido porque:
Nunca é um tempo
Longo demais
Para não amar.
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury
Gosto de gostar
Gosto de gostar.
Gastando a Vida.
Gostando de alguém.
Dividindo pensamentos em Escritas,
para outro pensante.
Que ela gosta da Vida também..
Gosto de gostar da Vida.
Fazendo o que se faz de melhor.
Se meu melhor, não agrada ainda a Vida.
Melhoro, meu sentimento..
E me faço para a Vida.Maior..
Inexiste limite para gostar.
Mas sim. Para o receber.
Mais vive a quem na Vida.
E, que gosta pra valer.
Se um gostar. Não te acalenta a Vida..
Continue, sonhando em receber.
Porque o gosto de gostar da Vida.
Já esta aí , em sentimento.
Guardado junto a Você.
Marcos FereS
Conchinha do mar
Desde que, nasceste.
Ficara pregada numa pedra,
Sendo açoitada pelas ondas.
E quanto mais , as águas batiam.
Mas forte ficava sua casca de calcário.
Fechada. Só deixava passar o necessário,
Para a Vida manter.
E assim viveu o ciclo.
Depois sua concha foi
Colocada pelas ondas do mar;
na vitrine da praia.
Para testemunhar eternamente.
A luta que tivera, e que; havia te
Deixado tão forte.
Marcos FereS
Ser louco para muitos e errado, para min e ser verdadeiro, e pensar de maneira diferente do que somos impostos a viver e pensar, por isso vivo minhas loucuras sem me importar com o que vão pensar
Gramática do amor
Tirando da namorada
A palavra amor
O que sobra
É nada.
A gramática nunca desmente os poetas.
O Poeta não morre, viver eternamente através de suas palavras
O Poeta eterniza-se quando deixa gravada sua passagem pelo mundo através de sua escrita, contribuindo de forma positiva na construção de outros pensamentos.
Muitos não terão a oportunidade de ver essas sementes brotarem, mas sua essência permanecerá através do que escreveu para sempre na eternidade.
É exatamente por esse motivo que aproveito para deixa o muito do pouquinho de mim por onde quer que eu passe, através de minhas palavras fruto da experiência e do olhar que tive em ralação a vida na minha passagem pelo mundo.
Não é apenas uma simples escrita, vai além, é o meu próprio sentimento e imaginação, eternizando em papel tudo o que se passa dentro de minh'alma, minúcias de meu coração.
Não posso garantir que te protegerei por inteiro aqui, pois entre todos os mundos este é o mais perigoso, mas posso garantir que no meu coração você estará seguro .
~Brenda Nery
A mente humana é como um pássaro engaiolado, enquanto não for livre jamais descobrirá a sua verdadeira essência de vida.
"Seas pessoas ao seu redor não lhes permitirem sonhar, ame-as, porque elas já não vivem, apenas sobrevivem."
"A insatisfação é uma filha jovem e sonhadora, que promove a maior de todas as revoluções interiores: a mudança de hábito."