Poetas Cristãos
É noite no Balneário dos poetas,
aqui cruzam as estrelas nas letras.
Os nossos dias são cheios de poesia,
daqui nascem cantos de revolução.
Balneário onde as poesias pousam
- como tranquilas gaivotas -
A vida deu mais do que mil provas:
o destino segue o curso do coração.
É noite no Balneário dos poetas,
[Balneário de intensos poemas!...
Os dias regam as doces palavras
que hão de ser para sempre lembradas.
É noite no Balneário dos poetas,
noite repleta de claridade...
Noite para dizer o suficiente:
- Deixe-me viver em liberdade!-
É noite no Balneário dos poetas,
para saudar o girar dos astros.
Tenha-me em sua lembrança,
mas não siga os meus passos.
É noite no Balneário dos poetas,
para dizer que: - Eu escrevo por arte.
Leia-me por inteira...,
não me procure, e não me queira.
É noite no Balneário dos poetas,
para dizer que: - Eu te amei por um triz!
O Universo não nos quis,
aceite o traçado do destino, este é o caminho!
A minha poesia arderá para sempre,
porque sou movida à paixão.
A vida já deu mil mostras...,
que Ele escreve certo por linhas tortas;
Deixe-me no Balneário dos poetas,
a perder-me nas ondas do mar,
escrevendo livre nas areias:
poesias feitas de renda - e inteiras!
Os poetas são assim: Quando estão alegres escrevem coisas alegres e quando estão tristes escrevem coisas tristes ou às vezes nem escrevem.
Nós, os poetas, olhamos para as palavras como se nelas não se pudesse conter a essência das coisas, depois, limitamos a vida ao significado do verbo que não
pronunciamos, no segredo desvelado, rebelamos a alma que não se orienta na pedra filosofal do entendimento, nós os poetas olhamos para o poema como se ele não existisse e por isso tornamo-lo absoluto, o que há de sublime no sentido é o que não percebemos, nós, os poetas não falamos com Deus porque já nascemos no eterno, o que de nossa ãnima permanece é o símbolo do corpo, um caráter, um som, uma aliteração e mais qualquer coisa que não comunicamos com a poesia, nós, os poetas, sentimos o desconhecido como se já o compreendêssemos, pois temos a alma sem um conceito, somos vagas nebulosas, rastos estrelares, poeiras cósmicas, em nosso poetar.
Os poetas são seres versáteis,
sentados diante da vida,
vêem em tudo uma história,
tudo que desfila ao seu redor,
possuí um deslize para virar poesia.
A vida pra eles é um cenário
que, mesmo existindo a guerra,
eles criam um itinerário
com um atalho para a paz.
Amor.
Substantivo de duas sílabas
Monocromático e colorido
Sentimento predileto de poetas
De família
De pais
De filhos
De casal, de namorados
Amor.
Aquela sensação
Que vem
Que dá frio na barriga
Que motiva
Que alegra
Que faz rir, que faz chorar
Amor.
Não se vê
Sente-se.
O que seria do mundo sem nos poetas... quem existiria, para ver beleza e amor nas coisas mais simples da vida?
MINHA RUA (soneto)
Das tuas sombras dos oitis a saudade ficou
És a rua do príncipe dos poetas, laranjeiras
Coelho Neto, onde sonhei de mil maneiras
E alegre por ti minha felicidade caminhou
Das tuas pedras portuguesas, o belo, cabeiras
Ao chegar de minas só fascinação me criou
Se triste em ti andei também o jubilo aportou
Me viu ser, indo vindo emoções verdadeiras
Em tuas calçadas a minha poesia derramou
Criando quimeras, quimeras tais derradeiras
Da Ipiranga a Pinheiro Machado o tempo passou
Em ti a amizade os vizinhos em nada mudou
Carrego tua lembrança, lembranças inteiras
Rua da minha vida, estória comigo onde estou...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Fevereiro, 16 de 2017
Cerrado goiano
ao dia 16 de fevereiro 1976,
quando chegamos ao Rio de Janeiro...
Sobremesa da eternidade
Poetas são abutres
Dos próprios desejos
Mastigam com binóculos
Os próprios medos.
"Os poetas se encontram
No escuro de um canto,
Jamais visto de outro ângulo
Se não o próprio.
Solitários, profanos
Enganadores, fingidores
Escondem no fundo
Suas dores, seus ardores
Extraem versos enfeitados
Da vista de um naufrágio
De um barco a deriva
Deixam fascinante
A forma de ver a vida.
Mesmo em meio ao caos
Do seu lado, os versos
Se formam na expressão
De uma conquista"
Os Poetas e Os Coveiros -
Os poetas
não são mais importantes
do que os coveiros.
Há uma espécie de empate
no sumo da vida.
Afinal,
os coveiros enterram os poetas,
mas a poesia supera a morte
e segue pela vida.
Pega o que te machuca e transforme em arte.
Assim nasceram os poetas, os músicos, os pintores e os escritores.
A arte é o choro do artista.
Podes invocar Safo, Cavafy ou S. João da Cruz
todos os poetas celestiais
que ninguém te virá acudir
Comprometidos definitivamente os teus planos de eternidade
Há poetas com musa. Muitos.
Eu, neste jardim do Éden,
a cargo do município,
onde um velho destece a sua vida
e, baixando o olhar,
ainda lhe afaga a trama,
quando a poesia se afoita,
amuo
na agrura de, ao acordar,
tê-la sonhado.
"Havana que inebria, aflora a boêmia, berço de poetas e compositores, música linda...E belas mulheres!"
O que eu quero hoje
Hoje eu quero que os poetas não durmam.
Nas favelas todos se enturmam.
Que o silêncio seja confusão.
Que os políticos não entendam.
O que significa tal manifestação.
Os grandes assalariados de greve.
A voz do amador que se atreve.
Até as estrelas se rebelarem.
Junto com as nuvens se esconderem.
O sol apresentar se tímido.
A noite chuvosa uma prever.
As sinaleiras se confundirem.
Os cegos armados atirem.
Os carros se amontoarem.
As janelas se abrirem.
O que eu quero hoje é a voz do mudo.
Gritando uma poesia valente.
A inclusão prepotente.
Se é confusão.
Solução.
Que o mundo sente.
E eu, eu no meu cafofo.
Com meu terno de nudez.
Tentando outra vez.
Não ser um poeta do mofo.
Gritar para o povo.
Paz na guerra outra vez.
Giovane Silva Santos