Poetas Brasileiros
Você não sabe que revelação foi para mim ter um cão, ver e sentir a matéria de que é feito um cão. É a
coisa mais doce que eu já vi, o cão é de uma paciência para com a natureza impotente dele e para com a natureza incompreensível dos outros... E com os pequenos meios que ele tem, com uma burrice cheia de doçura, ele arranja modo de compreender a gente de um modo direto. Sobretudo Dilermando era uma coisa minha que eu não tinha que repartir com ninguém.
Quem não tiver medo de ficar alegre e experimentar uma só vez sequer a alegria doida e profunda terá o melhor de nossa verdade.
Gostaria mesmo que você me visse e assistisse a minha vida sem eu saber. (...) Ver o que pode suceder quando se pactua com a comodidade da alma.
E não caminharei "de pensamento a pensamento", mas de atitude a atitude.
Eu bem que me controlo, mas sou tão sensível.
Ocupei-me o tempo todo para disfarçar a saudade.
Mas a nostalgia do presente. O aprendizado da paciência, o juramento da espera. Do qual talvez não soubesse jamais se livrar.
Mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo – quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me entregar à desorientação. Como é que se explica que o meu maior medo seja exatamente em relação: a ser? e no entanto não há outro caminho. Como se explica que o meu maior medo seja exatamente o de ir vivendo o que for sendo?
Fantástico: o mundo por um instante é exatamente o que o meu coração pede.
Eu tenho uma aparente liberdade mas estou presa dentro de mim.
E quando notou que aceitava em pleno o amor, sua alegria foi tão grande que o coração lhe batia por todo o corpo, parecia-lhe que mil corações batiam-lhe nas profundezas de sua pessoa.
Vivemos exclusivamente no presente, pois sempre e eternamente é o dia de hoje, e o dia de amanhã será um hoje, a eternidade é o estado das coisas nesse momento.
Mas vale a pena. Mesmo que doa.
Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é mais.
(...) sabendo que nossa indiferença é angústia disfarçada.
Ela sabia o que era o desejo – embora não soubesse que sabia. Era assim: ficava faminta mas não de comida, era um gosto meio doloroso que subia do baixo-ventre e arrepiava o bico dos seios e os braços vazios sem abraço. Tornava-se toda dramática e viver doía.
A inspiração é como um misterioso cheiro de âmbar.
Está faltando o sonho no que eu escrevo. Como viver é secreto! Meu segredo é a vida. Eu não conto a ninguém que estou viva.
Não queira ser
Não ambiciones
Não marques limites no teu caminho
A eternidade é muito longa
E dentro dela tu te mover, eterno
Se o que vem o que vai
Sem forma
Sem termo
Como uma grande luz difusa
Filha de nenhum sol.