Poetas Brasileiros

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Ângela é ainda um casulo fechado, como se eu ainda não tivesse nascido, enquanto eu não abrir em metamorfose, Ângela será minha. Quando eu tiver forças de ficar sozinho e mudo – então soltarei para sempre a borboleta do casulo.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.
Inserida por Missbelle

Todo nascimento supõe um rompimento.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.
Inserida por Missbelle

⁠(...) sinto de vez em quando que sou o personagem de alguém.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.
Inserida por viviane_1

Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho... o de nada mais fazer.

Clarice Lispector
Correio feminino. Rio de Janeiro: Rocco, 2013.
Inserida por EdileideAlves

⁠As coisas devem ser bem grandes
Pra formiga pequenininha
A rosa, um lindo palácio
E o espinho, uma espada fina.

A gota d'água, um manso lago
O pingo de chuva, um mar
Onde um pauzinho boiando
É navio a navegar.

O bico de pão, o Corcovado
O grilo, um rinoceronte
Uns grãos de sal derramados,
Ovelhinhas pelo monte.

Vinicius de Moraes
A arca de Noé. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1993.

Nota: Poema A formiga.

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Inserida por viviane_1

Quando a vida enfim me quiser levar
Pelo tanto que me deu
Sentir-lhe a barba me roçar
No derradeiro beijo seu
E ao sentir também sua mão vedar
Meu olhar dos olhos seus
Ouvir-lhe a voz a me embalar
Num acalanto de adeus
Dorme, meu pai sem cuidado
Dorme, que ao entardecer
Teu filho sonha acordado
Com o filho que ele quer ter.

Vinicius de Moraes
A arca de Noé. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1993.

Nota: Trecho do poema O filho que eu quero ter.

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Inserida por viviane_1

⁠Não teve flores
Não teve velas
Não teve missa
Caixão também...
Foi enterrado
Junto à maré
Por operários
Mesmos do trem...

A flor de orvalho
Pendeu da nuvem
E pelo chão
Despetalou...
O céu ergueu
A hóstia do sol
E o mar em ondas
Se ajoelhou...

Cortejo lindo
Maior não houve
Do que o da morte
Desse amiguinho:
Iam vestidas
Com a lã das nuvens
Todas as almas
Dos carneirinhos!

Os gaturamos
Trinaram hinos
No altar esplêndido
Da madrugada;
E o vento brando
Desfeito em rimas
Foi badalando
Pelas estradas!

Vinicius de Moraes
A arca de Noé. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1993.

Nota: Poema A morte de meu carneirinho.

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Inserida por viviane_1

⁠Menininha do meu coração
Eu só quero você
A três palmos do chão
Menininha não cresça mais não
Fique pequenininha na minha canção
Senhorinha levada
Batendo palminha
Fingindo assustada
Do bicho-papão.

Menininha, que graça é você
Uma coisinha assim
Começando a viver
Fique assim, meu amor
Sem crescer
Porque o mundo é ruim, é ruim e você
Vai sofrer de repente
Uma desilusão
Porque a vida é somente
Teu bicho-papão.

Fique assim, fique assim
Sempre assim
E se lembre de mim
Pelas coisas que eu dei
Também não se esqueça de mim
Quando você souber enfim
De tudo o que eu amei.

Vinicius de Moraes
A arca de Noé. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1993.

Nota: Poema Menininha.

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Inserida por viviane_1

⁠Corujinha, corujinha
Que peninha de você
Fica toda encolhidinha
Sempre olhando, não sei o quê.

O seu canto de repente
Faz a gente estremecer
corujinha, pobrezinha
Todo mundo que te vê
Diz assim, ah! coitadinha
Que feinha que é você.

Quando a noite vem chegando
Chega o teu amanhecer
E se o sol vem despontando
Vais voando te esconder.

Hoje em dia andas vaidosa
Orgulhosa como quê
Toda noite tua carinha
Aparece na TV.

Corujinha coitadinha
Que feinha que é você!

Vinicius de Moraes
A arca de Noé. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1993.

Nota: Poema A corujinha.

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Inserida por viviane_1

⁠Passa, tempo, tic-tac
Tic-tac, passa, hora
Chega logo, tic-tac
Tic-tac, e vai-te embora
Passa, tempo
Bem depressa
Não atrasa
Não demora
Que já estou
Muito cansado
Já perdi
Toda a alegria
De fazer
Meu tic-tac
Dia e noite
Noite e dia
Tic-tac
Tic-tac
Tic-tac...

Vinicius de Moraes
A arca de Noé. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1993.

Nota: Poema O relógio.

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Inserida por viviane_1

Os maiores vêm a frente
trazendo a cabeça erguida
E os fracos, humildemente
Vêm atrás, como na vida.

Vinicius de Moraes
A arca de Noé. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1993.

Nota: Trecho do poema A arca de Noé.

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Inserida por viviane_1

Olha para mim e me ama. Não: tu olhas para ti e te amas. É o que está certo.

Clarice Lispector
in: Água viva
Inserida por roapmendonca

⁠Reconhece teu erro.
Mesmo que custe muito,
ao teu orgulho
e vaidade.

⁠Ali fizera curso brilhante e mais brilhante concurso em concorrência com a fina flor da inteligência e cultura de vários Estados, tirando o primeiro lugar, recusando alta colocação no Rio de Janeiro, afirmando que estudara e fizera aquela prova não só para brilhar e sim para servir Goiás, sua terra, e que voltaria.

Cora Coralina
Contas de dividir e trinta e seis bolos. São Paulo: Global, 2021.
Inserida por NandSaboya

⁠Eles passarão
Eu passarinho

Inserida por mi_v_t_

⁠Outono. Em frente ao mar. Escancaro as janelas
Sobre o jardim calado, e as águas miro, absorto.
Outono... Rodopiando, as folhas amarelas
Rolam, caem. Viuvez, velhice, desconforto...

Inserida por pensador

Até mesmo extirpar os próprios defeitos pode ser um risco — jamais se sabe qual deles sustenta, em silêncio, toda a estrutura do nosso ser.

Inserida por Silent

Eu sou aquela mulher
a quem o tempo
muito ensinou.
Ensinou a amar a vida.
Não desistir da luta.
Recomeçar na derrota.
Renunciar a palavras e pensamentos negativos.
Acreditar nos valores humanos.
Ser otimista.

Creio numa força imanente
que vai ligando a família humana
numa corrente luminosa
de fraternidade universal.
Creio na solidariedade humana.
Creio na superação dos erros
e angústias do presente.

Acredito nos moços.
Exalto sua confiança,
generosidade e idealismo.
Creio nos milagres da ciência
e na descoberta de uma profilaxia
futura dos erros e violências do presente.

Aprendi que mais vale lutar
Do que recolher dinheiro fácil.
Antes acreditar do que duvidar.

Cora Coralina
Vintém de cobre. São Paulo: Global, 2012.

Nota: Poema Ofertas de Aninha (Aos Moços).

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E por falar em paixão
Em razão de viver
Você bem que podia me aparecer
Nesses mesmos lugares
Na noite, nos bares,
Onde anda você?

Vinicius de Moraes

Nota: Trecho da música Onde anda você.

Inserida por cdt

Os suicidas muitas vezes se matam porque têm medo de morrer. Não suportam a tensão crescente da vida e da espera do pior – e se matam para se verem livres da ameaça.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.
Inserida por Missbelle