Poetas Brasileiros

Cerca de 4211 frases e pensamentos: Poetas Brasileiros

Peço também que não leia tudo o que escrevo porque muitas vezes sou áspera e não quero que você receba minha aspereza.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Um telefonema.

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Vou-lhes contar um segredo: a vida é mortal.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica “Brain storm”.

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Nova Poética

Vou lançar a teoria do poeta sórdido.
Poeta sórdido:
Aquele em cuja poesia há a marca suja da vida.
Vai um sujeito.
Sai um sujeito de casa com a roupa de brim branco muito bem engomada, e na primeira esquina passa um caminhão, salpica-lhe o paletó ou a calça de uma nódoa de lama:
É a vida.

O poema deve ser como a nódoa no brim:
Fazer o leitor satisfeito de si dar o desespero.
Sei que a poesia é também orvalho.
Mas este fica para as menininhas, as estrelas alfa, as virgens cem por cento e as amadas que envelheceram sem maldade.

Manuel Bandeira
BANDEIRA, M. Belo, Belo, 1948

Agora sei: sou só. Eu e minha liberdade que não sei usar. Grande responsabilidade da solidão. Quem não é perdido não conhece a liberdade e não a ama. Quanto a mim, assumo a minha solidão. Que às vezes se extasia como diante de fogos de artifício. Sou só e tenho que viver uma certa glória íntima que na solidão pode se tornar dor. E a dor, silêncio. Guardo o seu nome em segredo. Preciso de segredos para viver.

Clarice Lispector
Água viva. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
Inserida por lulimap

É o mínimo que posso fazer de minha vida: aceitar consideravelmente o sacrifício da noite.

Clarice Lispector
Água viva. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
Inserida por anacferrari

Meus pensamentos não significam nada, seus sentimentos são tudo quero que fique ou que vá, ninguém sabe.

Inserida por vitoreidi

Abro o jogo. Só não conto os fatos de minha vida: sou secreta por natureza.

Clarice Lispector
Água viva. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1998.
Inserida por birdais

"Libertar" era uma palavra imensa, cheia de mistérios e dores.

Clarice Lispector
A bela e a fera. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho do conto Gertrudes pede um conselho.

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Inserida por birdais

Um domingo de tarde sozinha em casa dobrei-me em dois para a frente – como em dores de parto – e vi que a menina em mim estava morrendo.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.
Inserida por birdais

O sonho (realizável) do poeta: Um dia vai haver um mundo sem classe ou imposto... Sem mar nem derivativo!

Inserida por RITAMENINAFLOR

Havia um mal-estar no vagão. Como se fizesse calor demais. A moça inquieta. Os homens em alerta. Meu Deus, pensou a moça, o que é que eles querem de mim? Não tinha resposta. E ainda por cima era virgem. Por que, mas por que pensara na própria virgindade? (...)
Então os dois homens começaram a falar um com o outro. No começo Cidinha não entendeu palavra. Parecia brincadeira. Falavam depressa demais. E a linguagem pareceu-lhe vagamente familiar. Que língua era aquela?
De repente percebeu: eles falavam com perfeição a língua do "p". (...)
Cidinha fingiu não entender: entender seria perigoso para ela. (...) Queriam dizer que iam currá-la no túnel… O que fazer? (...) Me socorre, Virgem Maria! me socorre! me socorre! (...)
Se resistisse podiam matá-la. Era assim então. (...)
Tirou um cigarro da bolsa para fumar e acalmar-se. Não adiantou. Quando seria o próximo túnel? Tinha que pensar depressa, depressa, depressa.
Então pensou: se eu me fingir de prostituta, eles desistem, não gostam de vagabunda.

Clarice Lispector
A via crucis do corpo. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Nota: Trechos do conto A língua do "P".

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Inserida por tham