Poetas Brasileiros

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Parece que só na vida é que há ficção.

Mario Quintana
A vaca e o hipogrifo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
Inserida por pensador

Há vivos que não sabem que estão vivos...

Mario Quintana
A vaca e o hipogrifo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
Inserida por pensador

Todo poema é uma aproximação. A sua incompletude é que o aproxima da inquietação do leitor. Este não quer que lhe provem coisa alguma. Está farto de soluções.

Mario Quintana
A vaca e o hipogrifo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
Inserida por pensador

Tenho uma enorme pena dos homens famosos, que por isso mesmo perderam sua vida íntima e são como esses animais do Zoológico, que fazem tudo à vista do público.

Mario Quintana
Degradação. In: A vaca e o hipogrifo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
Inserida por pensador

Vivemos conjugando o tempo passado (saudade, para os românticos) e o tempo futuro (esperança, para os idealistas). Uma gangorra, como vês, cheia de altos e baixos – uma gangorra emocional. Isto acaba fundindo a cuca de poetas e sábios e maluquecendo de vez o Homo sapiens. Mais felizes os animais, que, na sua gramática imediata, apenas lhes sobra um tempo: o presente do indicativo. E que nem dá tempo para suspiros...

Mario Quintana
Gramática da felicidade. In: A vaca e o hipogrifo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
Inserida por pensador

Não tentes tirar uma ideia da cabeça de outrem porque, examinando bem, verás que em geral não se trata de ideias, mas de convicções. São inextirpáveis. E a causa única de todas as guerras – políticas ou religiosas, paroquianas ou internacionais.

Mario Quintana
Diagnóstico errado. In: A vaca e o hipogrifo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
Inserida por pensador

Ano Novo

Meia-noite. Fim
de um ano, início
de outro. Olho o céu:
nenhum indício.

Olho o céu:
o abismo vence o
olhar. O mesmo
espantoso silêncio
da Via-Láctea feito
um ectoplasma
sobre a minha cabeça
nada ali indica
que um ano novo começa.

E não começa
nem no céu nem no chão
do planeta:
começa no coração.

Começa como a esperança
de vida melhor
que entre os astros
não se escuta
nem se vê
nem pode haver:
que isso é coisa de homem
esse bicho
estelar
que sonha
(e luta).

Ferreira Gullar
Toda Poesia. Rio de Janeiro: José Olympio, 1997.
Inserida por pensador

As civilizações

As civilizações desabam
por implosão...
Depois,
como um filme passando às avessas
elas se erguem em câmera lenta do chão.
Não há de ser nada...
Os arqueólogos esperam, pacientemente,
A sua ocasião!

Mario Quintana
Quintana de bolso. Porto Alegre: L&PM, 1997.
Inserida por pensador

Não basta saber amar…

Neste mundo, que tanto mal encerra,
não basta saber amar,
mas também saber odiar,
não só servir a paz, mas também ir para a guerra.
Seguiremos assim o próprio exemplo
de Jesus, que tanto amor pregou na Terra...,
quando Ele,
num ímpeto de cólera,
a relhaço expulsou os vendilhões do templo!

Mario Quintana
Quintana de bolso. Porto Alegre: L&PM, 1997.
Inserida por pensador

A mudança

A alegre, a festiva agitação das panelas e tachos
A inútil zanga dos velhos armários de mogno, solenes,
Achando tudo aquilo uma grande palhaçada...
As xícaras e pires fazendo tlin-tlin-tlin-tlin
As gaiolas dos passarinhos cantando em coro com os
próprios passarinhos
Oh! a alegria das coisas com aquela mudança
Para onde? Não importa! Desde que não seja
Este eterno mesmo lugar!

Mario Quintana
Quintana de bolso. Porto Alegre: L&PM, 1997.
Inserida por pensador

Alba

⁠Alba, no canteiro dos lírios estão caídas as pétalas de uma rosa cor de sangue
Que tristeza esta vida, minha amiga…
Lembras-te quando vínhamos na tarde roxa e eles jaziam puros
E houve um grande amor no nosso coração pela morte distante?
Ontem, Alba, sofri porque vi subitamente a nódoa rubra entre a carne pálida ferida
Eu vinha passando tão calmo, Alba, tão longe da angústia, tão suavizado
Quando a visão daquela flor gloriosa matando a serenidade dos lírios entrou em mim
E eu senti correr em meu corpo palpitações desordenadas de luxúria.
Eu sofri, minha amiga, porque aquela rosa me trouxe a lembrança do teu sexo que eu não via
Sob a lívida pureza da tua pele aveludada e calma
Eu sofri porque de repente senti o vento e vi que estava nu e ardente
E porque era teu corpo dormindo que existia diante de meus olhos.
Como poderias me perdoar, minha amiga, se soubesses que me aproximei da flor como um perdido
E a tive desfolhada entre minhas mãos nervosas e senti escorrer de mim o sêmen da minha volúpia?
Ela está lá, Alba, sobre o canteiro dos lírios, desfeita e cor de sangue
Que destino nas coisas, minha amiga!
Lembras-te, quando eram só os lírios altos e puros?
Hoje eles continuam misteriosamente vivendo, altos e trêmulos
Mas a pureza fugiu dos lírios como o último suspiro dos moribundos
Ficaram apenas as pétalas da rosa, vivas e rubras como a tua lembrança
Ficou o vento que soprou nas minhas faces e a terra que eu segurei nas minhas mãos.

Rio de Janeiro, 1935

Inserida por igor_cabral

⁠Quando a gente dá tudo vem em dobro.

Inserida por felipe_conrado

Não tem coisa melhor doque ex ⁠

Inserida por ellen_macedo

⁠Acabou vendo, Joan Brossa,
que os verbos do catalão
tinham coisas por detrás
eram só palavras, não.

Inserida por ElizeuSilva

⁠O tempo passava, o tempo passava, o tempo passava, e indefinível amadurecia-se o futuro.

Clarice Lispector
A maçã no escuro. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.
Inserida por pensador

Ângela é ainda um casulo fechado, como se eu ainda não tivesse nascido, enquanto eu não abrir em metamorfose, Ângela será minha. Quando eu tiver forças de ficar sozinho e mudo – então soltarei para sempre a borboleta do casulo.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.
Inserida por Missbelle

Todo nascimento supõe um rompimento.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.
Inserida por Missbelle

⁠O Brasil ainda não está feito, como pátria completa. Como fazê-lo? Dar-lhe novas gerações de homens fortes e conscientes, dando-lhe estas duas necessidades, primordiais, básicas da defesa: o trabalho e a instrução.

Olavo Bilac
Últimas conferências e discursos (1924).
Inserida por pensador

Sem o pão e o livro, sem a riqueza e o ensino, não pode ter saúde, nem alegria, nem dignidade, nem alma,quem tem fome e não pode pensar.⁠

Olavo Bilac
Últimas conferências e discursos (1924).
Inserida por pensador

⁠Reconheçamos que o Brasil é um dos países mais pobres e menos instruídos do mundo. Reconheçamos isto, para que enfrentemos com denodo o mal que nos acabrunha.

Olavo Bilac
Últimas conferências e discursos (1924).
Inserida por pensador