Poetas Brasileiros

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Balanço

⁠A pobreza do eu
a opulência do mundo.
A opulência do eu
A pobreza do mundo.
A pobreza de tudo
a opulência de tudo.
A incerteza de tudo
na certeza de nada.

Inserida por rafaelnovaes

⁠Entre as desesperanças da hora, e à falta de melhores notícias, venho informar-lhes que nasceu uma orquídea...

Inserida por henri1

⁠Todos seremos destruídos por ti,
Deusa!
Somos todos irmãos. Em ti, afinal, irmãos!

Somos agora tristes, dóceis, filiais,
deixando-nos devorar por tua fome,
ó Deusa! ó Morte!

Mas pairamos com asas inolvidáveis
acima de tuas chamas.

Cecília Meireles
Poemas escritos na Índia. Rio de Janeiro: Livraria São José, 1961.

Nota: Trecho do poema Deusa.

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Inserida por 78tajmahal

Alba

⁠Alba, no canteiro dos lírios estão caídas as pétalas de uma rosa cor de sangue
Que tristeza esta vida, minha amiga…
Lembras-te quando vínhamos na tarde roxa e eles jaziam puros
E houve um grande amor no nosso coração pela morte distante?
Ontem, Alba, sofri porque vi subitamente a nódoa rubra entre a carne pálida ferida
Eu vinha passando tão calmo, Alba, tão longe da angústia, tão suavizado
Quando a visão daquela flor gloriosa matando a serenidade dos lírios entrou em mim
E eu senti correr em meu corpo palpitações desordenadas de luxúria.
Eu sofri, minha amiga, porque aquela rosa me trouxe a lembrança do teu sexo que eu não via
Sob a lívida pureza da tua pele aveludada e calma
Eu sofri porque de repente senti o vento e vi que estava nu e ardente
E porque era teu corpo dormindo que existia diante de meus olhos.
Como poderias me perdoar, minha amiga, se soubesses que me aproximei da flor como um perdido
E a tive desfolhada entre minhas mãos nervosas e senti escorrer de mim o sêmen da minha volúpia?
Ela está lá, Alba, sobre o canteiro dos lírios, desfeita e cor de sangue
Que destino nas coisas, minha amiga!
Lembras-te, quando eram só os lírios altos e puros?
Hoje eles continuam misteriosamente vivendo, altos e trêmulos
Mas a pureza fugiu dos lírios como o último suspiro dos moribundos
Ficaram apenas as pétalas da rosa, vivas e rubras como a tua lembrança
Ficou o vento que soprou nas minhas faces e a terra que eu segurei nas minhas mãos.

Rio de Janeiro, 1935

Inserida por igor_cabral

⁠"Um vento de cinzas negras
levou tudo para além"

Inserida por dia_marti

⁠"Como as palavras se torcem
Conforme o interesse e o tempo"

Inserida por dia_marti

⁠"Palpita a noite, repleta
de fantasmas, de presságios
E as ideias"

Inserida por dia_marti

⁠O empresário é um intelectual que, em vez de escrever poesias, monta empresas.

Inserida por bentojbbass

⁠"Aqui, além, pelo mundo
ossos, nomes, letras, poeira...
onde, os rostos? onde, as almas?
Nem os herdeiros recordam
rastro nenhum pelo chão (...)
choramos esse mistério
esse esquema sobre-humano
a força, o jogo, o acidente"

Inserida por dia_marti

⁠"De coração votado a iguais perigos,
vivendo as mesmas dores e esperanças,
a voz ouvi de amigos e inimigos"

Inserida por dia_marti

museu da inconfidência

São palavras no chão
e memória nos autos.
As casas inda restam,
os amores, mais não.

E restam poucas roupas,
sobrepeliz de pároco,
a vara de um juiz,
anjos, púrpuras, ecos.

Macia flor de olvido,
sem aroma governas
o tempo ingovernável.
Muros pranteiam. Só.

Toda história é remorso.

Carlos Drummond de Andrade
Antologia poética. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
Inserida por Doug83

Não posso mover meus passos
por esse atroz labirinto
de esquecimento e cegueira
em que amores e ódios vão

Inserida por dia_marti

⁠"Tudo me fala e entendo : escuto as rosas
e os girassóis destes jardins, que um dia
foram terras e areias dolorosas
por onde o passo da ambição rugia;
por onde se arrastava esquartejado,
o mártir sem direito de agonia"

Inserida por dia_marti

⁠"Que é feito de vós, ó sombras
que o tempo leva de rastos?"

Inserida por dia_marti

⁠Ai, quem se opusera ao tempo,
se houvesse força bastante
para impedir a desgraça
que aumenta de instante a instante!
E a vida, em severos lances,
empobrece a quem trabalha
e enriquece os arrogantes

Inserida por dia_marti

⁠Ó grande melancolia
Ó profundíssimo assombro

Inserida por dia_marti

⁠...mulheres e homens à espreita,
caras disformes de insónia
vigiando as ações alheias
agudas setas atiram
a inveja e a maledicência

Inserida por dia_marti

⁠já são réus- pois se atreveram
a falar em Liberdade
que ninguém sabe o que seja
Liberdade- essa palavra
que o sonho humano alimenta
que não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda

Inserida por dia_marti

⁠passou um louco montado
passou um louco a falar
que isto era uma terra grande
e que a ia libertar

Inserida por dia_marti

⁠pois o amor não é doce
pois o bem não é suave
pois amanhã como ontem
é amarga, a Liberdade

Inserida por dia_marti