Poetas Brasileiros
De forma que, certo dia,
à mesa, ao cortar o pão,
o operário foi tomado
de uma súbita emoção
ao constatar, assombrado,
que tudo naquela mesa
- garrafa, prato, facão -
era ele quem fazia.
Ele, um humilde operário;
um operário em construção.
Olhou em volta: gamela,
banco, enxerga, caldeirão,
vidro, parede, janela,
casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia,
era ele quem os fazia.
Ele, um humilde operário.
Um operário que sabia
exercer a profissão.
Ah, homens de pensamento!
Não sabereis nunca o quanto
aquele humilde operário
soube naquele momento.
Entrevista com Ferreira Gulllar:
Veja: O senhor já disse que “se bacharelou em subversão” em Moscou e escreveu um poema em que a moça era “quase tão bonita quanto a revolução cubana”. Como se deu sua desilusão com a utopia comunista?
F.Gullar: Não houve nenhum fato determinado. Nenhuma decepção específica. Foi uma questão de reflexão, de experiência de vida, de as coisas irem acontecendo, não só comigo, mas no contexto internacional. É fato que as coisas mudaram. O socialismo fracassou. Quando o Muro de Berlim caiu, minha visão já era bastante crítica. A derrocada do socialismo não se deu ao cabo de alguma grande guerra. O fracasso do sistema foi interno. Voltei a Moscou há alguns anos. O túmulo do Lenin está ali na Praça Vermelha, mas pelo resto da cidade só se veem anúncios da Coca-Cola. Não tenho dúvida nenhuma de que o socialismo acabou, só alguns malucos insistem no contrário. Se o socialismo entrou em colapso quando ainda tinha a União Soviética como segunda força econômica e militar do mundo, não vai ser agora que esse sistema vai vencer.
O capitalismo do século XIX era realmente uma coisa abominável, com um nível de exploração inaceitável. As pessoas com espírito de solidariedade e com sentimento de justiça se revoltaram contra aquilo. O Manifesto Comunista, de Marx, em 1848, e o movimento que se seguiu tiveram um papel importante para mudar a sociedade. A luta dos trabalhadores, o movimento sindical, a tomada de consciência dos direitos, tudo isso fez melhorar a relação capital-trabalho. O que está errado é achar, como Marx diz, que quem produz a riqueza é o trabalhador e o capitalista só o explora. É bobagem. Sem a empresa, não existe riqueza. Um depende do outro. O empresário é um intelectual que, em vez de escrever poesias, monta empresas. É um criador, um indivíduo que faz coisas novas. A visão de que só um lado produz riqueza e o outro só explora é radical, sectária, primária. A partir dessa miopia, tudo o mais deu errado para o campo socialista. Mas é um equívoco concluir que a derrocada do socialismo seja a prova de que o capitalismo é inteiramente bom. O capitalismo é a expressão do egoísmo, da voracidade humana, da ganância. O ser humano é isso, com raras exceções. O capitalismo é forte porque é instintivo. O socialismo foi um sonho maravilhoso, uma realidade inventada que tinha como objetivo criar uma sociedade melhor. O capitalismo não é uma teoria. Ele nasceu da necessidade real da sociedade e dos instintos do ser humano. Por isso ele é invencível. A força que torna o capitalismo invencível vem dessa origem natural indiscutível. Agora mesmo, enquanto falamos, há milhões de pessoas inventando maneiras novas de ganhar dinheiro. É óbvio que um governo central com seis burocratas dirigindo um país não vai ter a capacidade de ditar rumos a esses milhões de pessoas. Não tem cabimento.
Não acho que o capitalismo seja justo. O capitalismo é uma fatalidade, não tem saída. Ele produz desigualdade e exploração. A natureza é injusta. A justiça é uma invenção humana. Um nasce inteligente e o outro burro. Um nasce atlético, o outro aleijado. Quem quer corrigir essa injustiça somos nós. A capacidade criativa do capitalismo é fundamental para a sociedade se desenvolver, para a solução da desigualdade, porque é só a produção da riqueza que resolve isso. A função do estado é impedir que o capitalismo leve a exploração ao nível que ele quer levar.
Não dá para defender um regime (*) em que não se possa publicar um livro sem pedir permissão ao governo.
(*) cubano
Fui Mirar-me
Cecília Meireles
Fui mirar-me num espelho
e era meia-noite em ponto.
Caiu-me o cristal das mãos
como as lembranças do sono.
Partiu-se meu rosto em chispas
como as estrelas num poço.
Partiu-se meu rosto em cismas
- que era meia-noite em ponto.
Dizei-me se é morte certa,
que me deito e me componho,
fecho os olhos, cruzo os dedos
sobre o coração tão louco.
E digo às nuvens dos anjos:
"Ide-vos pelo céu todo,
avisai a quem me amava
que aqui docemente morro.
Pedi que fiquem amando
meu coração silencioso
e a música dos meus dedos
tecida com tanto sonho.
De volta, achareis minha alma
tranqüila de estar sem corpo.
Rebanhos de amor eterno
passarão pelo meu rosto
"Perder tempo em aprender coisas que não interessam, priva-nos de descobrir coisas interessantes."
Carlos Drummond de Andrade
Ou nos faz descobrir que gostamos de algo nunca imaginado. Experimente o novo. O conhecimento não ocupa espaço.
Se você não gostar ao menos sabe como funciona e passa para a próxima.
VOCÊ E EU
Podem me chamar e me pedir e me rogar
E podem mesmo falar mal
Ficar de mal que não faz mal
Podem preparar milhões de festas ao luar
Que eu não vou ir, melhor nem pedir
Eu não vou ir, não quero ir
E também podem me intrigar
Até sorrir, até chorar
E podem mesmo imaginar o que melhor lhes parecer
Podem espalhar que eu estou cansado de viver
E que é uma pena para quem me conheceu
Eu sou mais você e eu
A loucura começa a brotar lentamente e vai tomando conta de mim, até de mim não restar mais nada, você é minha cura e o veneno!
Pra mim você era perfeito, até eu descobri que perfeição não existe e o homem que eu amava também não.
Quando eu comecei a entrar na área da computação, eu sempre quis aprender a configurar um site e administra-lo, com o passar do tempo eu aprendi o contrário.
Eu te Amo mas não te quero de volta, não quero que meu coração pule de novo para fora do peito e se despedaçe novamente no chão - tô tão bem...
Era como se quando eu estava "ali" nada pudesse me atingir "ali" era o lugar mas seguro, nos teus braços. E era ali que eu me esquecia de tudo, de todos. E era assim que eu me perdia.
E o que restou de nós senão uma amizade, dessas mansinhas, perto da saudade e longe de toda loucura que a paixão nos provoca.
A luta dos trabalhadores, o movimento sindical, a tomada de consciência dos direitos, tudo isso fez melhorar a relação capital-trabalho. O que está errado é achar, como Marx diz, que quem produz a riqueza é o trabalhador, e o capitalista só o explora. É bobagem. Sem a empresa, não existe riqueza. Um depende do outro. O empresário é um intelectual que, em vez de escrever poesias, monta empresas. É um criador, um indivíduo que faz coisas novas. A visão de que só um lado produz riqueza e o outro só explora é radical, sectária, primária. A partir dessa miopia, tudo o mais deu errado para o campo socialista.