Poetas Brasileiros

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É preciso regar as flores sobre o jazigo de amizades extintas.

Carlos Drummond de Andrade
O avesso das coisas: aforismos. Rio de Janeiro: Record, 1990.

"Hoje eu queria ler uns livros que não falam de gente, mas só de bichos, de plantas, de pedras: um livro que me levasse por essas solidões da Natureza, sem vozes humanas, sem discursos, boatos, mentiras, calúnias, falsidades, elogios, celebrações...hoje eu queria apenas ver uma flor abrir-se, desmanchar-se (...)."

Aqueles que se afastam, ce preocupa não é deus que tá tirando os atrasos do seu caminho !! Boa noiteee ❤️

Teu Nome

Teu nome, Maria Lúcia
Tem qualquer coisa que afaga
Como uma lua macia
Brilhando à flor de uma vaga.
Parece um mar que marulha
De manso sobre uma praia
Tem o palor que irradia
A estrela quando desmaia.
É um doce nome de filha
É um belo nome de amada
Lembra um pedaço de ilha
Surgindo de madrugada.
Tem um cheirinho de murta
E é suave como a pelúcia
É acorde que nunca finda
É coisa por demais linda
Teu nome, Maria Lúcia…

Amor

Amar pela segunda vez o que foi nosso é
tão surpreendente que constitui outra primeira vez.

Carlos Drummond de Andrade
O avesso das coisas: aforismos. Rio de Janeiro: Record, 1990.

Jamais deves buscar a coisa em si, a qual depende tão somente dos espelhos. A coisa em si, nunca: a coisa em ti.

(in: Caderno H, 1973.)

"Aprendi com as primaveras a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira”.

( do poema "Desenho", do Livro "Mar absoluto".)

O que amamos está sempre longe de nós:
e longe mesmo do que amamos - que não sabe
de onde vem, aonde vai nosso impulso de amor.

(do livro "Solombra".)

Alma

Prisioneira do corpo, a alma vive em guerra com o carcereiro.

Carlos Drummond de Andrade
O avesso das coisas: aforismos. Rio de Janeiro: Record, 1990.

Dai, Senhor, o mais fino paladar
a quem tem por missão alimentar.

(In: Poesia Errante, 1988.)

Se há dois testamentos, o antigo e o novo, conviria instituir
um terceiro, para acabar com as contradições entre eles.

( In: O Avesso das Coisas - 6º Edição, 2007.)

Triste mastigação
As reflexões dos velhos são amargas como azeitonas.

(in: Sapato Florido, 1948.)

O lampião
A janelinha de acetilene do lampião da esquina tinha uma luz que não era a do dia nem a da noite... a mesma luz que banhava as pessoas, animais e coisas que a gente via em sonhos... aquela mesma luz que deveria enluarar, mais tarde, as janelas altas do outro mundo...

( in: Sapato Florido, 1948.)

Tenho medo do domingo maldito que me liquifica.

Clarice Lispector
Água viva. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1998.

"Só quem ama pode ter ouvido capaz de ouvir e de entender estrelas”.

( in: "Via Láctea", XIII)

Herança
“Eu vim de infinitos caminhos,
e os meus sonhos choveram lúcido pranto
pelo chão”.

(Trecho do livro “Viagem”, 1939.)

“De noite todos os meus pensamentos são escuros
E todas as palavras têm a letra "u"
Rude
Virtude
Cruzes!”.

(in: Velório sem defunto, 1990.)

Arquitetura

A arquitetura diverte-se projetando construções
para esconder os homens uns dos outros.

Carlos Drummond de Andrade
O avesso das coisas: aforismos. Rio de Janeiro: Record, 1990.

“O que mais me comove, em música,
são essas notas soltas — pobres notas únicas —
que do teclado arrancam o afinador de pianos”...

(Versos extraídos do livro “Mário Quintana — Prosa e Verso”, Editora Globo (9ª edição).)

Você chora tanto por quem te faz triste, que esquece daqueles que te fazem feliz.