Poetas Brasileiros

Foi muito lindo você ter vindo
Sempre sorrindo, dizendo
Que não tem de quê
Eu agradeço você ter me virado do avesso
E ensinado a viver
Eu reconheço que não tem preço
Gente que gosta de gente assim feito você.

Minha mão está suja.
Preciso cortá-la.
Não adianta lavar
A água está podre.
Nem me ensaboar
O sabão é ruim.
A mão está suja,
suja há muitos anos

(A mão suja)

Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.

Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, as descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que compartilhamos…

Não sei como se faz outra cara. Mas é só na cara que sou triste porque por dentro eu só até alegre. É tão bom viver, não é?

Chorei pelas gentes perdidas de loucura e orgulho. Depois por minhas visões, por meus gestos.
E, finalmente, por nós dois.

Não esquecer que por enquanto é tempo de morangos.

Um lugar só é bom quando a gente pode fugir para outro lugar.

Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer.

Prefiro a verdade que há no prenúncio.

Deve existir
Eu sei que deve existir
Algum lugar onde o amor
Possa viver a sua vida em paz
E esquecido de que existe o amor
Ser feliz, ser feliz, bem feliz
(Em Algum Lugar)

Família desencontrada

O verão é um senhor gordo sentado na varanda reclamando cerveja. O inverno é o vovozinho tiritante. O outono, um tio solteirão. A primavera, em compensação, é uma menina pulando corda.

A vida é um tempo.

Eu vejo no seu olhar o que sua boca não consegue dizer,é quando eu passo por você,é diferente o clima muda não sei explicar.

“Nascer é uma possibilidade
Viver é um risco
Envelhecer é um privilégio!”

Você vai rir se lhe disser que estou cheio de flor e passarinho...
Que nada do que amei na vida se acabou: e mal consigo andar tanto isso pesa

Como é ridículo o amor... alheio!

Não te quero ter porque em meu ser está tudo terminado.

Antes, todos os caminhos iam.
Agora todos os caminhos vêm.
A casa é acolhedora, os livros poucos.
E eu mesmo preparo o chá para os fantasmas.

Ponho-me a escrever teu nome
com letras de macarrão.
No prato, a sopa esfria, cheia de escamas
e debruçadas na mesa todos contemplam
esse romântico trabalho.

Desgraçadamente falta uma letra,
uma letra somente
para acabar teu nome!

- Está sonhando? Olhe que a sopa esfria!

Eu estava sonhando...
E há em todas as consciências um cartaz amarelo:
"Neste país é proibido sonhar."

Carlos Drummond de Andrade