Poeta

Cerca de 24474 frases e pensamentos: Poeta

bioma

me encanta o reino do cerrado
onde cresce o diverso na diversidade

o pôr do sol que é encantado
num pique esconde na luminosidade
(no horizonte)

e nesta magia viva de vivacidade
és dourado, é ponte, é fonte, é cerrado

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano

Violeiro chora a viola

Violeiro, está viola canta
e chora a saudade deste chão
este chão árido que o pranto na garganta
canta os amores nas cordas desta canção...

No meu peito também chora
este choro que não vai embora
junto da viola, que vai no raiar da aurora

Violeiro, chora a viola no meu pranto
deste desencanto que a sorte me reservou
se podes neste canto me consolar tanto
não se acanhe em espantar a solidão que aproximou...

No meu peito também chora
este choro que não vai embora
junto da viola, que vai no raiar da aurora

Violeiro, canta a viola no choro dos amores
se hoje sozinho, tenho ela cancioneiro e senhora
então consola minha solidão e minhas dores
daqui só saio se a viola for embora...

Viola e violeiro deixam eu ter este proveito
do canto e choro da viola, em poesia
pois assim alivia o meu peito...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Maio, 2016
Cerrado goiano

em novembro

vai precisar de festejo
é mês das quarenta velas
assoprar num só bafejo
sem ter parcelas...
são ainda com um tal ensejo
de serem bagatelas

afinal, os primeiros quarenta
e viver se pode, ao dobrar
somado com mais uns “enta”
a vida começa (a)pesar...

coragem e água benta!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
outubro de 2019
para o Márcio Francisco

lombeira

passa lento a lentidão
devagar que dá canseira
o vento sopra mansidão
no cerrado dá lobeira

pasmaceira de vidão...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano

SONETO DO MEU POETAR

Basta-me apenas um verso
Onde seu gesto fale de amor
E comigo venhas sem dor
E nele eu me torne imerso

Pra sempre, sem nenhum pudor
Sem palavras caídas do universo
Do dissabor, e que seja inverso
A trovas desbotadas e sem cor

É só ter um deslize no disperso
Pra que ele fale o que é perverso
Em linhas omissas e sem frescor

E nem por isto deixo de ser diverso
Num poetar que gosta de ter odor
Aos olhos do doce amoroso leitor

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Junho de 2016
Cerrado goiano

ODISSEIA (soneto)

Minha saudade de querer-te, ideia
Meus dias poetam versos em te ter
Pois vives no meu viver sem tu crer
Numa saudade de vida em odisseia

Não é só uma razão no meu querer
És o enamorar em noite de lua cheia
Mistérios pra que minh'alma te reteia
E contos de amor escritos pra eu ler

Já tantas vezes lidos, no céu, na areia
Relidos nos sonhos do meu entardecer
É tão presente numa clássica epopeia

És o meu amor, a aurora no amanhecer
Quem no meu palco encenou a estreia
Enlouquecendo por inteiro o meu ser

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
16/06/2016, 17'26"
Cerrado goiano

VELHA OPINIÃO (soneto)

Só o tempo é que faz poetar a vida
Harmoniza a esperança e dá ação
Põe o antídoto do amor na questão
E no fado faz estória de vinda e ida

O ser depende do grau da emoção
Em nada se pode ter dor resumida
Ou tão pouco ter ânsia embevecida
E ou descrença sem fé no coração

O eterno desejar uma sorte ungida
Faz da trilha um trilhar na contramão
Pois sempre se tem algo de partida

E no perde e ganha, a voz é da razão
Não se tem a felicidade assim parida
Vem com dose de ventura e aptidão

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
16/06/2016
Cerrado goiano

SONETO DE INVERNO

Frio, uma taça de vinho, face em rubor
No cerrado ivernado pouco se aquece
Um calor de momento, o vinho oferece
E a alma valesse neste desfrutar maior

Arrepio no corpo, do apego se apetece
Pra esquentar a noite, tornar-se ardor
Acalorando o alento do clima ofensor
Tal é perfeito, também, o afeto tece

E na estação de monocromática cor
De paixões, de misto sabor, aparece
Os mistérios, os desejos, os sentidos

Assim, embolados nas lareiras, o amor
Regado de vontades, no olhar floresce
Pra no solstício de novo serem acolhidos

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Junho de 2016
Cerrado goiano

SONETO DO IPÊ

O cerrado se prepara para a primavera
No chão cascalhado, a florada anuncia
Os ipês amarelos ornando de luz o dia
E o horizonte se vestindo de quimera

Sai o inverno, setembro, vem a ventania
E mal surgia, e caem sem assim quisera
Em implacável jornada, acatando a era
Atapetando o chão de matizada magia

E neste, veste e despe, a beleza gera
Espanto da sina acirrada em tirania
Do ipê ser algoz na sua pouco espera

No processo que penaliza a flor fugidia
Em ser uma desgarrada na atmosfera
Faz-se o prosseguir a vida em romaria

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Junho de 2016
Cerrado goiano

Adeus junho

Junho, despede-se
Agasalhado no inverno
Vai-se tão terno
Brindado com vinho
Bem de mansinho
Um novo recomeçar
Doce é poder estar
Dádiva da vida a girar
Vivificando a cada manhã
Em um novo amanhã
Adeus junho das festas
Das madrugadas em serestas
Na despedida a evidência
De dia vencidos, reverência
Sai junho, mortulho...
Vem julho...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Junho, 2016
Cerrado goiano

SUSPIROS (soneto)

Um pesar tão mais saudoso, assim não vejo!
Um vazio no silêncio, barulhento, sem pudor
De tão é a infelicidade, que terebrante é a dor
Que vagar algum pode ofuscar o tal lampejo

Dias rastejam, noites em romarias no andor
Da angústia, que enfileiradas num cortejo
Levam preciosos instantes, pra num despejo
Jogá-los ao luar, sem quer um pejo, amor

Ah! Que bom seria, eu ter qualquer traquejo
No dom da oração, e me ouvisse o Criador
Através do meu olhar, rogando por ensejo

Essa saudade tão mais triste, ainda é clamor!
Inda estão nos versos que no poetar eu adejo
Tentando recreio, para os suspiros transpor

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Julho de 2016
Cerrado goiano

RENOVO (soneto imperfeito)

Quisera eu o dissabor fosse menor
que os dias tivessem só harmonia
acalmando meu coração tão aflito
e na convicção ter dito: obrigado!

Quisera ser no fado um reto caminho
de suavidade, além do fatal conflito
necessário pra evoluir na infinidade
do, porém, e portar afeto bem intenso

Quisera que o imenso dom do viver
na magia do é e ser, encantasse
pra eu mergulhar nas glórias da fé

E assim, como errante e reles mortal
no final, o ardor da esperança restar
e todo dia, fosse, renovo neste amor!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Julho de 2016
Cerrado goiano

CHAMAMENTO (soneto)

Mãe Senhora, das boas obras benfeitora
Mãe Senhora, do manto de esperanças
De ti a ternura da graça as almas mansas
De ti o perdão nascido na manjedoura

Doce olhar, e no auxílio não descansas
Em toda a parte, és a virgem protetora
Em teu seio o meio à urgência vindoura
És frugal vereda das bem-aventuranças

A mim, pois, filho de escareado desatino
Que aflige o coração em ingrato engano
Olhai com sua piedade o meu vil destino

Assim, neste chamamento de filho insano
Advogue por este pecador, ao Pai Divino
Soberano, nas aperturas deste mundano

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Julho de 2016
Cerrado goiano

RETORNO (soneto)

De volta à minha vida de outrora
Há inquietude com o meu futuro
Tal, embora, o atual seja escuro
A intuição me diz pra ir embora

É assim, no raiar, uma nova aurora
Vai e vem, prevalece o afeto puro
Só na fé com compaixão é seguro
E na esperança que se faz a hora

Porém, se perde, também se ganha
Nas dores, se bate, também apanha
O próprio tempo que doutrina a gente

Pois no dever cumprido, vem o sentido
Da correlação, e ser mais agradecido
Hoje vou melhor, com amor mais ingente

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano

copyright © Todos os direitos reservados
Se copiar citar a autoria – Luciano Spagnol

ESPERTINA (soneto)

O cerrado está frio, lenta é a hora
É tarde da noite, o vento na vidraça
Pendulando o tempo, tudo demora
E o relógio, em letargia não passa

A espertina virou no dormir escora
Tento escrever, mas a ideia está lassa
A vigília do olhar não quer ir embora
Viro, e reviro no liso lençol de cassa

Dormir? O sono no sono faz ronda
O frio na minha alma faz monda
E o adormecer em nada me abraça

Que insônia! O sino da igreja já badala
O galo da vizinha o canto já embala
E o sol pela janela a noite ameaça!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Julho, 2016
Cerrado goiano

SONETO RESOLUTO

Daí ter que ter decisão, se desejais
Não deixai o sonho vivo na solidão
De que vale de a felicidade ter fração
Se sentado estás na beira do cais

Do anseio e da fé não se abre mão
Qual rumo tiveres, quantos e quais
A sorte conquistada vale muito mais
O que tem importância é a questão

Se contra o vento estão os seus ais
Arremesse as ilusões do coração
Semeie as quimeras de onde estais

Então, só assim, o viver terá razão
Daí o que tu queres, dará os sinais
E numa proporção, terás realização

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
08/08/2016, 06'20"
Cerrado goiano

PAI (soneto)

Trago no coração sinais de abrigo
são sentimentos de protetor laço
num nó em lembranças e abraço
daquele que levo sempre comigo

É quem apoiou o passo no passo
no compasso fora do ter perigo
É o valente amigo até no castigo
que no cansaço expõe o regaço

Eis o lar, pai, que assim eu digo:
o provedor que nunca é escasso
num rude amor, sem ser oligo

O braço em um dilatado espaço
de colunas eretas que bendigo:
- numa saudade que não afaço.

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
agosto de 2016
Cerrado goiano

BEM E MAL (soneto)

Tal qual gente que vive sem pressa
na correria do tempo, eu vou assim
e nessas de ter-me um, nesta peça
atuo um dia de cada vez, até o fim

Na alta complexidade que não cessa
a turves rompida pela luz do camarim
da vida, reluz o amor que ele expressa
tingindo o cetim do afeto na cor marfim

Sou feliz! É como minh'alma confessa!
Na tristura, a remessa de sorte pra mim
é paz, pois, tenho na verdade, etc e tal...

Então, na falsidade que nada a impeça
a pureza do amor sempre é um clarim
proclamando que o bem vence o mal...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Agosto/ 2016
Cerrado goiano

pacote

... cada ruga, um poetar do tempo. Envelhecer é o embrulho do viver. Use papel da gratidão, assim, terás mais o que ser... do que só se ver.



© Luciano Spagnol

poeta do cerrado

20/10/2019

Cerrado goiano



copyright © Todos os direitos reservados

Se copiar citar a autoria – Luciano Spagnol

MANACÁ DA SERRA NO CERRADO (soneto)

Plantei um manacá no cerrado
Para o chão ressecado florescer
Em flores bicolores, a irromper
Matizando o árido cascalhado

Já não me sinto só, o alvorecer
Tem um doce aroma de agrado
Com jeito de bafejo tão airado
Que abraçam todo o meu ser

O manacá da serra no cerrado
Trova com o vento um verter
Poético, se fazendo admirado

Árvore em flor, a transcender
O vazio num ato contemplado
Balsamizando os dias de prazer

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Agosto, de 2016
Cerrado goiano