Poeta
A fala insignificante, também, é aquilo que se queremos fazer.
O menor gesto, o jeito de olhar, os movimentos do corpo ocupam a expressão exata para o enredo pretendido.
Observe bem. Tudo está sendo dito.
Eu já entendi a sua vontade.
Caminho sem pressa, mas não deixe as minhas mãos nestes momentos de turvação.
Engrandeça a minha alma tão pequena frente às adversidades que tanto corroem a perseverança, a resignação e, sobretudo, a renúncia.
Fortaleça o meu coração para perdoar as fagulhas que aniquilam a esperança, atropelam a vontade de servir e depositam o ácido em meus olhos.
Perdoa-me pela insensibilidade de não perceber os seus acenos, mas glorifico o ar que respiro, o fruto deste dia, os passos que posso dar nesta caminhada.
Abraça-me com o Seu sopro benevolente e acenda a lâmpada para eu seguir o melhor rumo, pois entrego a Ti a minha vida.
Seja comigo sempre e não me permita causar o sofrimento, o pranto e, muito menos, o constrangimento com a minha presença que se esforça em levar a paz, a verdade e a justiça nos estribilhos desta trajetória.
Que a fonte inesgotável do Seu amor transborde em minha alma nesta hora que os sinais apontam, novamente, seguir com a alma sangrando para o novo alvorecer.
São ilusórias as falas que não produzem significados.
A repetição delas pode até impactar os tímpanos, mas se a alma não estiver disposta a assentá-las... tudo terá sido em vão.
Mantenho a calma...
a despeito da bravura da minha alma
que tanto luta para não esmorecer frente às amarguras da vida.
Seguindo sem tanto esforço, pois caminhar não solicita desmedido movimento, mas sofro quando as encruzilhadas me impõem a opção para o novo rumo.
Não posso persistir pousando meus olhos sobre os seus e voltar com o resultado congelando a minha alma.
Vivo no estribilho de um amor que me alimenta.
Cada gesto é um sobressalto para o sorriso.
Amo e bem sei que no transitivo direto, intransitivo e pronominal... a vida discorre sem avisos.
Não ouso saber se sou amado a despeito de suspeitar que eu seja, ao menos, por mim.
Implorei tanto para devolver-me inteiro e devolveu-me em partes e o resto de mim deve estar na sua soberba.
Na me assusta a solidão da minha noite e, tampouco, o vazio do meu copo....talvez possam doer a solidão de mim e a completude da saudade cheia da sua ausência.
Posso compreender e aceitar uma incontável variação de restos, mas não me permito ser o resto de nada.
Por isso o inteiro de mim não pode ser o seu resto.
Quero decifrar o indecifrável gesto do silêncio.
O seu grito ressoa ferindo a minha alma nesta espera que não alivia.
A sua fala é constante todos os dias na revelação da distância que nos aproxima do desencontro.
Na lágrima derramada não há resquício de dor... ela já é dor.
As outras que surgem descendo face afora são novas dores.
Ouço o ruído do dia que se encerra.
Nada diferente.
Nenhum sinal espontâneo anuncia vida saudosa.
Aguardo sofrendo o seu sopro.
Chove tristeza nesta hora.
Insisto para não ser os motivos tristes da sua vida.
Persisto na tentativa de ser o seu MOTIVO.
Amor é ação.
Movimente a vida para viver feliz quando alguém te ama.
O meu amor não é cego, não é mudo e, tampouco, surdo... então, apareça, ouça e fale qualquer coisa... pois o silêncio pode ser a sua imagem, a sua voz e irá escutar o meu sussurro.
Imagino apenas que o sinal que aparece em cada dia é o mesmo para todos nós, mas ocupa sentido diferente por sermos indivíduos.
De resto... vou tentando desentender o entendido barulho do aceno final.