Poeta
Se sou poeta ou sou prosista?...
Se sou poeta ou sou prosista?
Por ter asas, sonhador, não sei
Ser poeta é ser artista?
Sinceramente, um pouco serei
Não sou só aquele tom simplista
Tenho amor e do amor sou
Da vida, um poético bucolista
Verdade, não sei à que me dou
Afinal, poeta ou prosista, é assim,
De sentimento fundamental
Se é bom ou ruim?
Pouco sei, sei que sou sentimental
E isto, é o preciso para mim!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
22 outubro, 2022, 11’34” – Araguari, MG
*parceria com Fernando pessoa
POETA PEREGRINO
Desce e sobe montes e vales,
Atravessa os mares e os rios
A seco, nos calores dos frios
Imune a todos os males.
Come pão das pedras na fome
Do horror dos tempos tardios,
Presentes futuros vazios
Sem dó sequer do seu nome.
Espetro negro, terço de reza
Nas estradas de um destino
Que os deuses, em pequenino
Lhe traçaram com dureza.
Deixem-no ir na correnteza
Das tempestades da vida,
Um poeta peregrino
Mesmo todo pequenino,
É gigante na pureza.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 24-10-2022)
Regresso à Solidão -
Vou alto! Tão alto!
Quão alto me encontro!
Pela Vida, sem asfalto,
poeta vivo, poeta morto ...
E batem palmas
aos versos que me rasgam ...
Tantas, tantas Almas
que me escutam e aclamam!
E por instantes, não estou só,
instante que será breve,
tão breve que dá dó!
Súbito, viram costas, fica nada,
e eu, novamente só,
que dó, regresso a casa ...
Retrospectiva -
Alembro-me senti-la, inquietante,
era pequeno, mal me via,
mas era já poeta, errante!
Era linda minha Alma - e sorria ...
Depois, pela vida fui crescendo,
junto a uma cova a vi rezando,
sua história, antiga, sepultada,
tanto tempo, ainda assim,
a vi chorando, chorando ...
Fui crecendo, crescendo,
e ela, triste, infeliz, sem nada!
Na juventude dos dias, como herança,
morrendo, morrendo ...
Pobre, infeliz e desgraçada,
uma criança, uma criança!
Aos pés de Deus ajoelhada
pedindo termo p'ró tormento!
Mas só em ataúde fechada
um dia finda o sofrimento,
acreditava!
Breves dias, longas noites ...
Em que as noites eram dias
e os dias tristes noites!
Pobre fado! Pobre fado! ...
Flor doce e desfolhada,
poeta, apenas, mais nada!
A sorrir na vida entrei,
sofrendo, austero a caminhei,
mas sei, sorrindo a deixarei ...
Porque à hora de partir
terei no fim a liberdade
que nunca nesta vida encontrei ...
Poema: O poeta e a paixão
Não basta só existir, nem apenas sobreviver é preciso viver.
Ser lembrado no coração ou na alma, fixado na mente ou no coração.
Ainda que haja ódio ou dor, tudo isso foi por amor, ou por falta dele.
Tudo existiu por um acaso, talvez não seja o nosso caso, porém existiu.
Foi assim , foi assado, algo movimentado, não planejado, mas bem executado.
O combinado aconteceu, alguém viu e correu, talvez até correu demais, sem mesmo olhar para trás, mas ele sabe o que faz.
Faz menção da sua loucura, bizarrice ou ternura, não se emenda, talvez você nunca o entenda.
O que ele não quiz foi contenda, como diz a lenda, quem é ligeiro sabe a hora de armar a sua tenda.
Por favor, me entenda.
Pomar
Para o poema
o poeta é só um pomar
com nome e sobrenome
e onde jaz o poeta
nasce um poema
e vice-versa.
O poeta/escritor
O poeta/escritor, é o indivíduo que sente na lama o aroma de uma flor.
O poeta/escritor, não consegue guardar seus sentimentos mas transmite disfarçadamente em forma de poesia o seu labor.
É o indivíduo que transfere para o papel a sua simples ou imensa dor.
Esse cara consegue tirar de suas experiências o amor em forma de louvor.
O poeta/escritor consegue ver no mais profundo do seu ser um lampejo de amor que você teima em esconder.
Ninguém foge de um poeta/escritor, pois ele vê onde ninguém vê, mesmo na maior escuridão do seu ser.
As janelas da alma ficam sempre abertas para um poeta/escritor, pois mesmo escondido ele vê tudo em forma de amor.
Um poeta/escritor canta um conto ou conta um canto, mas transforma tristeza em alegria… em encanto.
J C Gomes
O poeta da terra vive num emaranhado de emoções, o menino do Mucuri exala na epiderme o néctar da liberdade.
"O poeta é um fingidor".
Mente tão decentemente
Que parece que não mente
Quando fala de amor.
Os que escutam sua fala
Na vida passam a pensar
Que o que de fato vale
É a ilusão de amar.
Como se possível fosse
Entender falsa razão
Daquele que ama e mente
Que pensa que finge e sente
Que engana o coração
"A mente de um poeta transborda de prazer em recitar aquilo que está se sentindo.
Por vezes transforma os sofrimentos e as alegrias da alma em versos que no pensamento acaba se esvaindo.
Mas não pense que o meu coração carregue tanta alegria ou sofrimento
Pois a empatia me fez aprender a traduzir em palavras os sentimentos de um amigo em diversos momentos."
Não sou só um poeta
Do que morreria um poeta
Bêbado , solitário , vagante
Abandonado , descrente
De amigos e parentes
Eu digo que não
Um poeta morreria
Se as palavras lhe faltasse
Se a beleza da dança entre elas
Parassem de existir
Se o encaixe perfeito
Não rompesse mais a barreira sagaz
Se na pele do poetante
Não houvesse mais melancolia
Para matar um poeta
Não basta só corta-lhe a língua
Tem que arrancar-te as palavras
Matando seu coração, e mesmo assim
Com o coração morto
O que ele poetiza
Irá ecoar .
Pedigree no olhar
Longe do meu amor
sou poeta morto.
É louco de dizer
Mas as vezes a poesia morre!
E a vida precisa de um norte...
É um piscar da vida.
Um corte na sorte
As estrelas se apagam.
e as nuvens não chove.
Será que pode dar tempo
e deixar o poeta morrer?
sem enlouquecer-se ainda resta...
E bebe o necta que sua boca empresta.
Ela é uma Cinderela
Tem pedigree no olhar
As vezes não quero acreditar
Ela vem no meu sonho e brilha...
E como uma faísca de fogo
A ressuscitar minha alma de moço louco...
Eu não gosto desse jogo de morrer
Para pode viver e renascer.
Eu prefiro arte do milagre
Ele só vem se a alma merecer...
Conto as mil estações se for preciso...
Engano o coração se for o risco...
Deixo inflamar suas raízes por dentro...
Esse meu juramento contar as estrelas do tempo.
Até que você volte a enganar a morte que fere...
Vou plantar o jardim se acaso você queira chegar e ficar pra sempre...