Poeta
Sabe aquele eterno Manoel de Barros, poeta, passarinho, iluminado pela beleza dos avessos, arquiteto das cores, arteiro das figuras de linguagem, onde a companhia de seus livros é uma viagem, pois então ele tinha razão naquela expressão: “a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós. Assim um passarinho nas mãos de uma criança é mais importante para ela do que a Cordilheira dos Andes. Que um osso é mais importante para o cachorro do que uma pedra de diamante. E um dente de macaco da era terciária é mais importante para os arqueólogos do que a Torre Eiffel. (veja que só um dente de macaco!) Que uma boneca de trapos que abre e fecha os olhinhos azuis nas mãos de uma criança é mais importante para ela do que o Empire State Building. (...)” E tem também aquele princepezinho, do autor francês Saint-Exupéry, onde o sábio pequenino passou a dedicaste a tua rosa e foi o tempo que a fez tão importante. “Foi ela que pus sob a redoma. Foi ela que abriguei com o para-vento. Foi por ela que matei as larvas (exceto duas ou três, por causa das borboletas). “ Um dia você descobre que tudo que era considerável para si mesmo importante, na verdade nunca foi. Um dia você aprende que tudo na vida acontece com um propósito, pode ser que seja do céu, e não há o que se possa fazer para modificar as razões ou circunstâncias. Um dia você acorda e não vê mais o sol,as nuvens da mesma maneira, mas com um brilho mais intenso. Um dia você aprende que não se pode pular os obstáculos que a vida coloca em seu caminho, mas descobre que pode superá-los. Um dia você percebe que ninguém é igual a ninguém e que você não possui o poder de mudar as pessoas.Um dia a luz que você achava importante e fundamental ganha um sentido diferente da física que a relaciona como radiação eletromagnética, e então você descobre que não era a luz que te guiava, mas as escolhas que você fazia. E então depois desse dia você entende que tudo é efêmero. Temporário. Transitivo. E nós nunca somos, sempre estamos!
"Os bens do poeta: um fazedor de inutensílios, um
travador de amanhecer, uma teologia do traste, uma
folha de assobiar, um alicate cremoso, uma escória
de brilhantes, um parafuso de veludo e um lado
primaveril”.
( excerto "XII - Sábia com trevas", no livro "Arranjos para assobio" (1980), em 'Poesia completa: Manoel de Barros'. São Paulo: Editora Leya, 2010.)
Se eu sou brasa, você é nitroglicerina
Se sou poeta, você é inspiração
Se estou sóbrio, você me alucina
E quando me encontro, você é perdição
O verdadeiro poeta precisa entender a genialidade e se fazer de idiota para ter a liberdade de expressão;
O poeta se exila no eco de suas próprias palavras, uma trilha enigmática dos seus anseios, na esperança de que algum louco o entenda, mas se não aparecer o louco, ele se regojiza do mesmo jeito.
O POETA
Poeta é aquele
que bebe as maravilhas passageiras
do mundo
na taça dos cinco sentidos,
depois,
sozinho e em silêncio,
transporta-as para o papel
para eternizá-las...
Eu preciso de...
Eu preciso de tudo. Preciso da inspiração do poeta, da criatividade do autor, da imaginação do desenhista e do sofrimento do desconhecido.
Preciso do cafezinho da padaria, da versatilidade do humorista e da coragem do salva-vidas. Necessito urgentemente da seriedade do jornalista e da compreensão do vovô.
Decididamente eu preciso do abraço maternal, da comidinha caseira, da brincadeira de criança. Ainda que restrita, preciso da promessa de paz, do sonho de um futuro bom, mas isso deixa pra lá...
Estou dispensando o olho gordo! Disso, pode ter certeza que eu não preciso. E que se vá também a agonia do fim, a tristeza da saudade, a cara amarrada da manhã de segunda feira; que vá para onde o vento faz a curava e que esqueça do caminho de volta.
Falando em dispensa, não dispenso o “Bom dia” ao porteiro, lembro do obrigada e do “não há de quê” até mesmo ao estranho que me deixou entrar antes no elevador. Bons modos, nossa! Como eu preciso disso!
Eu preciso disso e de muito mais. Busco sempre o desconhecido, entretanto, não largo mão do convencional. E nessa incessante busca, sei que preciso, todo o tempo, da alegria em que consiste a vida. Preciso do amor que preenche a alma, preciso da serenidade que acalma o coração. E por aí vai. Aliás, esse por ai vai bem longe. É, eu preciso de tudo.
"Sou quem sou...
Sou um poeta de instante, de circunstancia.
Não vivo o que falo e não choro o que desabafo.
Sou um poeta imbutido;como um coração apaixonado e não correspondido.
Poeta que não faz do seu viver as suas poesias.
Que sabe o que é o amor e não sabe amar.
Sou um poeta que não sou!
Um artista frustrado de uma efêmera paixão de seu supérfluo passado.
Que não se contenta com suas recordações; tende á escrevê-las pra guardar na lembrança.
Um poeta que espera sua amada e assim poder ser amado.
Que não esquece o passado, quase não vive o presente e que se preocupa com o seu futuro".
"Não sei quem sou; mais quem sou reflito para a minha própria vida"
Já fiz alguns poemas,
Mais não me considero poeta.
Histórias de amor já expressei,
Mais nunca publiquei.
Meu jeito de ser está incluso,
Mais ainda muito confuso.
As palavras não querem mais a boca,
E sim o papel.
Escrever não é obrigação,
Mais apenas uma distração.
Não escrevo para milhões de pessoas,
E sim apenas para você.
O dono de um pequeno comércio,amigo do grande poeta Olavo Bilac,abordou-o na rua:Sr.Bilac,estou precisando vender o meu sítio,que o sr. tão bem conhece.Poderá redigir o anúncio para o jornal ?Olavo Bilac apanhou o papel e escreveu:"Vende-se encantadora propriedade,onde cantam os pássaros ao amanhecer no extenso arvoredo,cortada por cristalinas águas de um ribeirão.A casa banhada pelo sol nascente,oferece a sombra tranquila das tardes na varanda." Meses depois encontra o poeta com o homem e pergunta-lhe se havia vendido o sítio."Nem pensei mais nisso" disse o homem."Quando li o anúncio é que percebi a maravilha que tinha."
Em mil vidas eu seria grata por você ter me tornado poeta. Mas até hoje eu não entendi porque meu coração precisou ser quebrado.