Poesias sobre Desilusão
"Toda noite
Vi entrar em meus olhos
As suas janelas d'alma
Pra encher as minhas de água
E roubar as cortinas..."
andei pensando em fugir
só pra sair
desse vazio que deixei-me atrair
sem perceber o quanto me consumi
desse falso amor a me ferir
deixei me permitir
pelas tuas doces palavras me atingir
tentei desconsentir
tentei desiludir
contemplando o céu a descolorir
vi mil gaivotas pranteando
numa tarde de sol a pedir
pra pôr mais vida
neste cinzento mar que poluí
daquelas lágrimas deixadas
sobre o nosso livro de elzevir
da nossa estória que deixou ser souvenir
corri entre as nuvens para me despedir
do teu sorriso numa manhã
e a noite sorrir com o amor que esculpi
e no espelho enxergar a única pessoa capaz de me retribuir
2016, O Espelho de Elzevir
É triste mas a única mensagem
Que eu no dia recebo,
É de mim próprio a dizer que ainda se vai abrir a passagem,
Para chegar a coisas que eu ainda não percebo!
Podem dizer o que quiserem,
Só digam é que existi,
Fiz a um sítio a que a luz não chega uma viajem,
E até ia outra vez, mas prefiro lutar por ti!
Pelo que tu disseste hoje parece
Que o teu coração é o dele, e o dele é o teu,
Agora o que aí entre vós acontece ,
Fica aí e não volta para o coração que eu queria que fosse meu!
Deve haver uma razão
Por eu não pôr nos meus poemas um ponto final,
Porque a minha vida e o amor não têm um travão,
E hoje confesso que se tivesse já havia funeral!
A minha vida não é um conto de fadas
Mas começa com um feliz para sempre
E termina em era uma vez uma mulher
Que vivia feliz com muito pouco
Numa casa cheia de lindos filhos
Com o amor da sua vida fim.
Amar é sofrer com o coração
Com a alma é sentir o perfume das flores
Entre os espinhos pois o medo de sofrer
Supera a vontade de amar.”
A LUZ
A luz cega-nos a mente
De tão perdidos que nos encontramos
Perdemos os sonhos sem tentar encontrá-los
Já sabemos que morreremos sozinhos
Mas caminhamos por entre as trevas
Pois até as sombras tem receio de nos acompanhar
Somos almas solitárias à procura da libertação
De tristes palavras contraditórias como o vento
Entre a nossa dor e a nossa própria solidão
O tempo é a ironia da vida que caminha lado a lado
Andamos por entre as sombras com as lágrimas secas
Nos olhos, vemos o que não gostariamos de ver
No entanto cobiçamos caminhos sem luz, sem esperança
Esta é a triste realidade que nos consome cada vez mais
E nos faz novamente andar nas sombras
Pobres mortais que somos, carne podre, protefacta
Sem sonhos, sem verdade, sem amor, egoístas sem piedade.
Quando tu partiste guardei comigo
as suas recordações, se eu as
ignorasse estaria admitindo que
posso te esquecer.
ILUSÃO
Se foi em vão
Se sabe ou não
Se achas vão me estarrecer
Quando tu vai
Em mim recai
A certeza de outra vez sofrer
E outra vez passa
Mas perde a graça
A cada fria ilusão
Por coisa tal
Me tornei mau
E acorrentei meu coração
Culposa ilusão
Quando a saudade aperta
Chamo o vento, a chuva
Ao sentir a chuva e o vento
No meu rosto lembro-me
Das tuas mãos perfumadas
Acariciar-me o rosto
E das saudades que tenho de ti.
MORA
Mora em mim um amor
Mora em mim uma intensa paixão
Mora em mim um jardim perfumado
Mora em mim um toque que me enlouquece
Mora em mim um misto de desejo
Mora em mim um delírio doce
Mora em mim um amor revivido
Mora em mim uma louca loucura
Mora em mim intensamente correspondido
Um grande amor dentro do meu peito.
VEM
Vem, fica
Sentirás amor
Como nunca sentiste
Repousa, olha-me
Afaga-me, despe-me
Sente-me na adrenalina
Que timidamente te provoco
Do meu ser, num abraço
Que te prende num longo beijo.
Sabes meu amor
Quando toquei no teu corpo
Senti o meu a tremer percebi
Que entraste no meu coração
Sem me pedires autorização.
ESCREVO
Escrevo é o que sou
Histórias perdidas
Esquecidas na memória
Gravadas no coração
Inventadas com sabedoria
Do meu saber observar
Ficções que são encantos
Memórias que não aconteceram
Sonhos que morreram e não viveram
Escrever é uma forma
De agradecer, perdoar, esquecer
O que só o destino teve culpa
As palavras são a minha respiração
Elas dã-me vida e eu dou-lhes o meu coração
A minha alma nas memórias guardadas ou não.
Amor quando
Os nossos corpos
Se encontram que seja
Numa perfeita harmonia
Como se estivessem
A compor uma bela canção
NAVEGUEI-TE
Naveguei-te meu amor
Pelas colinas
Das tuas encostas
Sonhei-te perto de mim
Naveguei pelo teu corpo
Desejando mais e mais
Bordamo-nos um no outro
Rasguei-te na imensidão
Da fome sentida com um olhar
Naveguei-te com paixão
E amei-te nas memórias
De tantos orgasmos felizes.
RASGO
Rasgo o sombrio de mim
Na saudade de um espasmo
Degredo esquecido em mim
Solto nos rastros perdidos
Procurei esquecer a dor
Que me atormenta no espaço
Escondido nos sonhos
Que no tormento flagela
Os meus dias, noites sem dormir
Feito de novelos que fia a dor
No crepúsculo do vento
Quimeras de sombras
Que cobrem apenas a tua ausência
Para rasgar a dor que sinto
Quando não estou contigo.
O amor é uma casa
O amor é liberdade
O amor tem asas
O amor é um ninho
O amor não tem algemas
O amor não é uma prisão
O amor é simplesmente entrega.
EU VOU
Vou amar sem me perder
Sem me cruxificar
Vou sobreviver
Espairecer até morrer
Para demonstrar
O que vive em mim
Deixar sair sem nada sentir
Deixar fluir sem me repetir
Fugir das prisões
Libertar-me dos grilhões
Vou tentar fugir mas de ti
Nunca sou assim, crescer amar
Vivi com intensidade
Todos os momentos
Aprendi amadurecer
Coloquei no meu coração
Tudo que senti
Deixar andar sem nada esperar
Aceitar o que está
Para vir sem nunca duvidar.
No oasis tudo e vivo
E no deserto é símbolo da esperança
acolhe e salva viajantes, animais,
dos quadrúpedes aos rastejantes
renovando a vida
Eu a tempos no deserto
definhava, já sem esperança
quando lhe encontrei
nas suas águas me banhei
matei minha sede e fiz morada
Não durou pra sempre
E não mais que derrepente
senti o calor ardente
era o sol, bem na minha frente
na boca o gosto da areia
na pele fogo ardente, vermelhidão
já seco esteva meu coração
pois aquilo era só uma ilusão
essa miragem sem dó nem perdão
sumiu na imensidão.