Poesias que Falam de Separação
Eu não queria me envolver mais
Com gente igual você
Agora foi, então vai
Nem vem, que eu te avisei
Bem que eu te avisei
Tanto eu te falei
Se disser: Tá tudo bem, eu vou dizer
Aquilo que você perdeu
Seu direito
REQUIESCAT IN PACE (soneto)
O amor é apenas uma negativa
Se eu um dia com ele já fui teu
Omitamos está outra alternativa
Pois, desta, o nosso já morreu
Ah! Porque alegação subjetiva
Nada mais em mim sobreviveu
Se hoje o senso está à deriva
Não és meu bem nem eu o teu
Não diz nada, se ali amamos
Nossas almas estão separadas
Não lembres mais, esqueçamos!
Deixemo-lo ir repousar em paz
As lembranças estão enterradas
E no coração, hoje, é tanto faz! ...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, outubro
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Por mais que insista não posso ficar,
Não tem opção, não adianta chorar
Mas que bom que eu te avisei
Eu vi, já passou da hora
Você que não entendeu
Eu não tô com pressa
Não quero que vá embora agora
Deixa eu ir, amanha a gente conversa
Volta e vem dizer
Que se arrependeu e quer mais
Um pouco mais de nós
Vem e volta a ser o meu cais
Volta e vem dizer
Que parou um pouco pra pensar
E, pensando bem, seria bom recomeçar
Não sei fingir que tá bem
Esse defeito eu não tenho
Posso até voltar atrás por sentir falta
Mas eu sei dentro de mim
Que nunca mais vai ser igual
Dois corpos não ocupam o mesmo lugar simultaneamente. Isso se chama física.
Mas duas mentes podem estar no mesmo espaço ao mesmo tempo. O nome disso é Amor.
ESPAÇO (soneto)
Tragando a vastidão do cerrado profundo
A solidão num canto, a saudade devassa
Saudade do afeto que no peito arregaça
E que vagueia na dor, lamentoso mundo
E na esteira sem fim da tristura sem graça
Ei-la embalada na sofregdão de moribundo
Recostado no abismo sepulcral sem fundo
Do pesar, e encruado suspiro que não passa
Poeto. Me elevo em busca de um conforto
Vou pelo estro de encontro a outro porto
Pra aurorear a sensação com cheiro de flor
E nesta emoção que se tornou um lastro
No vazio. Cheio de pranto no árduo rastro
Cato a poesia para abrir espaço pro amor...
© Luciano Spagnol -poeta do cerrado
19/07/2020, 15’10” - Triângulo Mineiro
Almas condenadas
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Quando duas almas infelizes
Já estão habituadas à desgraça
E conformadas com o inferno,
É necessário que uma das duas deseje o paraíso
A fim de que por meio de uma das condenadas
Ambas alcancem ao menos as proximidades do céu.
Você me deixou na loucura
Sem ter como te localizar
Dessa vez você foi imatura
Por mensagem é fácil terminar
Esfria a cabeça cuidado com a rua
Se eu te machuquei tenta me perdoar
Tenta me perdoar
Manda áudio
Deixa eu ver se tem saudade no seu tom de voz
No seu alô dá pra saber se ainda pensa em nós
Vou te confessar, perdi meu chão agora
Difícil acreditar que você foi embora
Eu fui ligando os fatos até perceber
Vou tentar continuar a vida sem você
A solução é ficar de pé e não olhar pra trás
Todo mundo sabe o que é melhor pra si
Da sua mão eu posso me soltar, vai ser melhor assim
Deixa o tempo te acompanhar
A tua ausência é quase um favor
Vez em quando eu até lembro, mas
O que incomoda não é o que levou
É o que deixou pra trás
Sofrer um desgosto amoroso é o sentimento mais solitário e alienante
do mundo. E a verdade é que isso acontece com todos nós. É o grande equalizador.
Eu, _________
Agora sem cor.
Sem viço,
Sem brilho,
Onde está o meu sol?
Minha cor
Meu perfume
Meu brilho e
Minha luz...
Sigo seco e oco.
A alma sofre!
E o Ser padece.
A mente desliga.
E o corpo segue,
Sem ver...
Janeiro/2003
APARTADO
Cansei-me de tentar o teu enredo
Na tua poética sem frase e afeto
Meu versar anuviei por completo
Tal o pôr do sol atrás do rochedo
Sentimento da tua alma, segredo
Teu, perturbado eu, neste soneto
Foi meu desejo, não mais secreto
Se chorei foi somente por degredo
Cansei! Sossegado está o cerrado
Esfriou sobre o desprezo concreto
A quem um dia estava apaixonado
E desse meu turvo silêncio discreto
Leia entre linhas um sofrer calado
Que assim tem o apartado adjeto!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28/11/2020, 11’01” – Triângulo Mineiro
Eu ainda sou capaz de criar
Cenas em que estou com você
Você era ouro
Eu era daltônico
E agora vivo agonizando em meio a ficções e lembranças de nós dois.
Para algumas pessoas a relação só acaba quando a ficha cai. Até lá, vai ser ligação muda, de um lado um berra e do outro não tem ninguém.
Mas a pessoa acredita fielmente que escuta alguém na linha.
É uma forma fantasiosa de negar o fim, mas é uma fase e vai passar.
Trégua
Dá uma trégua neste duelo
Passa pra mim seu passaporte
Aceita: não foi forte nosso elo
E as dores?
Manda pra o mesmo endereço
Local oculto pra sepultar meu apreço
Vem! Traz o guindaste forte
Atende meu apelo: me tira desse berço
Ergue-me; aponta-me o norte
Para eu seguir com o vento a favor
Içando velas; naufragando a dor
Usando esparadrapo na cura do corte
Ferida sanada; resta a cicatriz
A nos torturar, por termos vivido por um triz.
Tita Lyra - 2008
Quando somente um lado,
aceita o passado do outro,
é pouco provável que essa relação
vá para frente.
.... A forma como você acaricia meu cabelo, a forma que você toca em mim, o jeito que você me olha.... É o que me faz lembrar de você a todo momento.... Seu cheiro que consigo sentir a quilômetros, seu sorriso de lado que deixa meu coração acelerado, sua boca que me provoca a cada instante.... São detalhes carnais que me fazem pirar ao lembrar de você.
E aquele jogo, aquela música, aquela postagem e infinitas coisas que me lembram o seu jeito.... O jogo me lembra o quanto você me faz rir, a música me lembra a sua voz, a postagem me lembra aquela situação que você me contou e me pediu para que eu guardasse em segredo.....
Você está em todo lugar e principalmente nos meus pensamentos porém saiba interpretar, saiba entender..... Você é aquela flor que está parada no campo e que eu amei muito mas se por acaso eu tentar arrancar ela.... entenda.
Ausência
Hoje é um domingo de chuva
E meu coração continua frio
O mundo lá fora parece ruir
E aqui dentro tudo segue inerte e vazio
Colmei-me da esperança de que um dia você pudesse voltar
E chorei com a certeza de que nada nesse mundo
Jamais tomaria o teu lugar
Fui à janela lateral
Fumei meu cigarro enquanto olhava a chuva cair
O mundo lá fora parecia apático
Mas chovia torrencialmente aqui
Eu tossia em meio às lágrimas
O vento assanhava meus cabelos
A chuva me roubava as palavras e transbordava todos os meus medos
Me lembrava daquela noite fria
Em que juntos cruzamos a cidade
Nos amamos sem pudor
E eu sei que te fiz esquecer a vaidade
Pois ao menos naquele instante você me amava
Eu sentia.
O ar ameno adentrava as janelas do carro
E fazia minha pele arrepiar
Eu gritava porque estava viva e sabia
Você pisava no acelerador e sorria
Tão lindo, tão leve
Que poderia facilmente flutuar
Acontece que perdi-me na penumbra dessa escuridão
Perdi-me tentando freneticamente encontrar você
Me martirizei ao pensar em tudo que podia ser
Mas pra nós não há outro final nesta dimensão
Você que sempre disse odiar meus vícios
Se tornou o maior e pior deles
Diariamente dilacera meu coração
Com tua ausência e prepotência
Sequer parece ter dito que me ama tantas vezes
Eu senti um enorme pesar quando o nosso amor morreu
E jurei não mais te amar
Mas se não falhasse, não seria eu
Nunca fui fã de inícios
Menos ainda de finais
Mas se chuva apaga a chama
Você fala que me ama
E eu te digo nunca mais.
Abraço a racionalidade
Ponderando os prós e os contras em que nossa história se deteve
Assumo a responsabilidade
Aceitando que é impossível perder aquilo que nunca se teve.
Thaylla Ferreira Cavalcante