Poesias Minha Mãe e Tudo o Mais
Minha Mãe
Gosto da inocência dela:
Benze crianças,
Faz simpatias,
Reza sorrindo,
Chora rezando.
Gosto da inocência dela:
Apanha rosas,
Poda os espinhos,
Coloca nas mãos,
De meninos branquinhos.
Gosto da inocência dela:
Conta histórias longas,
De negros perdidos,
Nas matas cerradas,
Dos chãos do país.
Ama a todo o mundo,
Diz que a ida à lua,
É conto de fada.
Gosto da inocência dela:
Crê na independência,
E é tanta a inocência,
Que até hoje ela pensa,
Que acabou a escravidão.
… Inocência dela…
Bicho-da-seda
Nascia
um belo dia,
emoção forte me causou vertigem,
mamei minha mãe na fonte
de leite fiz um verso virgem.
Dos rios mastiguei os córregos
dos sóis sorvi dourados bicos
tomei do alfabeto, os símbolos
com eles fiz um verso rico.
Mas, da primeira cobra
armada em botes,
aprendi as contorções molengas
tomei da angústia, vida fluída
ri um verso duro, capenga.
Sou hoje colheita descoberta
dos amores de auroras nas fazendas,
extração dos capitães de mato
e dos de Areia do Jorge.
Explico então:
o poeta é um bicho-de-seda...
que explode
ALTARES
Anos vão.
Construi e tenho no meu quarto
Numa cómoda velha de minha mãe,
Um santuário,
Tipo berçário,
Que acolhe alguns santos
Do reino que Deus tem.
Uns mais que outros, sacrossantos,
Para mim.
E assim,
Talvez pela memória
Feita só estória
De querer afastar medos e quebrantos
Em simples peças de barro,
Já em padecimentos de sarro.
E cada vez mais eu reparo
Que neste mundo às avessas,
A quem faltar fé ou faro
Baterá em portas travessas.
Ravessas, elas só se abrirão
Por senha ou pela beatice,
Sempre esta minha tolice
De não aceitar sermão.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 27-03-2023)
Minha mãe
Te flagrei passeando nas memórias e arrematei o cansaço do seu olhar. Sua juventude se rebuça através das rugas do tempo, esses pequenos rastros que os dias deixam para lembrar que a vida é transitória. Sorriso difícil, valioso, vigente para aqueles que te amam, tão expressivo quanto suas verdades. Você é céu aberto, é árvore frondosa, são raízes no meu chão, Provérbios para minha alma, Eclesiastes para minha vida.
Os lírios de minha mãe:
Quando novembro se aproxima.
Eles florescem.
Trazendo a paz.
A esperança.
É o jeito dela me mostrar.
Num carinho .
Que está sempre por perto.
Cuidando.
Protegendo.
Com amor.
Do Nascimento à Vida do Poeta -
Numa tarde quente de Abril
minha mãe levada a parto
sofreu venturas mil
ao parir-me nesse quarto.
Nasci em dia sem razão
dum porquê que me transcende
a Vida comeu-me o coração
como um verso que nos prende.
E assim no quarto escuro
da minha longa podridão
nasci velho prematuro
com mil facas na mão.
E na verdade que perdura
num presente que é ausência
meus olhos de loucura
eram filhos da demência.
E sentia um vazio
que não podia compensar
minha mãe que me traiu
deu-me à vida p'ra penar.
Havia em torno Primavera
mas em mim era Inverno
ter morrido, quem me dera,
estava longe deste Inferno!
E o Pai que nunca tive
foi carrasco do Poeta,
mas quem sofre e sobrevive,
se não morre, recupera ...
A esperança estava a meio
entre os dois que era eu
e a metade de estar cheio
foi a dor que não doeu!
É o amor exactidão
p'ró destino indisponivel
mas quem sabe se a razão
não liberta o impossivel!
E p'ró mistério de chegar
fui matando a paciência,
fui levado a deixar
tão cedo a inocência ...
Fui velho ao nascer
num sangrar até doer,
velho sou e hei-de ser
sempre velho até morrer!
A Culpa do Poeta -
Minha mãe eu sou poeta
num mundo sem sentido
a lágrima d'um Touro, (asceta)
que da manada está perdido ...
Não estou vivo nem estou morto!
Minha mãe que culpa tens?...
Não tens culpa deste aborto!
Diz-me ó morte quando vens!!...
Minha mãe de quem a culpa
se não é minha nem é tua?!
Quem me deu a triste luta
que m'enlouquece pela rua?!
Sou o grito d'um vulcão
que quer a terra prometida,
que mentira d'alcatrão
numa estrada à deriva!
Sou culpa e condenado,
assassino sem ter morto,
sou um preso não julgado
nas cadeias deste corpo.
E que culpa terei eu
de estar vivo num caixão?!
O destino quem mo deu
foi alguém sem coração ...
E que culpa tem a vida
deste gosto amargo e doce
que uma gente desconhecida
ao meu corpo sempre trouxe?!
Vou pegar o meu destino
como um touro em plena Praça!
Mas a Glória do bovino
é ser morto por ter raça!
Fecho os olhos, lembro a vida,
ai esquece-la quem me dera,
minha ânsia consumida
é só culpa do Poeta!
Uma vez perguntei ao meu pai pra ele me contar um pouco da história da minha mãe com ele. ele me disse que desde de que conheceu ela sempre foi apaixonado, perguntei a ele o porquê que não deram certo, e ele me disse que não era recíproco da parte dela. Um mês depois a minha mãe foi ver ele no hospital, pois ele queria se despedir dela antes de partir.
Ela me disse que ele falou pra ela que sempre esperou por ela, e que se não foi nessa vida que eles ficaram juntos, vai ser na próxima, pois sempre ele vai esperar por ela, por mais que demore vida após vida.
Ele morreu no dia seguinte.
Frente a uma Cruz -
Minha mãe quem é aquele
pregado e morto numa cruz?!
Aquele - meu filho - é Jesus!
Vê a triste imagem dele! ...
E quem é Jesus minha mãe?
É Deus que nos dá o trilho ...
E Deus? É Jesus também?!
Sim meu filho! Sim meu filho!
E porque está morto numa cruz?!
P'ra dizer que a morte não existe,
que o amor sempre persiste
e que das trevas se faz Luz!
Quero segui-lo minha mãe!
Vai meu filho, dá-lhe o coração,
segue o seu caminho, faz o bem,
vai p'lo mundo fora, destrói a solidão ...
Recordar é muito engraçado...
" ..e tem aquela outra....minha mãe, orientando aquela sua primogênita: minha filha, casamento a gente pede à São José, demora...mas ele só dá marido bom, ou então ele não dá. Santo Antonio, atende ligeirinho só prá se ver livre do peditório, dai ele manda o primeiro que passa a porta. A primogênita, não teve dúvida, apelou prá Santo Antonio e casou logo com o primeiro namorado..."
Haredita Angel -15.10.2013
(Não digo o nome dessa primogênita nem por Decreto.) kkkkkkkkkkkkk
Haredita Angel -15.10.2013
Escrevi um poema pra minha mãe há mais de 3 anos, e até hoje eu choro quando leio.
Principalmente quando chego na última estrofe, que aliás foi por onde comecei a escrever o poema.
Mania maluca minha que eu tinha, na época, de começar a escrever os poemas, contos etc pelo final, e aí só depois vinha na mente a ideia do início e do meio.
Eu poderia tentar, mas admito que dificilmente outra homenagem que eu fizesse chegaria no mesmo nível.
Fato é que o escritor "limita" o próprio potencial quando ele escreve de coração
E esse é um retrato fiel.
Te amo, mãe.
A minha mãe rezava,
malemal me lembro
O vento forte
Temporal
Frio
Chuva
Folhas perdidas...
A madeira da casa gemia
tremia em nós o anseio,
mamãe rezava;
Tenho certeza!
Raios luminosos
Insegurança escura
Mamãe tinha fé:
- Santidade,
no altar da minha saudade!
Saudades de tudo.
Da minha infância
Dos meus amigos que
se foram
De minha mãe
Do meu pai
dos momentos emocionantes
vividos...
Saudades dos momentos
que poderiam ter sido vividos
Infelizmente por algum motivo
Não puderam ser realizados.
Saudades dos beijos de amor que troquei
Saudades dos momentos íntimos que tivemos
Saudades dos momentos tristes que poderiam ter sido evitados.
Saudades dos momentos em que temos através de uma câmera
Saudades de quando tinha motivo para poder te ver
Mas é assim mesmo agradeço a Deus
Ter motivos para ter a saudade..
Obrigado por esse privilégio...
Viver !!
MÃE DO CÉU
Ó minha mãe do céu
Nossa senhora do amor
Com o terço na mão
Velai-me nesta noite
Do meu sentido cansaço
Protetora do meu silêncio
Embala o meu sono
E se a morte chegar minha mãe
Que eu não tenha medo
Amém
Natal....
Me sinto só...
Depois que minha mãe partiu, a família desuniu.
Cada um no seu canto.
Parece que as raízes se afrouxaram, não tem mas aquela terra firme. Ela era o esteio de toda a família.
Cada vez mais todos distantes, não importam mais quem restou.
Parece que o amor deles sessou.
Fico só filosofando sobre a vida.
Um vazio, um aperto, uma saudade.
Saudade dos tempos atrás, tempo esse que não volta jamais.
Uma lágrima caí do meu olhar.
Tantas lembranças de união!
Hoje os laços estão se afrouxando e a dor só aumentando.
Quem sabe além da vida, tem algo melhor pra acontecer. Pois aqui já não tem mais nada, só lembranças e saudades.
O jeito é seguir a vida, carregando recordações numa mala de emoções.
Liddy Viana.🌻✍️
Sinto falta quando minhas
respostas eram todas
respondidas pela minha mãe
Sinto falta do cansaço leve e
da preocupação rala
Quando a agonia era acalmada
por um abraço
Minha cabeça já não trabalha
com ideias mirabolantes e
sonhos impossíveis
Mas lembro
Tudo era tão claro e doce
O aperto não durava
O choque passava com um toque
de mão
Por isso,
Sinto falta de cheirar à
poeira, de olhar-me
no espelho e ver-me
Aqueles olhos insinuantes
Os cabelo bravos
A pele suja
E um sorriso
- Um sorriso que eu sinto a falta