Poesias Gilka Machado

Cerca de 10 poesias Gilka Machado

⁠Do meu coração me espanto!
O amor só me deu pesar,
como tendo amado tanto
tenho ainda amor para dar?!...

Almas e borboletas,
não fosse a tentação
das cousas rasas
pairaríamos nos cimos
seduzindo do alto,
admirando de Longe!...

Inserida por lucijordan

⁠Ser mulher, desejar outra alma pura e alada
para poder, com ela, o infinito transpor,
sentir a vida triste, insípida, isolada,
buscar um companheiro e encontrar um Senhor...
Ser mulher, calcular todo o infinito curto
para a larga expansão do desejado surto,
no ascenso espiritual aos perfeitos ideais...
Ser mulher, e oh! atroz, tantálica tristeza!
ficar na vida qual uma águia inerte, presa
nos pesados grilhões dos preceitos sociais!

Inserida por pensador

Lembranças

Teus retratos — figuras esmaecidas;
mostram pouco, muito pouco do que foste.
Tuas cartas — palavras em desgaste,
dizem menos, muito menos
do que outrora me diziam
teus silêncios afagantes...
Só o espelho da minha memória
conserva nítida, imutável
a projeção de tua formosura,
só nos folhos dos meus sentidos
pairam vívidas
em relevo
as frases que teu carinho
soube nelas imprimir.
Sou a urna funerária de tua beleza
que a saudade
embalsamou.
Quando chegar o meu instante derradeiro
só então, mais do que eu,
tu morrerás
em mim.⁠

Inserida por pensador

⁠Há certas almas
como as borboletas,
cuja fragilidade de asas
não resiste ao mais leve contato,
que deixam ficar pedaços
pelos dedos que as tocam.

Inserida por pensador

⁠Nunca digas com firmeza
que a mágoa apenas crucia:
a saudade é uma tristeza,
que nos dá tanta alegria!

Inserida por pensador

SAUDADE

De quem é esta saudade
que meus silêncios invade,
que de tão longe me vem?
De quem é esta saudade,
de quem?
Aquelas mãos só carícias,
Aqueles olhos de apelo,
aqueles lábios-desejo...
E estes dedos engelhados,
e este olhar de vã procura,
e esta boca sem um beijo...
De quem é esta saudade
que sinto quando me vejo?

(in Velha poesia, 1965)

Inserida por Siby

Ser mulher, e, oh! atroz, tantálica tristeza!
ficar na vida qual uma águia inerte, presa
nos pesados grilhões dos preceitos sociais!

(in “Cristais Partidos” 1915.)

Inserida por portalraizes

Saudades
De quem é esta saudade
que meus silêncios invade,
que de tão longe me vem?

(trecho in "Velha poesia", 1965.)

Inserida por portalraizes

"Amo o silêncio largo e lento/ porque ele é a voz mais verdadeira,/ é a voz do sentimento."

Inserida por danisegadilha