Poesias Flaubert

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Ser estúpido, egoísta e ter boa saúde, eis as condições ideais para se ser feliz. Mas se a primeira vos falta, tudo está perdido.

O autor na sua obra, deve ser como Deus no universo, presente em toda a parte, mas não visível em nenhuma.

A recordação é a esperança do avesso. Olha-se para o fundo do poço como se olhou para o alto da torre.

O amor é um modo de viver e de sentir. É um ponto de vista um pouco mais elevado, um pouco mais largo; nele descobrimos o infinito e horizontes sem limites.

À medida que nos elevamos na escala dos seres, a capacidade nervosa aumenta, ou seja, a capacidade de sofrer. Sofrer e pensar seriam então a mesma coisa?

A igualdade é a escravatura. É por isso que amo a arte. Aí, pelo menos, tudo é liberdade neste mundo de ficções.

Faz-se crítica quando não se pode fazer arte, como quem se torna delator quando não se pode ser soldado.

Cheguei à firme convicção de que a vaidade é a base de tudo, e de que finalmente o que chamamos de consciência é apenas a vaidade interior.

Por que nos conhecemos? Por que o acaso o quis? Foi porque através da distância, sem dúvida, como dois rios que correm a unir-se, nossas inclinações particulares nos impeliram um para o outro.

Era um dêsses sentimentos puros que não embaraçam a marcha da vida, que se conservam porque são raros, cuja perda ocasionaria dor maior que o regojizo da posse.

O encanto da novidade, caindo pouco a pouco com uma peça de roupa, punha a nu a eterna monotonia da paixão, que tem sempre as mesmas formas e a mesma linguagem.

Não desculpo de modo algum aos homens de ação que não vençam, uma vez que o êxito é a única medida do seu mérito.

A estupidez não está de um lado e o espírito do outro. É como o vício e a virtude; sagaz é quem os distingue.

A gente não escolhe o próprio assunto. Eis o que o público e os críticos não entendem. O segredo das obras-primas está nisso, na concordância do assunto com o temperamento do autor.

Há no mundo uma conjura geral e permanente contra duas coisas, a poesia e a liberdade; as pessoas de gosto encarregam-se de exterminar uma, tal como os agentes da ordem de perseguir a outra.

Entretanto, as chamas abrandaram-se, seja porque a provisão se esgotasse, seja porque a acumulação fosse muita. Extinguiu-se o amor, pouco a pouco, pela ausência; à saudade sucedeu o hábito; e aquele clarão de incêndio que lhe ruborizava o céu desmaiado se descobriu de mais sombra e desapareceu gradativamente.

...tinha essa inexprimível beleza que resulta da alegria, do entusiasmo, do êxito, e que nada mais é que a harmonia do temperamento com as circunstâncias. Os desejos, as tristezas, as experiências do prazer e as ilusões sempre novas, à maneira do que às flôres fazem o adubo, a chuva, os ventos e o sol, tinham-na desenvolvido gradativamente, e ela se desabrochava enfim em tôda a punjança de sua natureza.

Sentia necessidade de poder tirar das coisas uma espécie de proveito próprio, e repelir como inútil tudo aquilo que não contribuísse para a alegria imediata do coração, porque tinha um temperamento mais sentimental que artístico, procurando emoções e não paisagens.

Já não odiava ninguém: uma confusão de crepúsculo empenava-lhe o pensamento e, de todos os ruídos da terra, não ouvia senão o intermitente lamento de seu pobre coração, meigo e indistinto, como o último eco de uma sinfonia longínqua.

FRASE MARCANTE “Os momentos mais esplêndidos da vida não são os chamados dias de êxito, mas sim aqueles dias em que, saindo de desânimo e do desespero, sentimo-nos erguer-se dentro de nós um desafio: a vida e a promessa de futuras realizações”.